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Mostrar resultado da votação: Qual sua opinião sobre a obra de Nelson Rodrigues
Um gênio, um mito! 5 38.46%
Grande frasista mas todo o resto que fez são nada d+ 3 23.08%
Grande frasista mas todo o resto é um monte de merda 1 7.69%
Não gosto de nada ou quase nada que ele tenha feito 4 30.77%
Voters: 13. Você não pode participar dessa votação

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dbf
Trooper
 

Default Nelson Rodrigues 100 anos - vote

23-08-12, 12:36 #1
Se estivesse vivo hoje completaria 100 anos hoje


dane-se


eu sempre achei ele um otimo frasista e nada mais


tudo que vi ou ouvi falar que ele tenha feito p/ teatro/televisao eu achei uma completa bosta


o que você acha desse cara que a globo vive tentando impor como um mito





dbf is offline   Reply With Quote
DiE LuCiaNo
Trooper
 

Steam ID: luhdie
23-08-12, 12:38 #2
otimo frasista, mito brasileiro... mas no que ele eh top?

DiE LuCiaNo is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
23-08-12, 12:39 #3
bom, ele foi responsavel em deixar muitas atrizes peladas na tv e cinema "pela arte", tem seus meritos.

Jeep is offline   Reply With Quote
SigSnake
Trooper
 

23-08-12, 12:50 #4
Nelson Rodrigues rula tudo

SigSnake is offline   Reply With Quote
punisher
spkr
 

23-08-12, 12:55 #5
Alguém lista o que ele já fez aí vai...

punisher is offline   Reply With Quote
Chronos
Caldas
 

PSN ID: lschronos2 Steam ID: lschronos
23-08-12, 13:14 #6
(1)

Chronos is offline   Reply With Quote
tdf
 

Steam ID: tdf
23-08-12, 13:22 #7
se ele tivesse nascido na década de 80 seria o maior expoente de contos eróticos de autoria própria na interwebester

tdf is offline   Reply With Quote
Azarael
Trooper
 

Steam ID: azarael
23-08-12, 13:34 #8
Quote:
Postado por tdf Mostrar Post
se ele tivesse nascido na década de 80 seria o maior expoente de contos eróticos de autoria própria na interwebester
E pelo menos os contos não teriam tanto erro de português.

Azarael is offline   Reply With Quote
vegetous
Trooper
 

XFIRE ID: carniceiru
23-08-12, 14:48 #9
Quote:
Postado por tdf Mostrar Post
se ele tivesse nascido na década de 80 seria o maior expoente de contos eróticos de autoria própria na interwebester
em compensação se ele tivesse nascido na década de 90, sua maior obra teria 140 caracteres

vegetous is offline   Reply With Quote
seuboi
manboipig
 

Steam ID: seuboi
23-08-12, 15:05 #10
metade deles emoticons

seuboi is offline   Reply With Quote
Zedd
Trooper
 

23-08-12, 15:19 #11
Cara, vou te falar: grandes merdas
Li beijo no Asfalto, não achei grandes coisas, mas também... quem sou eu? Vai ver quem entende de teatro curte porque enxerga algo que eu não vejo

A pergunta é: foda-se?

Zedd is offline   Reply With Quote
Many Kalaveraa
The real (1)
 

XFIRE ID: Mannyy Steam ID: 76561197992661279
23-08-12, 17:45 #12
mandava bem

Many Kalaveraa is offline   Reply With Quote
clash
Trooper
 

23-08-12, 22:20 #13
Achar que Nelson Rodrigues é só putaria é muita alienação. Ele escreveu muita coisa foda, principalmente as crônicas.
Um bom exemplo é "À sombra das chuteiras imortais". Depois de ler, o futebol fica doze vezes mais bonito.

clash is offline   Reply With Quote
rapidiaum
maggots!
 

Gamertag: rapidiao Steam ID: rapidiaum
23-08-12, 23:01 #14
gostava das atrizes peladas no fim do fantastico
prontofalei

rapidiaum is offline   Reply With Quote
CroNicaL
Trooper
 

Steam ID: cron1cal
24-08-12, 10:25 #15
Um grande cara na arte do entretenimento

CroNicaL is offline   Reply With Quote
seuboi
manboipig
 

Steam ID: seuboi
24-08-12, 10:29 #16
Sitio do Pica Pau Amarelo e Os Lusíadas foram grandes obras dele, vale a pena ver tb rs

seuboi is offline   Reply With Quote
Sephiroth
Trooper
 

Gamertag: sephitoff PSN ID: alanpk
24-08-12, 10:31 #17
Quote:
Postado por Nelson Rodrigues


O rico e o pobre são duas pessoas.
O soldado protege os dois.
O operário trabalha pelos três.
O cidadão paga pelos quatro.
O vagabundo come pelos cinco.
O advogado rouba os seis.
O juiz condena os sete.
O médico mata os oito.
O coveiro enterra os nove.
O diabo leva os dez.
E a mulher engana os onze.

A análise de grupo é indesculpável. É a liquidação da mercadoria.

A burrice é a pior forma de loucura.

A burrice, nós sabemos, é um tipo de loucura dos mais desvairantes.

A cama é um móvel metafísico.

A companhia de um paulista é a pior forma de solidão.

A educação sexual só devia ser dada por um veterinário.

A Europa é uma burrice aparelhada de museus.

A família é o inferno de todos nós.

A fidelidade devia ser facultativa.

A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.

A grande tragédia da carne começou quando o homem separou o sexo do amor. Como não somos vira-latas, nem urramos no bosque, o sexo sem amor é um progressivo suicídio.

A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

A Igreja está ameaçada pelos padres de passeata, pelas freiras de minissaia e pelos cristãos sem Cristo. Hoje, qualquer coroinha contesta o Papa.

A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.

A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relações com o passado ficam alteradas.

A mulher não é inferior ao homem. Só o fato de ser mãe a torna superior. A mulher só se inferioriza quando, para imitar o homem, começa a dizer palavrões.

A olho nu, qualquer um percebe a ascensão social, econômica, política do idiota. Outro dia, passou por mim um automóvel das Mil e Uma Noites, sim, um desses Mercedes irreais, com cascata artificial e filhote de jacaré. Lá dentro, ia um idiota flamejante.

A peça para rir, com essa destinação específica, é tão obscena e idiota como o seria uma missa cômica.

A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença numerosa de um amigo real.

A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na antipessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento.

A solidão começou para o verdadeiro católico. Tomem nota: - ainda seremos o maior povo ex-católico do mundo.

A única coisa que me mantém de pé é a certeza da alma imortal. Eu me recuso a reduzir o ser humano à melancolia do cachorro atropelado.

A verdadeira apoteose é a vaia. Os admiradores corrompem.

A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos.

Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura.

Ai daquele que, num desafio suicida, tenta individualizar-se.

Ainda ontem dizia o Otto Lara Resende: - “O cinema é uma maneira fácil de ser intelectual sem ler e sem pensar”. Mas não só o cinema dá uma carteirinha de intelectual profundo. Também o socialismo. Sim, o socialismo é outra maneira facílima de ser intelectual sem ligar duas idéias.

Amar é ser fiel a quem nos trai.

Amigos, eis uma verdade eterna: - o passado sempre tem razão.

Antigamente, o defunto tinha domicílio. Ninguém o vestia às pressas, ninguém o despachava às escondidas. Permanecia em casa, dentro de um ambiente em que até os móveis eram cordiais e solidários. Armava-se a câmara-ardente num doce sala de jantar ou numa cálida sala de visitas, debaixo dos retratos dos outros mortos. Escancaravam-se todas as portas, todas as janelas; e esta casa iluminada podia sugerir, à distância, a idéia de um aniversário, de um casamento ou de um velório mesmo.

Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.

Aqui o branco não gosta do preto; e o preto também não gosta do preto.

As bodas de prata são, via de regra, uma festa cínica que finge comemorar um amor enterrado.

As cartas de Marx mostram que ele era imperialista, colonialista, racista, genocida, que queria a destruição dos povos miseráveis e “sem história”, os quais chama de “piolhentos”, de “anões”, de “suínos” e que não mereciam existir. Esse é o Marx de verdade, não o da nossa fantasia, não o do nosso delírio, mas o sem retoque, o Marx tragicamente autêntico.

As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado.

Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.

Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera.

Até o século XIX o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar um cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os “melhores” pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas.

Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.

Com o tempo e o uso, todas as palavras se degradam. Por exemplo: - liberdade. Outrora nobilíssima, passou por todas as objeções. Os regimes mais canalhas nascem e prosperam em nome da liberdade.

Como a nossa burguesia é marxista! E não só a alta burguesia. Por toda parte só esbarramos, só tropeçamos em marxistas. Um turista que por aqui passasse havia de anotar em seu caderninho: - “O Brasil tem 100 milhões de marxistas”.

Considero o filho único um monstro de circo de cavalinhos, um mártir, mártir do pai, mártir da mãe e mártir dessas circunstâncias. As famílias numerosas são muito mais normais, mais inteligentes e mais felizes.

Copacabana vive, por semana, sete domingos.

D. Helder já esqueceu tanto a letra do Hino Nacional quanto a da Ave-Maria. Prega a luta armada, a aliança do marxismo e do cristianismo. Se ele pegasse uma carabina e fosse para o mato, ou para o terreno baldio, dando tiros em todas as direções, como um Tom Mix, estaria arriscando a pele, assumindo uma responsabilidade trágica e eu não diria nada. Mas não faz isso e se protege com a batina. Sabe que um D. Helder sem batina, um D. Helder almofadinha, de paletó ou de terno da Ducal, não resistiria um segundo. Nem um cachorro vira-lata o seguiria.

D. Helder só olha o céu para saber se leva ou não o guarda-chuva.

Dá-me um certo cansaço, um certo tédio, ouvir que sou contra o jovem. Não sou contra ou a favor de ninguém, automaticamente. Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades. Naturalmente, o jovem tem o defeito salubérrimo da imaturidade.

Daqui a duzentos anos, os historiadores vão chamar este final de século de a mais cínica das épocas.

Desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e neurastênica.

Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.

Deus só freqüenta as igrejas vazias.

Diz o dr. Alceu que a Revolução Russa é “o maior acontecimento do século”. Como se engana o velho mestre! O “maior acontecimento do século” é o fracasso dessa mesma revolução.

Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.

É impossível ser ridículo dentro de uma Mercedes.

É impraticável a discussão política nobre. Sempre que pensa politicamente, o sujeito se desumaniza e desumaniza os problemas.

É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez.

Em muitos casos, a raiva contra o subdesenvolvimento é profissional. Uns morrem de fome, outros vivem dela, com generosa abundância.

Em nosso século, o 'grande homem' pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.

Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.

Entre o psicanalista e o doente, o mais perigoso é o psicanalista.

Esse mundo absolutamente nivelado, não seria justo. Porque o melhor, o mais inteligente, o mais capaz, merece mais. Deve ganhar mais. Agora deve haver o mínimo compatível com a dignidade humana, para todos, rigorosamente para todos.

Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.

Estou imaginando se, um dia, Jesus baixasse à Terra. Vejo Cristo caminhando pela rua do Ouvidor. De passagem, põe uma moeda no pires de um ceguinho. Finalmente, na esquina a Avenida, Jesus vê D. Helder. Corre para ele; estende-lhe a mão. D. Helder responde: - “Não tenho trocado!”. E passa adiante.

Eu acho que o jovem só pode ser levado a sério quando fica velho.

Eu amo a juventude como tal. O que eu abomino é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes “É proibido proibir” e carrega cartazes de Lenin, Mao, Guevara e Fidel, autores de proibições mais brutais.

Eu considero a ONU uma delinqüente da pior espécie.

Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral.

Eu sofro pressões incríveis. Todo mundo, a comunidade, exige que sejamos imbecis

Eu, como artista, se tivesse de escolher um epitáfio, optaria pelo seguinte: - “Aqui jaz Nelson Rodrigues, assassinado pelos imbecis de ambos os sexos”.

Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista

Geralmente, o puxa-saco dá um marido e tanto.

Gosto do cigarro que me queime a garganta. O fumo suave não passa de um ópio de gafieira.

Há homens que, por dinheiro, são capazes até de uma boa ação.

Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.

Havia, aqui, por toda parte, “amantes espirituais de Stalin”. Eram jornalistas, intelectuais, poetas, romancistas. Outros punham nas paredes retratos de Stalin. Era uma pederastia idealizada, utópica e fotográfica.

Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo.

Hoje, a primeira noite é a centésima, a qüinquagésima. O casamento já é uma rotina antes de começar.

Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural etc etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar publicamente: - “Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista. E mais: - considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata”.

Hoje, o sujeito prefere que lhe xinguem a mãe e não o chamem de reacionário.

Marx roubou-nos a vida eterna, a minha e a do Otto Lara Resende. Pois exigimos que ele nos devolva a nossa alma imortal.

Morder é tara? Tara é não morder.

Na minha obra está clara, transparente, uma violenta nostalgia da pureza.

Na mulher, certas idades constituem, digamos assim, um afrodisíaco eficacíssimo. Por exemplo:- quatorze anos!

Na velha Rússia, dizia um possesso dostoievskiano: - “Se Deus não existe tudo é permitido”. Hoje, a coisa não se coloca em termos sobrenaturais. Não mais. Tudo agora é permitido se houver uma ideologia.

Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.

Não acredito no teatro de denúncia porque acho meio esdrúxulo o autor, que manda nos personagens, que cria situações, injetar o próprio sentimento nos pobres-diabos que ele manipula.

Não admito censura nem de Jesus Cristo.

Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora!

Não há ninguém mais bobo do que um esquerdista sincero. Ele não sabe nada. Apenas aceita o que meia dúzia de imbecis lhe dão para dizer.

Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.

Não reparem que eu misture os tratamentos de “tu” e “você”. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.

Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.

Não sei se vale a pena viver num mundo que só sabe odiar. Mundo que está sofrendo uma monstruosa e espantosa castração espiritual.

Naquele momento instalou-se em mim uma certeza para sempre: a Opinião Pública é uma doente mental.

Nas velhas gerações, o brasileiro tinha sempre um soneto no bolso. Mas os tempos parnasianos já passaram. Hoje, ferozmente politizado, ele tem sempre à mão um comício.

No Brasil quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.

No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando.

No Brasil, só se é intelectual, artista, cineasta, arquiteto, ciclista ou mata-mosquito com a aquiescência, com o aval das esquerdas.

No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, se quiserem acreditar, vaia-se até mulher nua.

No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.

Nós sabemos que o sujeito mais livre do mundo é o leitor. Nada interfere no pudor, na exclusividade e na inocência de sua relação com a obra escrita. Está só, espantosamente só, com o soneto, o romance, o texto dramático. Já o espectador é o mais comprometido dos seres.

Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de “ilustre”, de “insigne”, de “formidável”, qualquer borra-botas.

Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.

Num casal, pior que o ódio, é a falta de amor.

Num casamento, o importante não é a esposa, é a sogra. Uma esposa limita-se a repetir as qualidades e os defeitos da própria mãe.

Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de gafieiras eternas.

Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.

O adulto não existe. O homem é o menino perene.

O amigo é um momento de eternidade.

O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira.

O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

O asmático é o único que não trai.

O biquíni é uma nudez pior do que a nudez.

O boteco é ressoante como uma concha marinha. Todas as vozes brasileiras passam por ele.

O brasileiro é um feriado.

O brasileiro não está preparado para ser “o maior do mundo” em coisa nenhuma. Ser “o maior do mundo” em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: - dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses.

O carioca é o único sujeito capaz de berrar confidências secretíssimas de uma calçada para outra calçada.

O carioca é um extrovertido ululante.

O casamento já é indissolúvel na véspera.

O dr. Alceu fala a toda hora na marcha irreversível para o socialismo. Afirma que a Revolução Russa também é irreversível. Em primeiro lugar, acho admirável a simplicidade com que o mestre administra a História, sem dar satisfações a ninguém, e muito menos à própria História. Não lhe faria mal nenhum um pouco mais de modéstia. De mais a mais, quem lhe disse que a Revolução Russa é irreversível?

O gordo só é cruel na mesa, diante do prato, com o guardanapo a pender-lhe do pescoço.

O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu.

O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: - um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.

O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!

O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho.

O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: - o da imaturidade.

O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca.

O mundo é a casa errada do homem. Um simples resfriado que a gente tem, um golpe de ar, provam que o mundo é um péssimo anfitrião. O mundo não quer nada com o homem, daí as chuvas, o calor, as enchentes e toda sorte de problemas que o homem encontra para a sua acomodação, que aliás, nunca se verificou. O homem deveria ter nascido no Paraíso.

O mundo só pode ser dos que têm razão. Mas a razão é todo um maravilhoso esforço, toda uma dilacerada paciência, toda uma santidade conquistada, toda uma desesperada lucidez.

O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.

O ônibus apinhado é o túmulo do pudor.

O Otto Lara está certo. O mineiro só é solidário no câncer.

O ouvinte só é respeitoso quando não está entendendo nada.

O padre de passeata é hoje, uma ordem tão definida, tão caracterizada como a dos beneditinos, dos franciscanos, dos dominicanos e qualquer outra. E está a serviço do ódio.

O palavrão está corrompido pelas mulheres.

O pior cego é o surdo. Tirem o som de uma paisagem e não haverá mais paisagem.

O pobre, para sobreviver, precisa da pornografia.

O povo é um débil mental. Digo isso sem nenhuma crueldade. Foi sempre assim e assim será, eternamente.

O presidente que deixa o poder passa a ser, automaticamente, um chato.

O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro.

O que se está fazendo aqui é uma música popular brasileira que não é popular, nem brasileira e vou além: - nem música.

O ser humano está mais para Lucho Gatica do que para Paul Valéry.

O sujeito que lê ou ouve um esquerdista, leu e ouviu todos os esquerdistas.

O tempo das passeatas acabou, mas o padre de passeata continua, inexpugnável no seu terno da Ducal e vibrando, como um estandarte, um Cristo também de passeata.

O trágico na amizade é o dilacerado abismo da convivência.

O verdadeiro Cristo? É o Cristo verdadeiro. O falso cristo é o cristo dos padres de passeata. Há um cristo de passeata que é mais falso do que Judas. É a igreja dos padres de passeata. Eu sou cristão, mas não me venham falsificar Cristo como uísque nacional.

Os ‘compreensivos’ frustram a juventude em sua rebeldia.

Os jardins de Burle Marx não têm flores. Têm gramados e não flores. Mas para que grama, se não somos cabras?

Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.

Os padres exigem o fim do celibato. Portanto, odeiam a castidade. Imaginem um movimento de meretrizes a favor da castidade. Pois tal movimento não me espantaria mais do que o motim dos padres contra a própria.

Os padres querem casar. Mas quem trai um celibato de 2 mil anos há de trair um casamento em quinze dias.

Os que choram pouco, ou não choram nunca, acabarão apodrecendo em vida.

Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

Outro dia ouvi um pai dizer, radiante: - “Eu vi pílulas anticoncepcionais na bolsa da minha filha de doze anos!”. Estava satisfeito, com o olho rútilo. Veja você que paspalhão!

Outrora, o remador de Bem-Hur era um escravo, mas furioso. Remava as 24 horas por dia, porque não havia outro remédio e por causa das chicotadas. Mas, se pudesse, botaria formicida no café dos tiranos. Em nosso tempo, o socialismo inventou outra forma de escravidão: - a escravidão consentida e até agradecida.

Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: - ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.

Qualquer indivíduo é mais importante que toda a Via Láctea.

Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.

Qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado.

Quando os amigos deixam de jantar com os amigos [por causa da ideologia], é porque o país está maduro para a carnificina.

Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar.

Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa.

Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: - não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.

Se o homem não fosse eterno ou não tivesse uma alma eterna, não tivesse garantido a sua eternidade, esse homem andaria de quatro. Toda manhã saía de quatro, ferrado, aí pela rua, e montado por um dragão de Pedro Américo.

Sexo é para operário.

Sexta-feira é o dia em que a virtude prevarica.

Só acredito em Deus. É algo de tão vivo, de visível, tangível, algo que podemos beijar.

Só acredito na bondade que ri. Todo santo devia ser jucundo como um abade da Brahma.

Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam.

Só Deus sabe que fiz o diabo para ser amigo do nosso Tristão de Athayde. Durante cinco anos, telefonei-lhe em cada véspera de Natal: - “Sou eu, dr. Alce. Vim desejar-lhe um maravilhoso Natal para si e para os seus” etc etc. Tudo inútil. O dr. Alceu trancou-me o coração. Até que, na última vez, disse algo que, para mim, foi uma paulada: - “Ah, Nelson! Você aí, nessa lama!”. O mestre insinuara que a minha alma é um mangue, um pântano, um lamaçal. E, por certo, ao sair do telefone, foi se vacinar contra o tifo, a malária e a febre amarela que vivo a exalar. Pois é o que nos separa eternamente, a mim e ao dr. Alceu: - de um lado, a minha lama, e , de outro, a sua luz.

Só há uma tosse admissível: - a nossa.

Só os profetas enxergam o óbvio.

Sou contra a pílula, e ainda mais contra a ciência que a inventou; a saúde pública que a permite; e o amor que a toma.

Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.

Sou um pobre nato e, repito, um pobre vocacional. Ainda hoje o luxo, a ostentação, a jóia, me confundem e me ofendem.

Tão parecidos, Stalin e Hitler, tão gêmeos, tão construídos de ódio. Ninguém mais Stalin do que Hitler, ninguém mais Hitler do que Stalin.

Toda autocrítica tem a imodéstia de um necrológio redigido pelo próprio defunto.

Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

Toda família tem um momento em que começa a apodrecer. Pode ser a família mais decente, mais digna do mundo. Lá um dia aparece um tio pederasta, uma irmã lésbica, um pai ladrão, um cunhado louco. Tudo ao mesmo tempo.

Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma.

Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.

Toda mulher gosta de apanhar.

Toda mulher gosta de apanhar. O homem é que não gosta de bater.

Toda unanimidade é burra.

Todas as mulheres deveriam ter catorze anos.

Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.

Todo óbvio é ululante.

Todo tímido é candidato a um crime sexual.

Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhores que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.

Uma dor de viúva dura 48 horas.

Uma virtude do desenvolvido que desponta no brasileiro é o hábito do psicanalista. Sabe-se que a angústia é, se me permitem a metáfora, a flor do lazer, a jóia da ociosidade. Para ser um bom neurótico, o sujeito precisa de tempo e, além disso e obviamente, dinheiro.

Veja o Brasil. Isso estava caminhando para uma fulminante cubanização. E, então, os militares tiveram uma função histórica... Isso aqui ia virar o caos, ia ser um mar de sangue.

Vocês se lembram da fotografia de Stalin e Ribbentropp assinando o pacto nazi-comunista. Ninguém pode esquecer o riso recíproco e obsceno. Se faltou alguém em Nuremberg - foi Stalin.
mito
o mais ilustre dos tricolores

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