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Default A morte da TV

24-12-13, 21:36 #1
"We shall arise"
Sepultura - Arise.


http://itweb.com.br/111176/a-morte-da-tv/

A morte da TV

Quando eu era criança não havia televisão.

Não quero dizer com isto que em minha casa não tinha televisão. Ou em meu bairro. Quero dizer que ainda não existia televisão no Brasil. Pois, embora já estivesse se tornando popular nos EUA onde as primeiras “Estações de televisão” surgiram poucos anos antes, ela só apareceu por aqui em 1950 com a inauguração da TV Tupi quando eu já adolescia.

Pode parecer incrível, mas as pessoas viviam muito bem sem ela. Saiam mais de casa, conviviam com outras pessoas, conversavam – sim, sei que parece incrível, mas pessoas da mesma família costumavam conversar dentro das próprias casas e trocavam ideias sobre os acontecimentos do dia; se duvida pergunte a qualquer outro ancião que viveu aquela época. Para se divertir os humanos dedicavam-se a atividades diversas, como ir ao cinema, teatro e ouvir rádio. Havia programas humorísticos, musicais, noticiários e novelas, mas as radiofônicas, com raríssimas exceções, não atraiam tanto público quanto as televisivas de hoje. Mas ainda assim sobrava um bom tempo para o lazer. E as pessoas aproveitavam este tempo (eu sei que os jovens hodiernos não vão me acreditar) para o exercício de uma atividade hoje praticamente desaparecida: a leitura.

(Isto, embora pareça, não é aquele tipo de lamento de velho chato que vive proclamando que “no meu tempo era melhor”, é uma simples descrição de fatos da época sem qualquer juízo de valor; há quem ache que hoje é melhor e tem todo o direito).

Depois veio a televisão e ocupou todas as horas vagas – e algumas não vagas – do “público em geral”. A TV foi mais uma daquelas invenções que volta e meia cito aqui por terem mudado o perfil da nossa sociedade.

Mas por que razão eu me decidi a escrever sobre isso agora? Sessão nostalgia? (Reparou na conotação televisiva?)

Não. O que me levou a abordar o assunto foi um inesperado e surpreendente artigo de Jim Edwards no Business Insider intitulado: “TV Is Dying, And Here Are The Stats That Prove It” (A televisão está morrendo e aqui estão as estatísticas que o comprovam).

Como é que é?

Sim, é isto mesmo que você entendeu. Segundo Edwards e as estatísticas de fontes fidedignas que ele cita no artigo, o hábito de assistir televisão está se extinguindo.

O artigo se refere aos telespectadores dos EUA, onde foram colhidos os dados para calcular as estatísticas. Mas com a defasagem tecnológica que vivemos, tudo o que ocorre por lá neste campo cedo ou tarde ocorrerá por cá. E como os argumentos de Edwards são baseados em instituições e serviços que existem cá e lá, como televisão aberta, a cabo, via Internet, via prestadoras de serviços telefônicos e coisa e tal, não há razão para que o mesmo fenômeno não venha se manifestar aqui. Então vale a pena ponderar um pouco sobre o assunto, nem que seja apenas para especular.

Note que o artigo não se restringe à televisão aberta, gratuita que, esta sim, está morrendo. Abrange a distribuição na modalidade assinatura paga da transmissão de TV sob todas as suas formas, inclusive a cabo e transmissão via Internet de alta taxa (“banda larga”), que está se tornando cada vez mais comum por lá. O artigo menciona que de 2010 até agora cinco milhões de usuários cancelaram suas assinaturas, incluindo os que assinavam a modalidade transmitida via Internet. Só a Time Warner Cable, uma prestadora de serviços de TV a cabo e Internet, perdeu nos últimos três meses mais de 300 mil assinantes de TV a cabo e quase 25 mil de Internet banda larga. E o principal executivo da Charter Communications, outra prestadora de TV a cabo e Internet, declarou a Edwards que se sentia surpreso com o fato de que, de seus cinco e meio milhões de assinantes, um milhão e meio assinou apenas a Internet, dispensando o sinal de TV. E, para reiterar sua argumentação, Edwards mostra um gráfico da taxa mensal de crescimento da audiência, tanto da TV aberta quanto da paga, entre julho de 2011 e setembro deste ano. E TODOS os índices mensais se mostram negativos, variando entre zero e -12%, com exceção do mês de agosto de 2012, quando se realizaram as Olimpíadas de Londres. E “crescimento negativo”, como se sabe, é decréscimo.

Ou seja: não apenas o número de assinantes da TV paga vem decrescendo como também o número de telespectadores está minguando. E não deem de ombro achando que uma coisa é a evidente consequência da outra: não é. Os EUA estão saindo de uma crise econômica, os preços médios das assinaturas vêm subindo e poderia perfeitamente ter ocorrido uma migração dos assinantes da TV paga para a aberta. Não ocorreu.

E não é só isto. O número de pessoas plantadas diante de uma TV, seja qual for a fonte do sinal, está diminuindo. E diminuindo gradual mas significativamente já há alguns anos, como mostram outras estatísticas citadas por Edwards. Que, no mesmo artigo, afirma que, enquanto os telespectadores desaparecem aos poucos, Facebook e Google arrebanharam uma audiência próxima da registrada pela TV. Cada um deles.

Edwards continua abordando o assunto e confirmando seus argumentos com dados estatísticos sempre de fontes confiáveis, mostrando que há uma tendência declinante até mesmo no número de espectadores de eventos quase sagrados (lá para eles) como as finais da NBA e, quem diria, da famosíssima World Series (final do campeonato americano de baseball, que desperta nos americanos um interesse equivalente ao despertado nos brasileiros pela final da Copa do Mundo de futebol). Mas isto interessa mais aos nossos grandes irmãos do norte do que a nós, portanto não vamos entrar em detalhe. Basta ressaltar o que importa: nos EUA cada vez se vê menos televisão, seja lá de onde provier o sinal, mas quem tem perdido maior audiência ultimamente é a TV a cabo (5 milhões de assinantes a menos nos últimos cinco anos). E o que talvez seja mais surpreendente: o número de residências americanas sem uma televisão está aumentando.

Para onde estão migrando esses caras? Será que, milagrosamente, o hábito da leitura está revivendo entre os conterrâneos de Tio Sam?

Não. Moderemos nossas expectativas e sejamos menos otimistas. Não é isto.

O que será?

Vou lhe dar uma chance: adivinhe que tipo de dispositivo está provocando esta revolução televisiva?

Não, não são os computadores portáteis tipo “notebook”, embora eles tenham um papel importante nesta história. Nem os novos aparelhos celulares capazes de captar o sinal da TV, cuja tela é demasiadamente pequena para permitir uma visão confortável. E muito menos os computadores clássicos, de mesa (“desktops”).

Então que diabo serão?

Ainda não adivinhou?

Pois é. São os tabletes.

Veja, na figura que ilustra esta coluna, um gráfico obtido no artigo de Edwards no Business Insider e baseado em dados de dezembro de 2011 coletados pelas empresas comScore, Telefonica e Macquarie Capital. Ele mostra a variação do volume de tráfego de sinal digital (páginas visitadas) em computadores (linha laranja), dispositivos móveis tipo telefones (linha amarela) e tabletes (linha azul) ao longo de um dia. Repare na curiosa tendência: depois das seis da tarde, os tabletes assumem a liderança e a mantêm até o início da madrugada.

Ou seja: tabletes (ao menos nos EUA de hoje) são dispositivos de uso noturno. Por isto a indústria do entretenimento americana já os apelidaram de “vampiros”: só aparecem à noite. Não por acaso o “horário nobre” da televisão.

Mas se quem está disputando audiência com as TVs são os tabletes, porque está caindo igualmente o número de assinantes de Internet nos provedores de “banda larga” a cabo?

Por que, ainda segundo os dados exibidos por Edwards, os usuários de tabletes estão usando conexões WiFi. E um número significativo deles usa conexões gratuitas, extremamente comuns nos EUA. Edwards mostra um mapa de Jersey City, em Nova Jersei, EUA, onde em algumas dezenas de quarteirões aparecem mais de cem pontos de acesso WiFi gratuitos. Afirma ainda que 57 cidades nos EUA, inclusive Los Angeles, oferecem WiFi pública gratuita a seus cidadãos. E que um acordo com a Cisco permitiu ao Facebook oferecer acesso WiFi gratuito em mais de mil pontos comerciais a qualquer pessoa que use sua identidade e senha do Facebook.

Quer dizer: basta ter um tablete com acesso à rede WiFi (e, tanto quanto eu saiba, praticamente todos têm) para abrir gratuitamente as portas do mundo digital. E é isso que está pouco a pouco matando a TV nos EUA.

E atenção: isto definitivamente não significa que as pessoas estejam usando o acesso à Internet para assistirem TV em seus tabletes. Definitivamente não. As pessoas estão apelando para o acesso à Internet para usarem seus tabletes como todos nós que temos tabletes: ler notícias, visitar sítios, atualizar correio eletrônico, jogar joguinhos e, quiçá sobretudo, entrar no Facebook e demais redes sociais.

Ou seja: os americanos, pouco a pouco, estão abandonando a TV.

É esperar para ver se algo parecido um dia ocorrerá no Brasil.

O artigo de Edwards é longo, fartamente ilustrado, usa uma argumentação muito sólida baseada em estatísticas confiáveis e contém muito mais do que foi comentado nesta coluna. Se você tem interesse no assunto e se entende bem com o idioma Inglês, sugiro uma visita.

No mais: a todos vocês que leem regularmente ou casualmente esta coluna, um magnífico Natal pleno de saúde, paz e harmonia. Um ou outro presentinho também cai bem, mas o essencial são esses três.

E feliz 2014, porque só voltaremos a nos comunicar semana que vem. Quer dizer: no próximo ano.

B. Piropo


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OBS: B. Piropo era (não sei se ainda é) colunista do Info Etc. do jornal O Globo.


OBS2 pra essa parte:
"Ou seja: tabletes (ao menos nos EUA de hoje) são dispositivos de uso noturno. Por isto a indústria do entretenimento americana já os apelidaram de “vampiros”: só aparecem à noite. Não por acaso o “horário nobre” da televisão."

Este sou eu, agora que tenho um tablet android.





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serjaum
Master Chief
 

Gamertag: serjaum
24-12-13, 21:41 #2
hoje pra mim a tv ta mais interessante que internet

o combo history, natgeo e todos os discoverys juntos ja faz com q eu passe o tempo que estou em casa na frente da tv

a graca da tv eh conhecer coisas novas que vc nem faz ideia que existem...na internet vc tem q ir atras do conteudo...entao tem espaco pra tudo

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Eon
Trooper
 

25-12-13, 00:40 #3
Eu verifiquei isso semana passada com um grupo de amigos do meu sobrinho, idades entre 12 e 13 anos.

Eles só querem saber de youtube, facebook e netflix. Todo mundo com iPod e Iphone na mão.

Pra essa geração que vem aí a TV morreu.

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Stranger
Trooper
 

25-12-13, 03:09 #4
Comentei algo parecido hoje.

Durante a noite todo mundo ficou pendurado numa tomada pra checar facebook/whatsapp/instagram e a TV que tanto me incomodava nos outros natais ficou desligada.

Entendo o que o serjaum diz e estou quase nessa.
Vou para a sala, passo pelos canais e acho algo interessante muito mais facilmente que no computador.

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Stranger
Trooper
 

25-12-13, 03:28 #5
Complementando já que to desatento e perdi o tempo de edit.

Não acompanho séries e raramente vejo filmes, então os pontos em que a maioria dos "migrantes" valorizam não me importam.
A praticidade de sentar, zapear e encontrar um programa interessante fora do que é comum é muito boa. Cada dia é uma coisa diferente, documentário sobre remédio, poker, futebol americano indoor feminino, culinária, construção de barco, entrevistas, história antiga, missão espacial.
O pc tem mais variedade de conteúdo, por exemplo, assisti uma entrevista/let's play coop com o John Romero. Nunca que eu acharia isso na TV.


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CroNicaL
Trooper
 

Steam ID: cron1cal
25-12-13, 04:13 #6
O computador/internet consome minha mente de maneira agradável, jogos, pesquisas e leitura de conteúdo, porém isso gera um canssaço e nessas horas eu vou para TV ver alguma coisa.

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seuboi
manboipig
 

Steam ID: seuboi
25-12-13, 10:13 #7
Ao longo do ano vou acumulando coisas interessantes q nao teria tempo de ler no dia a dia, como a sessao inteira de fotografia no reddit college, sao umas dezenas de paginas e exercicios. Gosto de ir separando as coisas em prioridades e, posteriormente, ir matando uma a uma. Por essa costumo correr atras de info extra na interwebz e fazer meus horarios

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vegetous
Trooper
 

XFIRE ID: carniceiru
25-12-13, 11:25 #8
Quote:
para o exercício de uma atividade hoje praticamente desaparecida: a leitura.
tá serto!


é o rádio que vai matar o livro, a televisão que vai matar o rádio, o computador que vai matar a televisão e agora o tablet que vai matar todo mundo junto.

só asneira e gente brincando de profeta tecnológico, mas sem o menor jeito pra coisa!

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u3663
Trooper
 

25-12-13, 11:30 #9
Eu não assisto TV.

At all.

Eu almoço vendo netflix, vejo youtube quando quero ver algo diferente. No meu quarto a TV é exclusiva para uso do PC/PS3.

Não perco nada.

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colher
tony
 

Steam ID: spooneta
25-12-13, 12:40 #10
perde o BBB, a novela e o brasileirão.
seu mané.

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Never Ping
🌀 Trooper
 

Gamertag: Willian Braga PSN ID: Never_Ping XFIRE ID: neverping Steam ID: neverping
25-12-13, 13:29 #11
É um futuro negro nesse tipo de império da mídia. Até porque mesmo que o futuro seja a internet, é bem dinâmico a forma como você ganha dinheiro na internet.

A TV você consegue decidir forçadamente o que as pessoas tem que assistir. Já a internet é a decisão do usuário se ele quer consumir aquele tipo de coisa. É muito fácil e prático por conteúdo no ar e atrair pessoas até mesmo de maneira gratuita do que fazer isso por "mídia analógica", por assim dizer.

O futuro das OGs então é a Globo.com. ^^

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diferent
Trooper
 

25-12-13, 13:34 #12
Depois que comprei meu tablet só vejo jornal nacional de vez em qnd.

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ShadoW
Trooper
 

25-12-13, 14:01 #13
Só ligo a TV pra assistir algum documentário só.. Filme e seriado pego tudo no torrent e passo por cabo hdmi

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