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Morreu na tarde desta terça-feira, 3, aos 68 anos, o cantor sertanejo José Rico, da dupla com Milionário. O músico pernambucano havia sido internado nesta manhã em um hospital de Americana, interior de São Paulo, com complicações no coração, rins e joelho. A informação foi confirmada pela página oficial da dupla no Facebook.
Com trajetória que ultrapassa quatro décadas, o duo foi um dos responsáveis pela popularização do gênero musical — em parte graças ao flerte de José Rico com ritmos latinos, especialmente as canções populares do paraguai e os instrumentos do folclore cigano.
Nascido em 1946 no interior de Pernambuco e criado até a juventude no Paraná, José Alves dos Santos migrou ao fim da década de 1960 para São Paulo, onde conheceu o mineiro Romeu Januário de Matos, que mais tarde assumiria o nome artístico de Milionário.
José adotou o 'Rico' como apelido em homenagem à pequena cidade paranaense de Terra Rica, que considerava sua terra natal. Chegou a incluir a palavra como sobrenome oficial, registrado em cartório.
José Rico chegou à capital paulista em busca de profissionalização como cantor, apesar de ter se arriscado na carreira de jogador de futebol ainda na adolescência. Tendo como inspiração o carioca Miltinho, chegou a formar algumas duplas enquanto vivia no Paraná, mas mudou-se para a metrópole em busca de oportunidades maiores como intérprete. Com poucos recursos e sem conhecidos, hospedou-se em um dos hotéis baratos que eram refúgios para artistas anônimos na região paulistana conhecida como 'Boca do lixo'. Ali conheceu o mineiro Romeu, também recém-chegado à cidade, de quem tornaria-se o nono parceiro musical.
As primeiras aparições da dupla incluem o 'Show de calouros' apresentado por Silvio Santos no início dos anos 1970. A princípio, os artistas atendiam por José Rico e Tubarão, até que o mineiro de Monte Santo teve a ideia de assumir-se como Milionário em referência ao apelido do parceiro. O próprio cantor também aponta seu nome artístico como uma referência bem-humorada ao popular Carnê Milionário do Baú, uma febre à época.
O primeiro compacto, produzido de maneira independente e com prensagem paga pelos artistas, ganhou notoriedade graças à faixa 'De longe também se ama', composição de José Rico. Em 1973 foram contratados por um selo da gravadora Continental, por onde lançariam 'Ilusão perdida' (1975), álbum que rendeu o sucesso 'Amor pra quem te amo'. Já na estreia, alcançaram disco de ouro. Seguiram-se outras gravações, às dezenas — são mais de 30 trabalhos em estúdio — sempre com vendas inabaláveis entre os amantes do sertanejo.
Estrada da vida
O ápice da popularidade, contudo, só chegaria no quinto disco da dupla, com a gravação de 'Estrada da vida'. Lançada em 1977, a canção de José Rico tornou-se um sucesso definitivo, marcando a trajetória dos músicos e tornando-se referência entre os intérpretes do gênero. Com mais de 2 milhões de cópias vendidas, a faixa inspirou o título de 'Na estrada da vida' (1980), filme que narra a trajetória do duo. Dirigido por Nelson Pereira dos Santos ('Rio, 40 graus' e 'Vidas secas'), o longa contou com Milionário e José Rico interpretando a si próprios, em elenco completo por Nádia Lippi e Turíbio Ruiz.
Os sertanejos ainda retornaram às telonas em 1988 como estrelas do longa 'Saudade de minha terra', dirigido por Ney Sant'anna, filho de Pereira dos Santos. No drama musical, Milionário e José Rico são vítimas do golpe de um empresário e perdem todo o patrimônio. Fugindo da polícia, contam com a ajuda de uma caminhoneira (Marcélia Cartaxo) na busca por um deputado que pode salvá-los das complicações.
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