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Sabbath
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Steam ID: ssabbath
Post Um país triste.

27-07-05, 12:44 #1
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Um país triste

Somos um país onde os fatos, as suas versões, todas as interpretações são oficiais. Nada pode ser feito fora do oficialismo. Aqui tudo é oficial. A história, a realidade, a ética, a crítica, o pensamento, a literatura, a reflexão, a vida, a morte. Nada existe fora dos trâmites, cânones, interesses, conchavos oficiais. Ao não termos como centralidade a política em todas as suas expressões e manifestações, temos o institucionalismo mais sufocante e repressor. Nada é feito fora do Estado, tudo que lhe interessa ele acoberta, acumplicia, apóia, estimula ou condena; retira seu apoio e sufoca tudo o que possa surgir fora dele ao mais completo ostracismo ou morte planejada.
Somos um país onde os fatos, as suas versões, todas as interpretações e até as suposições são oficiais. Nada pode ser feito fora do oficialismo. A fronteira entre público e privado é somente um axioma para ser citado, e não seguido. Essa perene falsificação da história real em história oficial tem nos feito transitar entre o ridículo e o patético sem nenhum sobressalto ou susto. Todos os documentos são triados, queimados, adaptados, manipulados pelo país oficial. Não se tem acesso a nada que não seja oficial, consentido e manipulado pelos governantes.
Triste ofício o de historiador. Penoso o de jornalista. Quase impossível o de crítico. Maquiavélico o de pesquisador. Angustiante o de médico de atendimento de emergência, quando o pronto-socorro se transforma na ante-sala do inferno, dentro da mais absoluta normalidade e legalidade.
A hierarquia oficial também só é mantida, respeitada ou seguida pela própria hierarquia oficial. Ela segue regras próprias, leis favoráveis, ética e moral cômodas. Não vale o que está escrito, não protege o que a história registra, não ampara o que é real. Se o ministro da Defesa não demite o chefe da base aérea de Salvador por queimar patrimônio público é porque o ministro da Defesa e o chefe da base aérea só farão o que interessa ao país oficial. O país real é uma abstração e não merece ser levado em conta. Da mesma forma como deveria ter sido impedida a implosão do Carandiru, como história do sistema prisional brasileiro. Mantidas as celas originais, os instrumentos de tortura, as armas rudimentares dos detentos, os túneis. Não, explodiram a história real.
Da mesma forma como quiseram transformar o prédio que abrigava o Departamento de Ordem Política e Social em São Paulo em um centro cultural. Quase como uma instalação povoada por artistas e anjos. Deveriam ter sido mantidas e preservadas as celas em sua forma original, com todas as salas e os instrumentos de tortura intactos. O país oficial não queima somente arquivos públicos, implode o país real sempre que este lhe molesta a consciência ou lhe cobra algo imputável. Sempre que o país real tenta sair à superfície, ele é esmagado com a violência necessária e sanitária adequada.
Somos um país linear, monocromático, monotemático, monodisciplinar, monocultural. Dispensamos o pensamento único, temos a verdade única. Não temos a experiência da política em todas as suas possibilidades. Todos os protagonistas de nossa história _à direita ou à esquerda, no centro ou nos extremos_ sempre foram tão autoritários e arrogantes quanto os seus piores adversários. Na verdade, nunca foram adversários. Sempre foram em busca do mesmo objetivo, do mesmo poder, do mesmo país oficial. Nunca estiveram no país real e nunca o conheceram realmente. Sempre quiseram destruir o país real e nunca abandonaram o país oficial.
No país oficial, o Estado só mostra, revela, desvela e concede acesso a documentos, personagens, histórias, fatos e crimes que lhe interessam e fazem parte da história oficial. Não há nada a ser revelado que não se saiba ou não se intua o suficiente nos arquivos oficiais da ditadura de civis e militares que atrasou este país por duas ou três gerações.
A direita civil e militar vai negociar com a esquerda oficial e institucional o que será mostrado e como, onde e por quem. O que não interessar à direita civil e militar e à esquerda oficial e institucional será queimado. Assim é há cinco séculos e não há nenhum fato, interesse, motivo ou razão para que seja diferente. Todos os arquivos serão mantidos trancafiados ou queimados, à brasileira, como os da Guerra do Paraguai e os da escravatura. Não será diferente com os da ditadura civil-militar de 25 anos.







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Sabbath
R2D2
 

Steam ID: ssabbath
27-07-05, 12:45 #2
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Neste momento, a única coisa que podem fazer os pesquisadores e os médicos envolvidos no atendimento às vítimas da guerra civil _no país oficial é só uma crise provocada pelo tráfico de drogas e pela população bárbara e selvagem das favelas_ é tentar salvar o máximo possível de inocentes. Perderam a maior das nossas inocências, a de que somos todos humanos.

O país oficial nos detesta. Rejeita-nos, quase nos agride e ofende à luz do dia. Estamos gastando recursos da arca do tesouro oficial com pobres, miseráveis, velhos, jovens e crianças que tiveram o que mereceram _a interrupção da vida como prêmio por habitarem o país real, e não o país oficial. E como se não bastasse isso, ainda querem penetrar nas entranhas do país oficial e garimpar os custos e os números reais da guerra civil. O país oficial é falso. E triste, mórbido, cruel.
Luís Mir, historiador, doutor pela Universidade Complutense de Madri (Espanha), é autor de "A Revolução Impossível" (Best Seller) e "Guerra Civil, Estado e Trauma" (Geração Editorial), entre outras obras.



24/01/2005 Folha de São Paulo

Tem tempo já que eu tô querendo postar isso aqui....

Vale muito a pena.

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Trovao
Millenium Falcon
 

27-07-05, 14:32 #3
Preguiça de ler detected [on]
Resume ae
Preguiça de ler detected [off]

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jpadua
Trooper
 

27-07-05, 15:41 #4
Este texto ai foi colocado na prova do vestibular da UFU(Univ. Federal de Uberlandia), vale a pena ler este texto ae...

Não vo resumir, se nao a galera nao le eheehe...
E soh pra aproveitar o embalo do topico:

PASSEI NESTE VESTIBULAR AE KARALHO!! EU NA FEDERAL!! aheuaeuiaehae

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Sabbath
R2D2
 

Steam ID: ssabbath
27-07-05, 15:51 #5
FDP, passou pra que curso! :-/ eu não passei! :-/ EAHaeiouhaeIOUHEA

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jpadua
Trooper
 

27-07-05, 16:33 #6
E aee Sabbath, eu moro com o Diego(acquience, supersonic, dozer) em Uberlandia, eu passei pra Economia ehhee, vc tava prestando pra que?
Flwz aee

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ShadoW
Trooper
 

27-07-05, 17:32 #7
resume ae

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Sabbath
R2D2
 

Steam ID: ssabbath
27-07-05, 17:33 #8
Veterinária.. que desgraça... já passei pra trocentos mil vestibulares só pra essa merda que eu não dou conta!
QUE RAIVA!

TEXTO MUITO BOM VALE A PENA LER SEUS FDPS!

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Sabbath
R2D2
 

Steam ID: ssabbath
27-07-05, 20:22 #9
Confidências da dona do puteiro...

Baixa tanto político no meu privê que coloquei o nome do
estabelecimento de 'metida provisória'. Esta semana, com tanta gente
para me aparecer, adivinha quem resolve dar o ar da graça? Severino.
Depois dizem que puta é mulher de vida fácil. Fácil? Quero ver
encarar. Se um milhão de pessoas vaiaram o sujeito vestido, imagina
sem roupa. Mas nada que cinco notas de cem não o transformem num
Suplicy. Vem com a mamãe, Severino. Apaguei as luzes por motivos
óbvios. Desci com a mão até o baixo clero, mas o dito-cujo era nanico.
Pensei: É, Severino, está precisando conseguir um aumento pro rapaz
aqui, hein? Para incentivar, comecei a falar umas palavras de 'baixo
escalão':
- Vem, Severo. Me chama de Congresso e me desarruma. Pensa que eu sou
o governo e me mete o pau. Finge que eu sou teu filho e me bota lá
dentro. Pensa que eu sou o orçamento
e acaba comigo. Vai, Severo. Finge que eu sou o povo e me leva a loucura.
O Severo deve ter gostado. Tanto que começou a dizer que ia me tirar
dessa vida, que ia me arrumar um emprego no Congresso e coisa e tal.
Isso já é `neputismo', pensei. Mas, como ele conseguiu transformar o
Congresso numa zona, até faz sentido...

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Muttley
Trooper
 

27-07-05, 21:34 #10
huhaha... este último texto é massa... mas o primeiro, depois de um longo dia de trabalho, sinceramente não tive pique para ler... sorry.

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Rock Marciano
Trooper
 

28-07-05, 00:47 #11
Guerra Civil, Estado e Trauma" (Geração Editorial).

Depois que eu li esse livro ( e fiz questão de comprá-lo) minha mente abriu pra muita coisa. Nesses textos você compreende a questão do desarmamento no país.

Rock Marciano is offline   Reply With Quote
Sabbath
R2D2
 

Steam ID: ssabbath
28-07-05, 10:33 #12
Vocês são muito preguiçosos.... taquiparil, o texto nem é grande.... por isto eu adoro aquele comercial da Nobel....

bando de zé ruela, vocês frequentam um forum é para LER e não olhar pro monitor, babar e ficar dããããhnnn.... Afff...

Sabbath is offline   Reply With Quote
StingraY
Trooper
 

Steam ID: FAButzke
28-07-05, 13:06 #13
Vendidos!

[]'s

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