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Kamikaze-Vesgo
Trooper
 

Default Educação dos Filhos.

15-10-19, 12:47 #1
Aos papais da DS.

Que metodologia vocês utilizam no dia a dia de vocês com os seus filhos que dão resultados positivos, e o que deu errado?


Meu filho esta com 5 anos e tem dia que o bicho ta foda.

Agora esta com mania de roer as unhas e passar a língua na boca acima dos lábios. Ele esta começando um trabalho com a psicóloga e também passei a dizer menos não para ele, toda vez que ele quer fazer algo que não pode procuro tentar achar outra alternativa, mas depois que começa a mania leva um tempo para largar, mas devagarzinho esta dando resultado.

Esse ano também mudei para um condomínio de casas sai do apartamento então ele tem mais liberdade e mudou para um escola maior com mais espaço e mais amigos para fazer amizade.

E vocês?

que experiência tiveram?





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Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
15-10-19, 13:37 #2
sem filhos, mas no papel de tio devo dizer que "essa idade é foda mesmo", sendo idade um numero bem amplo

Jeep is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

15-10-19, 19:18 #3
Eu sou médico psiquiatra ( sem crm graças ao brunorei ) e tenho 2 pós graduações em psicoterapia, terapia cognitivo comportamental e terapia cognitivo focada em esquemas. Essa última lida muito com o crescimento, infância e formação da personalidade. Possui muita influência da teoria do apego do Bowlby.

Nesse sentido sou fã desses dois autores atuais:
Daniel J. Siegel
Tina Payne Bryson


Eu li os dois últimos livros deles, no drama discipline e the yes brain. Previamente eles tem o the whole brain child ( deixei os nomes em ingles pq faz mais sentido mas os links deixei pra pt-br )

Digo que fiquei positivamente assustado com a qualidade dos 2 livros que li. Além de estarem atualizados com o que há de melhor nos dias atuais sobre psicologia infantil e técnicas de criação dos filhos ainda fazem sempre uma correlação com a biologia e estruturas neuronais e maturação do sistema nervoso central. Conseguem fazer tudo se conectar com lógica e de forma simples de se entender.

Eu recomendo demais esses livros pra qq um. Mesmo q não seja pai. Pois explica muito sobre a construção emocional do ser humano. Você pode utilizar com adultos nas suas relações interpessoais sem problema algum.

Eu chuto que qualquer dificuldade que você possa estar tendo com o filho se deve a não estar dando acolhimento às emoções dele. O que não significa ser complacente ou ceder...

O exemplo que sempre dou aos meus pacientes ao falar sobre isso é:

Imagine que seu filho está brincando no parque e chegou a hora de ir embora. Ele fala q não quer ir, começa a chorar e dar escândalo.

Hoje em dia os pais tendem a falar: tá bom, ficamos mais, só pare de chorar.

Antigamente era: nós vamos embora sim, e engole o choro se não eu vou te dar motivo pra chorar de verdade.

Hoje o que se ensina é:

Olha filho, eu entendo que você queria ficar brincando. Brincar no parque é muito legal. Eu no seu lugar também não iria querer ir embora. Mas chegou a hora e nós vamos embora. Eu sei que é frustrante e se você quiser chorar não tem problema. Eu entendo. Mas nós vamos embora agora.

Então você é firme na orientação e atitude. Mas acolhedor na emoção.


Outra dica é sempre entender que quando seu filho está dando show o que na verdade ele está comunicando é: eu não tenho as habilidades necessárias para lidar com essa situação e por não saber estou chorando e bravo.

Isso te tira de uma posição de braveza e de culpá-lo para uma posição de compaixão e de ensiná-lo a lidar com a frustrações e situações da vida...


Enfim, é um tema q gosto muito. Se quiser vai perguntando aí.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
drakiN
Trooper
 

Steam ID: drakiN
15-10-19, 21:00 #4
Boa Evil.

Tenho uma filha de 3 e... está foda também.
Fica muito tempo com a avó/tia que incentivam muito a parte do "pode tudo". Daí quando chega em casa é um puta de um berreiro porque aqui a gente tenta delimitar certas coisas.

Lerei esse "disciplina sem drama". Vamos ver!

drakiN is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
15-10-19, 21:38 #5
Sem CRM por causa do brunorei? Como assim?

Não sou pai mas sou professor. Lido com crianças e adolescentes o dia todo e todos os dias.

E pelo que andam discutindo é basicamente isso. É necessário argumentos, firmeza e ROTINA. Crianças exigem rotina. Então tente criar um padrão que ele consiga compreender que aquela hora é hora pra x coisa . Não estou dizendo q ele precisa de atividade 100% do tempo. Muito pelo contrário. Ele precisa é de períodos (longos) de tédio e ócio, pra ajudar a desenvolver criatividade. O ócio é excelente pra desenvolver a criatividade. E é na rotina que ele começa a compreender alguns limites e disciplina.

Tudo isso é da minha pequena experiência como educador.

Boa sorte

Zigfried is offline   Reply With Quote
Soul
Trooper
 

Gamertag: Soul AND
15-10-19, 22:24 #6
meu filho é da paz... tem 4 anos... mais um enzo, se eu tiver outro será enzo II aehehe

mas enfim, como disse, meu filho é bem de boa, ele ja superou todos em casa em inteligência, então consigo conversar com ele como se fosse um adulto, ele aceita as cosias, basta falar com clareza com ele... toda criança tem fases ruins, mas no geral elas parecem se repetir..

eu sou meio de boa com as coisas, ele chora e ele falo com calma e pergunto qual o problema e falo q se ele não escutar o que vou dizer e não ficar sem chorar ele não vai revolver nada, dai ele para e fala...
"o que pai? pode falar"

daí fico falando com ele uns 5 minutos e logo ele esquece pq estava chorando. e vai brincar...

duas coisas q tenho problemas por aqui... eu acho q ele usa muito celular... eu to tentando tirar isso dele... as vezes ele ta usando e eu falo pra ele dar um tempinho ele diz não, ai eu seguro ele e pego o celular... e começo a conversar e ele meio q deixa pra la... pq na verdade o celular é mais pra suprir a necessidade de companhia..

mas logico isso é minha humilde opinião, além do mais não consigo fazer isso toda hora, pq trabalho e sempre chego meio tarde... mas quando da vejo que funciona...

a segunda coisa é banho, ele ta tentando se transformar em um porco lobismenino... mas depois de muita luta q ele entra no banho, não quer sair de maneira nenhuma...

ele fica muito com a avó e com a mae... não rola muita regras.. mas ele é tranquilo e basta conversar que ele faz meio de boa as cosias, menos o tal banho
eaeheheh

é isso...

Soul is offline   Reply With Quote
Kensha
Trooper
 

Gamertag: ksnrodrigoms PSN ID: rodrigo_machado
16-10-19, 05:42 #7
Uma crianca de 4 anos superou a inteligencia de todos na casa? Eh serio isso?

Kensha is offline   Reply With Quote
Blazed
Trooper
 

16-10-19, 09:09 #8
Quote:
Postado por Zigfried Mostrar Post
Sem CRM por causa do brunorei? Como assim?
é uma brincadeira por causa de um post antigo dele.

Blazed is offline   Reply With Quote
Kovsky
Trooper
 

16-10-19, 11:16 #9
Meu filho vai fazer 3 anos.

Percebo que ele entende melhor quando é mais simples.
Por exemplo, não pode subir na mesa que é vidro ela pode virar e cair. não pode subir no mesa porque o papai nao deixa.

Quando ele está chorando mesmo, não adianta falar nada, ele não escuta. Entao dar atencao, pegar no colo, esperar acalmar sozinho, o que demora bastante, depois conversar.

Tem uma tatica de deixar a criança escolher para ele sentir no controle da situação, tipo assim: criança nao quer tomar banho, mas ela vai. Entao deixa a criança escolher qual brinquedo vai levar pro banho, ela se sente no controle da situação, ela ta escolhendo.

A ideia do castigo evoluiu para consequencia. Quando ta fazendo uma coisa errada eu aviso que se continuar vai ter uma consequencia. A palavra consequencia ja tem todo o sentido pro meu filho. Se insistir eu tiro alguma coisa que ele gosta, é a consequencia. Tipo nao vai ver tv, nao vai brincar com esse brinquedo. A consequencia precisa ser longa, ele pede varias vezes para fazer o que ta proibido como consequencia, cada vez que ele pede eu explico que nao pode por causa do comportamento errado.

Kovsky is offline   Reply With Quote
Kamikaze-Vesgo
Trooper
 

16-10-19, 12:11 #10
Legal ver a segunda geração da DS esta crescendo.

@EviLBraiN depois vou dar uma olhada nesses livros, valeu a dica!!

Kamikaze-Vesgo is offline   Reply With Quote
Soul
Trooper
 

Gamertag: Soul AND
16-10-19, 16:38 #11
Quote:
Postado por Kensha Mostrar Post
Uma crianca de 4 anos superou a inteligencia de todos na casa? Eh serio isso?
claro sim, por sinal eu que escrevi esse post..
ja dominei a mente dos meus pais e agora farei isso com o resto do mundo

aahahahhahahahahaahahhahaha


...

so quis dizer q ele é muito inteligente pra idade.. e que parece uma criança adulta, sei la como explica... isso desde de sempre...

muito explicado com as frases e aprendeu a conversar cedo, não apenas a falar... se é que da pra entender...

mas creio que no geral é que ele é tranquilo, nunca foi chorão ou birrento... sempre deu pra levar na conversa ...

Soul is offline   Reply With Quote
Chronos
Caldas
 

PSN ID: lschronos2 Steam ID: lschronos
16-10-19, 17:23 #12
Quote:
Postado por Kovsky Mostrar Post
Meu filho vai fazer 3 anos.

Percebo que ele entende melhor quando é mais simples.
Por exemplo, não pode subir na mesa que é vidro ela pode virar e cair. não pode subir no mesa porque o papai nao deixa.

Quando ele está chorando mesmo, não adianta falar nada, ele não escuta. Entao dar atencao, pegar no colo, esperar acalmar sozinho, o que demora bastante, depois conversar.

Tem uma tatica de deixar a criança escolher para ele sentir no controle da situação, tipo assim: criança nao quer tomar banho, mas ela vai. Entao deixa a criança escolher qual brinquedo vai levar pro banho, ela se sente no controle da situação, ela ta escolhendo.

A ideia do castigo evoluiu para consequencia. Quando ta fazendo uma coisa errada eu aviso que se continuar vai ter uma consequencia. A palavra consequencia ja tem todo o sentido pro meu filho. Se insistir eu tiro alguma coisa que ele gosta, é a consequencia. Tipo nao vai ver tv, nao vai brincar com esse brinquedo. A consequencia precisa ser longa, ele pede varias vezes para fazer o que ta proibido como consequencia, cada vez que ele pede eu explico que nao pode por causa do comportamento errado.
Achei muito foda essa evolução do conceito castigo para o de consequência.

Quote:
Postado por EviLBraiN Mostrar Post
Eu sou médico psiquiatra ( sem crm graças ao brunorei ) e tenho 2 pós graduações em psicoterapia, terapia cognitivo comportamental e terapia cognitivo focada em esquemas. Essa última lida muito com o crescimento, infância e formação da personalidade. Possui muita influência da teoria do apego do Bowlby.

Nesse sentido sou fã desses dois autores atuais:
Daniel J. Siegel
Tina Payne Bryson


Eu li os dois últimos livros deles, no drama discipline e the yes brain. Previamente eles tem o the whole brain child ( deixei os nomes em ingles pq faz mais sentido mas os links deixei pra pt-br )

Digo que fiquei positivamente assustado com a qualidade dos 2 livros que li. Além de estarem atualizados com o que há de melhor nos dias atuais sobre psicologia infantil e técnicas de criação dos filhos ainda fazem sempre uma correlação com a biologia e estruturas neuronais e maturação do sistema nervoso central. Conseguem fazer tudo se conectar com lógica e de forma simples de se entender.

Eu recomendo demais esses livros pra qq um. Mesmo q não seja pai. Pois explica muito sobre a construção emocional do ser humano. Você pode utilizar com adultos nas suas relações interpessoais sem problema algum.

Eu chuto que qualquer dificuldade que você possa estar tendo com o filho se deve a não estar dando acolhimento às emoções dele. O que não significa ser complacente ou ceder...

O exemplo que sempre dou aos meus pacientes ao falar sobre isso é:

Imagine que seu filho está brincando no parque e chegou a hora de ir embora. Ele fala q não quer ir, começa a chorar e dar escândalo.

Hoje em dia os pais tendem a falar: tá bom, ficamos mais, só pare de chorar.

Antigamente era: nós vamos embora sim, e engole o choro se não eu vou te dar motivo pra chorar de verdade.

Hoje o que se ensina é:

Olha filho, eu entendo que você queria ficar brincando. Brincar no parque é muito legal. Eu no seu lugar também não iria querer ir embora. Mas chegou a hora e nós vamos embora. Eu sei que é frustrante e se você quiser chorar não tem problema. Eu entendo. Mas nós vamos embora agora.

Então você é firme na orientação e atitude. Mas acolhedor na emoção.


Outra dica é sempre entender que quando seu filho está dando show o que na verdade ele está comunicando é: eu não tenho as habilidades necessárias para lidar com essa situação e por não saber estou chorando e bravo.

Isso te tira de uma posição de braveza e de culpá-lo para uma posição de compaixão e de ensiná-lo a lidar com a frustrações e situações da vida...


Enfim, é um tema q gosto muito. Se quiser vai perguntando aí.
Fantástico post, Evil! Muito do que você falou aí me remeteu à Comunicação Não Violenta, que eu tenho lido sobre e achado muito interessante.

Citando um dos comentários sobre esse livro:
Quote:
O livro trata-se de uma teoria com bases psicológicas desenvolvida pelo psicólogo Marshall B. Rosenberg, o próprio autor. Durante a leitura caminha-se para o entendimento a respeito das "técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais"
Recomendo muito a leitura:
https://www.skoob.com.br/comunicacao...90ed41253.html

Chronos is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
17-10-19, 13:21 #13
Enzo sempre foi tranquilo, sempre foi da paz, nunca me deu trabalho. Este ano, porém, a coisa está um pouco mais complicada. Aumentaram as festas, começou a beber mais do que deve e sem "saber beber", fez merda no Carnaval, depois fez merda numa festa, agora fez merda mais recentemente e eu não estou sabendo muito bem como lidar com a situação. Nunca fui de bater, este ano já soltei o braço nele duas vezes... e não sei dizer se me arrependo ou não, pra falar a verdade, no momento foi tudo tão caótico que não pensei direito. Mas essa idade dos 15~16 está sendo muito mais desafiadora do que eu imaginei que seria, especialmente pelo fato dele sempre ter sido tão "cabeça" para a idade.

night is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
17-10-19, 13:24 #14
Ah! Eu nunca fui atrás de leituras sobre "métodos de criação de filhos", a coisa sempre aconteceu de uma maneira muito natural. Minha ex-esposa e eu sempre conversamos muito tanto com ele quanto entre a gente pra decidir o que era melhor e como fazer. E nunca tivemos problemas. Inclusive durante o período da nossa separação, que ocorreu há quase quatro anos, o Enzo se mostrou muito sensato, compreensivo... chegamos a levar na psicóloga, mas poucas sessões, porque não era mesmo necessário. Agora com essa idade de "vidaloka" que está ficando mais complicado porque ele passou a afrontar, ficar mais agressivo, ter opiniões radicais e não saber ouvir. Enfim... à medida que for me lembrando e/ou que for vivendo novas experiências vou postando aqui. Muito interessante essa discussão. Acho que eu fui um dos primeiros aqui do fórum a ter filho, então... já vão se preparando para o futuro também! Haha...

night is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
17-10-19, 15:37 #15
Quote:
Postado por night Mostrar Post
já vão se preparando para o futuro também! Haha...
eu lembro de um post seu dando os orcamentos "mini, medio e alto" de gastos com crianca pequena, nao lembro dos valores, so da minha sensacao "caraiiiiii!"

Jeep is offline   Reply With Quote
Soul
Trooper
 

Gamertag: Soul AND
17-10-19, 16:27 #16
Quote:
Postado por night Mostrar Post
já vão se preparando para o futuro também! Haha...
--> sentado com o cu na mão esperando <--

...

eu sempre quis uma filha, mas veio o enzo... no inicio ainda na gestação eu achei que sendo menina, ela seria mais carinhosa e que isso seria "melhor" pra mim... eu não consigo explicar muito bem isso, um sentimento diferente, mas veio o enzo..

ele é super carinho e eu sou bem carente, então é super legal quando ele chega do nada quando to deitado e senta do lado e segura minha cabeça e fala "te amo papai"..

hoje minha maior preocupação é ele não gostar de mim no futuro, muita cosia ainda vai acontecer, eu tento ser o mais justo possivel, cortar quando precisa e dar quando não ha problema...

tento sempre falar as coisas pra ele, q não se resolve com choro ou que não se pode ter tudo no exato momento que se deseja, tem q merecer e essas coisas... fazer trocas justas, sempre mostrando o valor das cosias...

acho que essa fase que vc ta passando deve ser dificil... pois existem muitas influencias externas.. e isso atrapalha a criação, mas por outro lado faz parte do processo de se desligar e ser independente... espero ter maturidade pra enfrentar isso num futuro não muito distante,

Soul is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

17-10-19, 22:01 #17
Quote:
Postado por night Mostrar Post
Ah! Eu nunca fui atrás de leituras sobre "métodos de criação de filhos", a coisa sempre aconteceu de uma maneira muito natural. Minha ex-esposa e eu sempre conversamos muito tanto com ele quanto entre a gente pra decidir o que era melhor e como fazer. E nunca tivemos problemas. Inclusive durante o período da nossa separação, que ocorreu há quase quatro anos, o Enzo se mostrou muito sensato, compreensivo... chegamos a levar na psicóloga, mas poucas sessões, porque não era mesmo necessário. Agora com essa idade de "vidaloka" que está ficando mais complicado porque ele passou a afrontar, ficar mais agressivo, ter opiniões radicais e não saber ouvir. Enfim... à medida que for me lembrando e/ou que for vivendo novas experiências vou postando aqui. Muito interessante essa discussão. Acho que eu fui um dos primeiros aqui do fórum a ter filho, então... já vão se preparando para o futuro também! Haha...
night, minha experiência com filhos, até o momento, é zero. Mas tem uma coisa que a minha mãe ressalta e eu concordo com ela: a questão das amizades.

Eu me lembro que nessa época quando algum de nós ia fazer alguma merda tinha pelo menos outro para impedir (ou ajudar quando a merda já estava feita).

Na minha mais absoluta ignorância de paternidade, te dou a ideia de procurar saber quem são as companhias do Enzo e se tem algo errado com elas.

Baron is offline   Reply With Quote
gusto
Trooper
 

18-10-19, 08:47 #18

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marconds
PHD em Dota 2
 

18-10-19, 16:15 #19
Cara, excelente o tópico.

Eu tenho uma menina de 5 anos, e tenho muito orgulho dela. Esses dias abri uma espumante e comemorei com minha mulher porque consideramos o comportamento dela excepcional e nos demos méritos pela criação até então. Sabemos que muito é da personalidade dela, mas comemoramos o fato de estar dando tudo certo. Ela é inteligente, compreensiva, carinhosa, obediente, criativa, comunicativa, curiosa. Uma excelente filha, já sabe ler e escrever com 5 anos, inclusive muitas coisas em inglês.

Ela tem um único 'probleminha' que é a sensibilidade. Qualquer fala mais firme com ela, ela chora. Não gosta de ser repreendida e sinceramente, raramente ela precisa ser, é muito comportada mesmo. Não mexe no que não deve, faz os trabalhos da escola, faz as atividades que propomos, mas sempre respeitamos as vontades dela e ela respeita as nossas. Ela entende que precisa de limites e raramente os desafia (pra não dizer nunca). Sempre explicamos os motivos dos limites e ela sempre recebe respostas verdadeiras (mesmo que simplificadas) sobre as perguntas.

Há coisas que não há como mudar, por exemplo, ela é muito ansiosa e agitada (herdou isso de mim), então aceitamos por exemplo que ela assista algo na tv e fique dando pulinhos e trocando de posição a cada 20 segundos. Ela levou tapa no bumbum uma ou duas vezes só, sinceramente nem me lembro o motivo, mas tenho certeza absoluta que não foi por frustração minha. Aliás, tem algo que cuido MUITO, que é o de tentar educar ela sem palmada.

Eu apanhei muito quando era criança, mas acredito que aos meus pais faltou recursos, e recorriam ao que sofreram e ao que achavam que funcionava mas muitas vezes eu apanhei por irritação/raiva/frustração. Então cuido muito pra que isso não ocorra comigo. Até hoje não ocorreu. Eu sequer grito com ela por irritação/frustração por ela desobedecer. Tento entender o porque de ela não estar obedecendo e converso para explicar por que ela não deve fazer de novo e as consequências de fazer errado.

Enfim, eu acredito que não há receita de bolo, mas alguns princípios que a gente deve seguir de mútuo respeito e comunicação que fazem tudo dar certo. E me desculpem a falta de modéstia, mas eu estou muito orgulhoso mesmo pela minha filhota

marconds is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
18-10-19, 19:28 #20
Sinto até um arrepio na espinha qdo leio algo assim.

Nao leve pro lado pessoal, não quero dizer que é seu caso, mas tem mto caso na Educação de pais completamente cegos. É extremamente comum. Tão comum que ta aí um dos pontos que me assusta muito em virar pai. Não ter a real dimensão do meu filho é.

Depois, com tempo, conto alguns casos dos absurdos que acontecem nas escolas e os pais simplesmente ignoram por pura cegueira ou egocentrismo.

O legal de trabalhar com educação é que temos uma visão privilegiada sobre seus filhos. O que eles são e mostram na escola, nenhum pai nunca vai ver. Vemos o verdadeiro espectro dele.

Zigfried is offline   Reply With Quote
ragauskas
Trooper
 

Steam ID: ragauskas
18-10-19, 21:04 #21
nao sei ainda, mas o meu ta no forninho!! novo DS dad coming on board em abril do ano que vem!!!

ragauskas is offline   Reply With Quote
Potato
Trooper
 

Steam ID: guilhermeaiki
18-10-19, 22:36 #22
[MENTION=110]EviLBraiN[/MENTION]; Tks pelas indicações =)
Acabei de comprar o Whole Brain =)

Potato is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
19-10-19, 08:01 #23
Quote:
Postado por ragauskas Mostrar Post
nao sei ainda, mas o meu ta no forninho!! novo DS dad coming on board em abril do ano que vem!!!
congratz!

Jeep is offline   Reply With Quote
SapoChule
Trooper
 

21-10-19, 02:34 #24
mandei o segundo e a dica é chamar pro 1x1, e quem perder toma banho primeiro

SapoChule is offline   Reply With Quote
Chronos
Caldas
 

PSN ID: lschronos2 Steam ID: lschronos
21-10-19, 11:22 #25
Parabéns, [MENTION=473]ragauskas[/MENTION];

Chronos is offline   Reply With Quote
SyncMaster
Trooper
 

Gamertag: CRCANDIDO
21-10-19, 14:32 #26
Cara, eu me sinto um privilegiado quando vejo outras crianças nos lugares e quando leio relatos como os de alguns de vocês.

Eu nunca tive problema com a minha filha.

Nunca bati, só gritei uma vez e na hora certa.

Ela é uma criança espontânea, inteligente, autoconfiante, com autoestima... estamos trabalhando apenas uma timidez exagerada dela, que acontece SOMENTE com desconhecidos. Tipo, amigos meus e da mãe dela que ela está vendo pela primeira vez.

Achei super interessante o que o EvilBrain falou sobre ACOLHIMENTO DE EMOÇÃO.

Minha filha é uma pessoa super calma. Nunca fez manha. Juro... nunca. Se fez foram uma ou duas vezes que nem consigo lembrar. E eu acredito que isso seja o resultado de um processo, ou seja: ela nunca foi deixada chorando, nunca foi deixada falando sozinha, sempre teve EXTREMA atenção da nossa parte, enfim, ela sabe que estamos aqui para tudo e não precisa compensar nenhuma ausência com comportamentos "diferentes". Não tenho linguajar técnico para explicar isso, mas é isso, kkkkk.

SyncMaster is offline   Reply With Quote
SyncMaster
Trooper
 

Gamertag: CRCANDIDO
21-10-19, 14:37 #27
Quote:
Postado por marconds Mostrar Post
Cara, excelente o tópico.

Eu tenho uma menina de 5 anos, e tenho muito orgulho dela. Esses dias abri uma espumante e comemorei com minha mulher porque consideramos o comportamento dela excepcional e nos demos méritos pela criação até então. Sabemos que muito é da personalidade dela, mas comemoramos o fato de estar dando tudo certo. Ela é inteligente, compreensiva, carinhosa, obediente, criativa, comunicativa, curiosa. Uma excelente filha, já sabe ler e escrever com 5 anos, inclusive muitas coisas em inglês.

Ela tem um único 'probleminha' que é a sensibilidade. Qualquer fala mais firme com ela, ela chora. Não gosta de ser repreendida e sinceramente, raramente ela precisa ser, é muito comportada mesmo. Não mexe no que não deve, faz os trabalhos da escola, faz as atividades que propomos, mas sempre respeitamos as vontades dela e ela respeita as nossas. Ela entende que precisa de limites e raramente os desafia (pra não dizer nunca). Sempre explicamos os motivos dos limites e ela sempre recebe respostas verdadeiras (mesmo que simplificadas) sobre as perguntas.

(...)
Cara, a minha é igualzinha. Ela está com 8 agora. Faz 9 em janeiro.
Não force a perda da sensibilidade. Ela é natural e acontece gradualmente.
A minha é sensível até hoje. Se a mãe dela grita com ela, ela fica super magoada. Esses dias um imbecil mirim chamou ela de PRETA no Roblox e ela chorou de soluçar. Nessas horas o consolo dela sou eu, sempre razoável, sempre calmo, o "sabe-tudo" dela.

Cara, que honra é criar um ser humano... privilégio... e tem gente que joga pra cima dos filhos seus ódios, frustrações, etc. etc. etc.

SyncMaster is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

21-10-19, 15:42 #28
É... Tem q pensar que a hora que a criança está chorando, em algum tipo de crise é a hora q ela mais precisa do seu acolhimento. Ela não está biologicamente conectada com o cérebro racional, só o emocional. Não é hora de explicar nada. Nem de brigar ou dar algum castigo. Pq vc iria transmitir a mensagem de que quando ela não sabe o que fazer ou está precisando de orientação você vai brigar ou não vai ajudar. Ou que você só está lá para ela quando ela está bem, q qnd ela está frustrada e brava vc não quer estar perto dela.

É foda. Como falaram aí em cima, educar é pensar no filho e não em você.

Tem algumas pequenas coisas que esses pais q não possuem dificuldade com os filhos possuem inatamente sem nem saber mas q fazem a diferença.

Muito das orientações que se dá hj em dia vem dessa observação.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
ReDEviL
Trooper
 

Steam ID: manolobio
21-10-19, 16:17 #29
Foda... eu tenho medo de ter filhos
Eu passei por tanta coisa ruim e errada na minha infância que sinto um pavor só de pensar em errar igual meus pais erraram.
Tenho sobrinhas e curto demais, mas quando me perguntam quando vou ter daí a resposta sempre é não... feels bad

ReDEviL is offline   Reply With Quote
Kamikaze-Vesgo
Trooper
 

21-10-19, 17:08 #30
Sexta feira fui em uma festa de um coleguinha do meu filho, acho que descobri pq ele tem essas manias, minha esposa o seguiu em 70% da festa.

O moleque não pode ficar sozinho experimentar as novas conexões de amizade fora da escola ou ter novas experiências sem a minha esposa estar atrás de criança.

Dei uma chamada de atenção nela e falei agora você só vai atrás dele quando ele chorar.

PQP assim fica difícil deixar a criança auto confiante.

Kamikaze-Vesgo is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
21-10-19, 19:16 #31
Quote:
Postado por Jeep Mostrar Post
eu lembro de um post seu dando os orcamentos "mini, medio e alto" de gastos com crianca pequena, nao lembro dos valores, so da minha sensacao "caraiiiiii!"

Só piora com o tempo... HAHAHA!


Logo tem vestibular. E ele quer Medicina...

night is offline   Reply With Quote
SapoChule
Trooper
 

21-10-19, 20:34 #32
Quote:
Postado por ReDEviL Mostrar Post
Foda... eu tenho medo de ter filhos
Eu passei por tanta coisa ruim e errada na minha infância que sinto um pavor só de pensar em errar igual meus pais erraram.
Tenho sobrinhas e curto demais, mas quando me perguntam quando vou ter daí a resposta sempre é não... feels bad
nãããooo mano, não pense assim, também tenho relacionamento perturbado com meus pais, especialmente pelo meu pai que sofre de inúmeros distúrbios psicológicos e não quer se tratar.

porém, na verdade você já deve ter uma lista de exemplos do que não fazer. Claro que tem que ver que é possível que copie muito do comportamento dos seus pais (o que acontece comigo), mas aí a gente se policia e conta com a ajuda da esposa para ficar alerta sobre qualquer comportamento tóxico em relação aos filhos.

aprenda com os erros dos seus pais e monte uma família diferente da que eles montaram.

SapoChule is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
21-10-19, 22:54 #33
Eu acho essa questão de "aprenda com os erros dos seus pais e monte uma família diferente da que eles montaram" muito, muito complicada.

Há que se considerar a ABSURDA evolução (ou involução) na forma como as crianças se relacionam com os pais e com o mundo hoje em dia. Na época dos nossos pais, não existia internet. Na nossa época, a internet estava começando. Hoje, as crianças nascem com um tablet a tiracolo.

Afora a questão dos cuidados para evitar a exposição excessiva à tecnologia, fato é que a revolução tecnológica permitiu às crianças um acesso antes inimaginável a todo tipo de informação - boa e ruim.

Não dá pra querer comparar os nossos erros com os dos nossos pais. Hoje, ao menos no meu entender, a dificuldade é muito maior. Além da habilidade de conquistar a confiança, o carinho e o respeito dos filhos, temos que lidar com um mundo globalizado em que crianças criam perfis em redes sociais e são influenciadas por inúmeras outras de todo lugar.

Esses dias mesmo eu estava comentando com a mãe do Enzo que era engraçado. Hoje a gente leva ele em festas de vários colégios diferentes da cidade. Na nossa época, nós mal conseguíamos ter tempo de falar com os nossos colegas da própria escola. Com o Whatsapp, criam grupos, interagem e diversificam os contatos. E a gente precisa estar preparado para lidar com isso.

Como falei no post anterior, eu nunca fui de bater. Até hoje devo ter dado uns tabefes no Enzo duas ou três vezes. A questão é que eles têm mais informação para nos questionar, têm mais inteligência para nos tirar do sério e muito mais habilidade para argumentar. Não existe mais aquele negócio de respeitar "porque é meu pai". Ele respeita suas atitudes, ou não. Quando digo ele, obviamente, refiro-me ao filho. E acho que meu comentário já está ficando confuso.

Enfim, tudo isso que eu disse é apenas para resumir o seguinte: não me parece adequado querer comparar a educação que tivemos, nem como exemplo, nem como antiexemplo. Estamos num momento em que tantas e tão significativas mudanças ocorreram no mundo que precisamos reinventar a forma de educar os filhos.

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night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
21-10-19, 23:54 #34
Quote:
Postado por Jeep Mostrar Post
eu lembro de um post seu dando os orcamentos "mini, medio e alto" de gastos com crianca pequena, nao lembro dos valores, so da minha sensacao "caraiiiiii!"

http://forum.darkside.com.br/vb/show...95#post1751495


Hahahaha... nossa! Era feliz e não sabia!

night is offline   Reply With Quote
serjaum
Master Chief
 

Gamertag: serjaum
22-10-19, 09:25 #35
Hj o meu mlk ta com 21 anos....foi tudo mto tranquilo ate demais
a pior fase foi qdo ele era crianca mesmo, dpois foi sussa

cresceu e nao usa drogas e nem fuma...esse era o meu objetivo
ele era ate q mimado demais e tava bem acomodado, e, agora q eu saí de casa, ele comecou a ver como o mundo funciona. foi um baque mas ele eh outra pessoa agora

mas agora ta tudo encaminhado

serjaum is offline   Reply With Quote
whiplash
Trooper
 

Steam ID: whi
22-10-19, 10:27 #36
caralho
o relax com VINTE E UM anos?
tamo velho demais vai tomar no cu ajehuhe

whiplash is offline   Reply With Quote
marconds
PHD em Dota 2
 

22-10-19, 11:07 #37
CA-RA-LHO!
o Enzo também é outro que acho que nasceu aqui na DS, eu lembro do night falando dele bebê ainda. PQP, tamo velho mesmo...

marconds is offline   Reply With Quote
serjaum
Master Chief
 

Gamertag: serjaum
22-10-19, 17:33 #38
Quote:
Postado por whiplash Mostrar Post
caralho
o relax com VINTE E UM anos?
tamo velho demais vai tomar no cu ajehuhe
terrivel

serjaum is offline   Reply With Quote
serjaum
Master Chief
 

Gamertag: serjaum
22-10-19, 17:38 #39
Quote:
Postado por marconds Mostrar Post
CA-RA-LHO!
o Enzo também é outro que acho que nasceu aqui na DS, eu lembro do night falando dele bebê ainda. PQP, tamo velho mesmo...
trombei com o night e o enzo na rua...nem me liguei q qdo ele nasceu a gente nem jogava quake direito mais heuaheua

serjaum is offline   Reply With Quote
marceloisoppo
Trooper
 

22-10-19, 21:55 #40
Meu primeiro filho nascerá em fevereiro. Sempre tive um pé atrás com crianças, pouca paciência com falta de educação, birra e teimosia. Mas sempre tive em mente que é porque é filho dos outros e não tenho autoridade para interferir no comportamento nessas ocasiões.

Outra coisa que me deixa receoso é o fato de nunca ter conseguido agir de modo "infantil" com o bebê/criança como a maioria das pessoas fazem. Me sinto um tanto quanto ridículo falando que nem um desenho animado, batendo palminhas e dizendo "êeee" para atitudes. Tenho medo de não conseguir superar esse bloqueio e meu filho crescer distante achando que sou sério e severo demais.

Pra terem ideia, não tive diálogos com a barriga. Me sentiria tão desconfortável quanto conversar com a maquina de estacionamento do shopping, ou com as ligações da operadora de celular e aquela I.A. tosca deles. Sou avesso mesmo a essas coisas de comando de voz.

Agora, a impressão que tenho é que vou querer dar muito carinho e ficar com ele no colo o tempo todo (vou ter até que cuidar isso em excesso, sei que não será bom pra ele), mas ou em silêncio, ou conversando em tom normal.

Muito interessante a indicação de literatura que o @EviLBraiN postou, vou procurar lê-los todos. Tomara que me ajude a criar uma noção para algo que me mantive propositalmente distante a vida toda.

Não que eu ache que não tenha o dom da paternidade e meus métodos serão um completo desastre. Na verdade, tenho em mente que as coisas vão fluir naturalmente e a aceitação de todas essas novidades serão sem traumas tanto pra mim, quanto para o bebê e o relacionamento.

@ReDEviL Eu sempre me senti na obrigação biológica de ter um filho, sempre pensei que não ter filhos seria uma sacanagem com as centenas de gerações anteriores que não interromperam a procriação para que eu estivesse aqui, vivo e postando. Também uma questão familiar: Meu vô é o único filho homem, meu pai filho único e eu também o único homem da família. Se eu não tiver filhos, este ramo da família vai acabar e o sobrenome também.

Todo isso foi uma pressão que pus em cima de mim mesmo, mas na prática, o momento certo para a paternidade nunca chega de fato. Sempre achamos que dá pra crescer mais um pouco profissionalmente, fazer aquela viagem, mudar para um lugar maior... Mas a verdade mesmo é que a melhor hora é a hora que acontece, e até agora tem dado tudo certo.

Ainda não posso contribuir muito além deste desabafo por enquanto. Espero ansioso para voltar aqui e contar o motivo do orgulho pelo meu filho tal qual o @marconds .

 


Last edited by marceloisoppo; 22-10-19 at 22:06..
marceloisoppo is offline   Reply With Quote
Bullet
Trooper
 

23-10-19, 09:45 #41
Em março nasce meu filho! em Fevereiro minha filha completa 4 anos!

Quote:
Postado por SyncMaster Mostrar Post
Cara, eu me sinto um privilegiado quando vejo outras crianças nos lugares e quando leio relatos como os de alguns de vocês.

Eu nunca tive problema com a minha filha.

Nunca bati, só gritei uma vez e na hora certa.

Ela é uma criança espontânea, inteligente, autoconfiante, com autoestima... estamos trabalhando apenas uma timidez exagerada dela, que acontece SOMENTE com desconhecidos. Tipo, amigos meus e da mãe dela que ela está vendo pela primeira vez.

Achei super interessante o que o EvilBrain falou sobre ACOLHIMENTO DE EMOÇÃO.

Minha filha é uma pessoa super calma. Nunca fez manha. Juro... nunca. Se fez foram uma ou duas vezes que nem consigo lembrar. E eu acredito que isso seja o resultado de um processo, ou seja: ela nunca foi deixada chorando, nunca foi deixada falando sozinha, sempre teve EXTREMA atenção da nossa parte, enfim, ela sabe que estamos aqui para tudo e não precisa compensar nenhuma ausência com comportamentos "diferentes". Não tenho linguajar técnico para explicar isso, mas é isso, kkkkk.
caraio é privilegiado mesmo
minha filha de modo geral é bem tranquila, amorosa e "melhor" que a media das crianças e das idades... sofro menos do que falam
agora... 2 manhas na vida? pqp
aqui tb tem extrema atenção, confiança e afeto...
mas ela tem as crises dela, manhas, choros por motivos banais
e agora ta com ciumes do irmao que nem nasceu hehe.. vai ser dificil essa parte



Quote:
Postado por marceloisoppo Mostrar Post
Meu primeiro filho nascerá em fevereiro. Sempre tive um pé atrás com crianças, pouca paciência com falta de educação, birra e teimosia. Mas sempre tive em mente que é porque é filho dos outros e não tenho autoridade para interferir no comportamento nessas ocasiões.

Outra coisa que me deixa receoso é o fato de nunca ter conseguido agir de modo "infantil" com o bebê/criança como a maioria das pessoas fazem. Me sinto um tanto quanto ridículo falando que nem um desenho animado, batendo palminhas e dizendo "êeee" para atitudes. Tenho medo de não conseguir superar esse bloqueio e meu filho crescer distante achando que sou sério e severo demais.

Pra terem ideia, não tive diálogos com a barriga. Me sentiria tão desconfortável quanto conversar com a maquina de estacionamento do shopping, ou com as ligações da operadora de celular e aquela I.A. tosca deles. Sou avesso mesmo a essas coisas de comando de voz.

Agora, a impressão que tenho é que vou querer dar muito carinho e ficar com ele no colo o tempo todo (vou ter até que cuidar isso em excesso, sei que não será bom pra ele), mas ou em silêncio, ou conversando em tom normal.

Muito interessante a indicação de literatura que o @EviLBraiN postou, vou procurar lê-los todos. Tomara que me ajude a criar uma noção para algo que me mantive propositalmente distante a vida toda.

Não que eu ache que não tenha o dom da paternidade e meus métodos serão um completo desastre. Na verdade, tenho em mente que as coisas vão fluir naturalmente e a aceitação de todas essas novidades serão sem traumas tanto pra mim, quanto para o bebê e o relacionamento.

@ReDEviL Eu sempre me senti na obrigação biológica de ter um filho, sempre pensei que não ter filhos seria uma sacanagem com as centenas de gerações anteriores que não interromperam a procriação para que eu estivesse aqui, vivo e postando. Também uma questão familiar: Meu vô é o único filho homem, meu pai filho único e eu também o único homem da família. Se eu não tiver filhos, este ramo da família vai acabar e o sobrenome também.

Todo isso foi uma pressão que pus em cima de mim mesmo, mas na prática, o momento certo para a paternidade nunca chega de fato. Sempre achamos que dá pra crescer mais um pouco profissionalmente, fazer aquela viagem, mudar para um lugar maior... Mas a verdade mesmo é que a melhor hora é a hora que acontece, e até agora tem dado tudo certo.

Ainda não posso contribuir muito além deste desabafo por enquanto. Espero ansioso para voltar aqui e contar o motivo do orgulho pelo meu filho tal qual o @marconds .

[IMAGEM]
Caramba vc é igualzinho a mim
sempre odiei a criança do outro... nunca tive mto paciencia sem ser com criança da familia.

Tb me achava imbecil só de imaginar sendo infantil...
mas quando nasce as coisas mudam... no segundo terceiro mes vem os sorrisos, as risadas... e vc interage naturalmente de uma forma babaquinha!
hoje brinco de boneca, ela pinta minha unha, faz meu cabelo, brincamos de mercado / jogos infantis... acho que sou o melhor amigo dela pq "entro no personagem".. e muitas vezes é fingindo ser nenem pra ela cuidar... fingindo ser o lobo mal pra ela fugir... nucna imaginei isso

sim as coisas fluem naturalmente
eu tinha medo e zilhoes de receios
não sabia fazer nada, nunca tive contato com nenem

hj de longe a coisa que eu mais gosto de fazer e me considero bom, é ser um pai. Presente, amigo, prestativo, orientador..

é demais
se prepara

=)

Bullet is offline   Reply With Quote
Kensha
Trooper
 

Gamertag: ksnrodrigoms PSN ID: rodrigo_machado
24-10-19, 16:08 #42
Quote:
Postado por serjaum Mostrar Post
Hj o meu mlk ta com 21 anos....foi tudo mto tranquilo ate demais
a pior fase foi qdo ele era crianca mesmo, dpois foi sussa

cresceu e nao usa drogas e nem fuma...esse era o meu objetivo
ele era ate q mimado demais e tava bem acomodado, e, agora q eu saí de casa, ele comecou a ver como o mundo funciona. foi um baque mas ele eh outra pessoa agora

mas agora ta tudo encaminhado
21 ANOS PORRA? caralho

Kensha is offline   Reply With Quote
Kamikaze-Vesgo
Trooper
 

24-10-19, 16:41 #43
Quote:
Postado por serjaum Mostrar Post
Hj o meu mlk ta com 21 anos....foi tudo mto tranquilo ate demais
a pior fase foi qdo ele era crianca mesmo, dpois foi sussa

cresceu e nao usa drogas e nem fuma...esse era o meu objetivo
ele era ate q mimado demais e tava bem acomodado, e, agora q eu saí de casa, ele comecou a ver como o mundo funciona. foi um baque mas ele eh outra pessoa agora

mas agora ta tudo encaminhado
Seu moleque tem 21 anos e não entra na DS, não joga UO, Quake, pelo visto você falhou muito com ele.

Kamikaze-Vesgo is offline   Reply With Quote
ruanbosa
Trooper
 

Steam ID: ruanbosa
30-10-19, 08:58 #44
Poderia ser educação dos pais, tive uma filha e chega a escorrer uma lágrima toda vez que a Steam executa no pc...
Ultima vez jogado em 05/09/2018...

ruanbosa is offline   Reply With Quote
zorba
Trooper
 

Steam ID: luizkowalski
30-10-19, 09:45 #45
Quote:
Postado por serjaum Mostrar Post
Hj o meu mlk ta com 21 anos....foi tudo mto tranquilo ate demais
a pior fase foi qdo ele era crianca mesmo, dpois foi sussa

cresceu e nao usa drogas e nem fuma...esse era o meu objetivo
ele era ate q mimado demais e tava bem acomodado, e, agora q eu saí de casa, ele comecou a ver como o mundo funciona. foi um baque mas ele eh outra pessoa agora

mas agora ta tudo encaminhado
como assim 21?
eu apostaria meu CU que o serjaum nao tem mais que 32 anos aheuaehauehauheua

zorba is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
12-11-19, 14:06 #46


Pode soar irreal e exagerado.Mas, infelizmente, nao. Tem mtos pais assim.

Zigfried is offline   Reply With Quote
leandrotto
Trooper
 

Steam ID: leandrotto_1
19-11-19, 12:24 #48
Imaginar que um dia, eu entraria em um tópico da DS sobre, como cuidar melhor dos filhos, nós "eramos" os filhos. Muito legal, muito bom tópico, muito útil.

Meu filho vai fazer 3 anos dia 21/11 agora, é engraçado as tomadas de decisões parecidas, como a questão da consequência do Kovsky, com algumas diferenças

Evil... muito obrigado pelas indicações dos livros, já os adquiri! Vlw!

leandrotto is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

23-12-19, 09:25 #49
Texto sobre desenvolvimento humano. ( não sobre política )

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50790315

Quote:
A tragédia na Romênia comunista que revelou à ciência os danos da negligência na infância

Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta
Da BBC News Brasil em São Paulo
21 dezembro 2019

Dentro do antigo orfanato, na sala onde bebês ficavam enfileirados em berços, o cientista americano Nathan Fox ficou impressionado pelo silêncio, tão incomum em um local com tantas crianças pequenas. Elas simplesmente não choravam. Muitas, já mais velhas, ficavam o tempo todo balançando a cabeça para frente e para trás.

Isso, conforme Fox descobriria mais tarde, era o resultado de anos de negligência e absoluta ausência de estímulos. "Não escutávamos lá o choro que normalmente se escuta em um berçário", conta o cientista, que é professor no Departamento de Desenvolvimento Humano da Universidade de Maryland (EUA), à BBC News Brasil.

"Concluímos que isso acontecia porque ninguém respondia a esses choros. Não havia nenhuma interação típica entre um cuidador e uma criança, entre uma mãe e um filho. Logo elas aprenderam que ninguém as atendia quando choravam. Um grande número de crianças balançava seus corpos para frente e para trás, algo comum entre as que são privadas de estímulos. Na ausência de interação social, é o que elas faziam (para não se entediar)."

Essa cena ocorreu 20 anos atrás em um orfanato de Bucareste, capital da Romênia, e a tragédia decorrente disso daria origem a estudos pioneiros sobre como a negligência e a desatenção com crianças moldam negativamente o cérebro delas, com impactos que podem persistir até a vida adulta.

Esses estudos, agora, estão inspirando uma iniciativa para estimular crianças paulistanas.

Mas, antes de entrar nessa parte da história, é preciso entender como aqueles abrigos infantis romenos, que passaram décadas escondidos no pequeno país do Leste Europeu, ganharam as manchetes mundiais.

O fim de um regime totalitário
Em 1989, há exatos 30 anos, a Romênia teve um Natal peculiar. O ditador comunista Nicolae Ceausescu, líder do país havia um quarto de século, foi derrubado em uma revolução relâmpago, que, alimentada por anos de escassez de produtos básicos e queda nas condições de vida da população, começou quando o líder reagiu com brutalidade a manifestações populares.

Essas mesmas manifestações logo chegaram a Bucareste e, quando o Exército romeno aderiu aos protestos, em 22 de dezembro, Ceausescu e sua mulher foram detidos. Naquele 25 de dezembro, ele foi executado a tiros depois de ser condenado às pressas por um tribunal militar especial.

Seu regime fora marcado por políticas linha-dura, inclusive uma voltada a reverter as baixas taxas de natalidade do país – a ideia era de que aumentar a população fomentaria a economia e fortaleceria a Romênia.

Ainda no início do seu governo, nos anos 1960, Ceausescu implementou um decreto que restringia o aborto e o acesso a contraceptivos. "Quem evita ter filhos é um desertor que abandona as leis de continuidade nacional", declarou o ditador em discurso.

Registros históricos apontam que o decreto pôs em prática um controle absoluto da vida reprodutiva feminina. Autoridades – que ficaram conhecidas como a "polícia menstrual" – submetiam mulheres a testes ginecológicos obrigatórios em seus locais de trabalho e monitoravam suas gestações. Casais que não procriassem tinham de pagar impostos adicionais.

Como resultado, a taxa de natalidade romena cresceu com rapidez, mas com duros efeitos colaterais: um aumento nas taxas de mortalidade materna e infantil e, também, no número de crianças que acabavam abandonadas, aos milhares, em abrigos estatais.

À medida que o regime de Ceausescu se deteriorava, também pioravam as condições nesses abrigos: as crianças eram submetidas a abusos físicos, não eram devidamente limpas ou alimentadas, seus cuidadores eram mal preparados. As que saíram de lá contaram mais tarde que eram "tratadas como animais selvagens que precisavam ser enjaulados".

Além disso, passavam os dias sem nenhuma interação produtiva com adultos, sem brincar ou conversar, olhando para paredes ou deitadas sozinhas em seus berços, de onde só saíam para serem trocadas ou alimentadas. Muitas tinham (ou desenvolveram) problemas mentais.

Foi só depois daquele Natal de 1989 que, com a queda de Ceausescu e a cobertura da imprensa sobre o país, a situação dessas dezenas de milhares de crianças veio à público e chocou o mundo.

"Essas crianças não são cuidadas, são contidas", disse uma reportagem da BBC dos anos 1990 sobre um orfanato romeno para crianças com deficiência. "(Elas ficam em) quartos escuros e imundos, com excrementos por todo lado. São crianças que precisam dos melhores cuidados, mas recebem os piores possíveis."

Ao longo dos anos 1990, algumas crianças acabaram adotadas por famílias estrangeiras, sobretudo de Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, onde os relatos midiáticos sobre os abrigos causaram comoção. Outras permaneceram nos abrigos, sem ter para onde ir e ainda sob condições insatisfatórias.

É nessa parte da história que entra o americano Nathan Fox e outros colegas cientistas, chamados, em 2001, pelo novo governo romeno para avaliar os impactos que os abrigos tiveram na vida das crianças e buscar formas de intervir.

Marco nos estudos de desenvolvimento infantil
Nessa época, já havia estudos científicos indicando que adversidades e negligência vividas na infância impactavam o desenvolvimento e o comportamento das crianças.

"Mas, como não se pode colocar crianças nesse tipo de situação (para fins meramente de pesquisas), era difícil identificar a causalidade" entre a negligência e o desenvolvimento infantil, explica Fox à BBC News Brasil.

Em Bucareste, porém, o cenário para a pesquisa, infelizmente, estava dado. E as terríveis condições vividas pelas crianças romenas acabaram sendo um ponto de virada nas pesquisas sobre o cérebro infantil.

"Conseguimos examinar a causalidade e dizer, com alto grau de certeza, que a adversidade no início da vida tem impacto no cérebro. (...) Estímulos ou interação são cruciais para a arquitetura cerebral e, se não há uma mudança de circunstâncias para essas crianças, esses efeitos podem perdurar para a vida toda. É um grande fardo para a sociedade."

Na prática, explicam os neurocientistas, desde o primeiro dia de vida as crianças precisam da interação com seus cuidadores como uma espécie de "nutriente" para seu cérebro: conversas, olhares, carinhos e brincadeiras são biologicamente essenciais, porque ajudam o cérebro infantil a construir redes neurais que mais tarde as ajudarão a se desenvolver emocionalmente e cognitivamente.

Em contrapartida, "na ausência da mediação do adulto, o sistema de estresse da criança é ativado, e isso pode se tornar crônico", diz Fox.

Ou seja, quando as crianças sofrem violência, problemas socioeconômicos extremos, maus-tratos ou são radicalmente negligenciadas, o estresse tóxico decorrente disso impede o cérebro de realizar conexões neurais, o que pode levar a dificuldades de aprendizado e de comportamento.

Em estudos publicados em 2003 e 2004, Fox e seus colegas analisaram eletroencefalogramas de crianças romenas institucionalizadas e compararam esses exames com os de crianças romenas que viviam com suas famílias.

As que haviam passado pelas condições extremas dos abrigos tinham um cérebro diferente das que tinham tido uma infância tradicional: frequência cerebral menor em áreas cruciais e imaturidade do sistema nervoso.

A vida pós-orfanato
As crianças que conseguiram ser adotadas tiveram mais sorte: Fox e seus colegas notaram que elas tinham um desenvolvimento cognitivo melhor do que as que não tinham podido deixar os abrigos romenos.

Mas algumas conviveram com os efeitos negativos dos abrigos até a vida adulta, segundo um estudo feito em 2017 por outra equipe de cientistas internacionais.

Eles acompanharam 165 crianças romenas adotadas no Reino Unido entre 1990 e 1992. Inicialmente, todas tinham atrasos de desenvolvimento e estavam subnutridas. As que passaram menos de seis meses nos abrigos apresentaram uma recuperação surpreendente ao chegarem aos 5 ou 6 anos de vida.

Já as que haviam passado períodos mais longos nos abrigos tinham mais problemas sociais, emocionais e cognitivos na vida adulta – desde dificuldade em se concentrar e arrumar emprego até em se relacionar com os outros e maior propensão a problemas mentais.

Por isso, é importante tirar as crianças o mais rápido possível de situações de negligência e colocá-las sob os cuidados de pessoas amorosas, disse à época à BBC um dos autores do estudo, Edmund Sonuga-Barke, da Universidade King's College, em Londres.

No geral, o economista brasileiro Flavio Cunha, que pesquisa desigualdade, pobreza e desenvolvimento infantil na Universidade de Rice, nos Estados Unidos – e que não tem relação com o estudo romeno –, afirma que as pesquisas sobre o país do Leste Europeu mostram que "se nós retirarmos uma criança de um ambiente tão adverso e a colocarmos em um ambiente com uma família acolhedora, (...) melhoram o seu desenvolvimento sócioemocional, especialmente externalização (comportamento agressivo, desafiador, perturbador ou hiperativo); o seu desenvolvimento de linguagem; e o seu controle inibitório (que é a capacidade de manter o autocontrole em situações de estresse)".

"Todas essas três (melhoras) são muito importantes para o desenvolvimento futuro da criança", afirma Cunha à BBC News Brasil.

A negligência é 'tão grave quanto' o abuso

Enquanto abusos físicos contra crianças costumam gerar forte reação social, a negligência e a privação infantil tendem a ser menos perceptíveis – embora possam ter um efeito igualmente grave, diz o estudo A Ciência da Negligência, de 2012, feito pelo Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e coassinado por diversos neurocientistas, incluindo Nathan Fox.

"Muitas crianças pequenas identificadas pelo sistema de proteção social (...) não têm evidências de danos físicos, mas podem ter tido perturbações no desenvolvimento de seus circuitos cerebrais que podem ter sérias consequências pela vida inteira", aponta o texto, que descreve a negligência como "a ausência de atenção suficiente e da proteção que são apropriadas à idade e às necessidades das crianças" e a "ausência de quantidades suficientes de experiências essenciais para o bem-estar" infantil.

E essa negligência pode estar presente não apenas em abrigos, mas também, por exemplo, em lares de famílias social e economicamente marginalizadas, ou cujos pais sofrem de problemas mentais não devidamente tratados. Por isso, é também a forma mais prevalente de maus-tratos contra crianças, aponta esse mesmo estudo.

"O mais comum é a negligência, nos Estados Unidos e imagino que também em outros lugares do mundo", prossegue Fox. "As crianças precisam estar sob os cuidados de pessoas que as amem e que as façam se sentir seguras."

Pesquisadores apontam que crianças sob situações extremas, como as que são vítimas de guerras, violência urbana, migração forçada ou separação forçada de seus pais, também podem ter seu desenvolvimento cerebral alterado, por estarem sob constante estresse.

Nos Estados Unidos, um caso que tem alimentado debates é o de crianças filhas de imigrantes irregulares que têm sido separadas de seus pais na fronteira e colocadas em centros provisórios de detenção.

Em depoimento ao Congresso americano, em fevereiro, a um subcomitê da Câmara que investiga a política de separação de famílias migrantes, o médico Jack Shonkoff, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard, afirmou que "o estresse (em decorrência dessas separações) desencadeia uma enorme reação dentro das crianças. (...) Uma importante base para o desenvolvimento saudável em crianças pequenas exige um relacionamento saudável, estável e compassivo com ao menos um dos pais ou cuidador primário. Níveis de estresse altos e persistentes podem perturbar a arquitetura do cérebro ainda em desenvolvimento".

Treinando cuidadores no Brasil

Agora, Fox e seus colegas preparam um projeto em São Paulo, para treinar, em 2020, cuidadores que possam dar atenção individualizada a crianças pequenas atualmente vivendo em abrigos da cidade (e, portanto, desprovidas do contato permanente com suas famílias).

Como a iniciativa ainda está em fase de elaboração, Fox diz que não é possível dar mais detalhes sobre a metodologia e a prática, apenas afirma que deve incluir treinamentos em vídeo que expliquem a esses cuidadores o que os cientistas chamam de "saque e devolução" – que, à semelhança de esportes como tênis e pingue-pongue, se refere ao ir e vir da interação produtiva entre crianças e adultos: o olhar, som ou fala de uma criança é o "saque", que o adulto devolve com outro olhar ou com alguma resposta.

Isso, explicam os pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard, ajuda a literalmente construir redes neurais no cérebro, dando uma base mais sólida para o desenvolvimento acadêmico, emocional e social da criança ao longo da vida.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social brasileiro, no projeto de Fox também será "analisada e comparada a qualidade do desenvolvimento de crianças em instituições, como abrigos e orfanatos, e em acolhimento familiar".

No país do Leste Europeu, a comoção em torno dos abrigos da era comunista fez com que autoridades proibissem que bebês e crianças pequenas ficassem em abrigos, deixando-as sob os cuidados de famílias provisórias, diz Fox.

Ainda assim, muitas crianças mais velhas continuam vivendo com poucas perspectivas de adoção ou de melhores condições de vida. "Crianças com deficiência ou problemas de nascença são as que têm menos chance de serem adotadas, e isso ainda é um grande problema lá", relata.

O que Fox diz ter aprendido com seus estudos (ainda em curso) na Romênia é que o cuidado individualizado e amoroso das crianças é a melhor forma de intervenção contra a negligência, e que essas intervenções têm mais chance de sucesso se ocorrerem cedo, de preferência antes de essas crianças completarem dois anos, quando seu cérebro apresenta o mais alto grau de plasticidade.

"É uma questão social que interessa a todos: como podemos dar apoio aos cuidadores, para que eles possam oferecer mais possibilidades às crianças", afirma.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
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