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Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
27-09-18, 13:06 #76
colando do amiguinho nao vale! E bem vindo a maionese, nao seja essa ultima coca cola do deserto.

mt bem, proxima tarefa, nao tem absolutamente nada em comum entre ditadura do proletariado, stalinismo e nazismo? (dica, tem ate artigo da wiki citando historiadores, ok?)

O bom senso tambem determina que chicote de direita ou chicote de esquerda tambem podem ter semelhancas notaveis, ate dignas de nota e comparacoes.






Last edited by Jeep; 27-09-18 at 17:53.. Motivo: faltou "?"
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troy
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20-10-18, 12:54 #77
Afinal o nazismo foi de direita ou de esquerda?
Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 2)

Flávio Gordon 03/10/2018 - Gazeta do Povo



“O grande romancista Arthur Koestler, conhecido ex-militante do KPD, o partido comunista alemão (Kommunistische Partei Deutschlands), explicou certa vez a estratégia traçada por Stálin e Willi Münzeberg (o gênio do agitprop comunista) para tornar o bolchevismo mais palatável internacionalmente: “A noção de que alguma vez pregáramos a revolução e a violência deveria ser ridicularizada como um espantalho, refutada como uma calúnia espalhada por reacionários maliciosos. Já não nos referíamos a nós mesmos como ‘bolcheviques’, nem mesmo como comunistas – e o uso público da palavra era agora reprovado dentro do partido. Éramos apenas honestos, humildes e pacíficos antifascistas,*defensores da democracia”.
A estratégia difundiu-se e consagrou-se na cultura política de esquerda de todo o mundo, sendo amplamente utilizada até os dias de hoje, como mostra a atuação dos movimentos sociais autoproclamados Antifa (“antifascistas”). Ela consiste em ocultar o próprio projeto de poder (quase sempre totalitário) sob a fachada de uma bandeira virtuosa qualquer, usualmente a do o antifascismo e a da defesa da democracia.
No último sábado, vimos a estratégia ser posta em prática aqui no Brasil, quando militantes do movimento “Ele Não” foram às ruas mascarar o seu apoio irrestrito ao projeto ditatorial lulopetista de retomada do poder sob o pretexto de combater o alegado machismo do candidato Jair Bolsonaro, líder das pesquisas de intenção de voto.
Para se compreender aquela estratégia de propaganda política, e o porquê de ela ter sido tão bem-sucedida ao longo das últimas décadas, é preciso voltar ao ponto em que paramos no artigo da semana passada. Como vimos ali, as primeiras interpretações sobre o fascismo surgiram de dentro do marxismo-leninismo, quando nada porque o próprio fenômeno em si tem essa mesma origem. E, muito embora a rixa entre eles houvesse sido motivada menos por grandes divergências doutrinárias do que por uma discordância pontual sobre a participação da Itália na guerra, os comunistas procuraram desde o início negar a origem revolucionária (e marxista) comum que partilhavam com os fascistas, empurrando conceitualmente esses últimos para a “direita” e o “reacionarismo”. Portanto, nota-se que as primeiras tentativas de compreensão do fascismo surgiram inextrincavelmente misturadas com um juízo moral acerca do fenômeno que se pretendia compreender.
Com efeito, diante daquele novo e impactante movimento político, os comunistas italianos e de toda a Europa recorreram ao cânon literário marxista, acreditando poder encontrar nas teses altamente especulativas do neo-hegelianismo de Marx e Engels a fundamentação teórica ex post facto para o juízo moral que, no calor da luta política, já haviam formado sobre o fascismo. Como não poderia deixar de ser, todavia, a realidade complexa não se deixava acomodar facilmente à cama de Procusto marxista, tendo de ser retalhada à medida da teoria. E que teoria era essa? Dedicarei este segundo artigo da série a recordá-la, pois só assim teremos um entendimento mais claro de como foi possível aos marxistas retratar o fascismo como um movimento “reacionário”, concepção que, em larga medida, continua influindo na linguagem política contemporânea.
Uma das “sagradas escrituras” consultadas pelos marxistas do pós-guerra foi Contribuição à Crítica da Economia Política (1859), texto em que, pela primeira vez, e de maneira concisa, Marx apresentava os fundamentos do materialismo histórico. Para o filósofo de Trier, como se sabe, a história consistia basicamente na interação entre “forças produtivas” (os meios materiais de produção de bens necessários à subsistência do homem) e “relações de produção” (as relações sociais que presidem a distribuição daqueles bens). Enquanto as primeiras se mantêm compatíveis com as segundas, há estabilidade social. Quando, ao contrário, as forças produtivas começam a se desenvolver para além dos limites das relações de produção vigentes, a mudança social torna-se inevitável.
Para Marx, cada uma das classes antagônicas em que se dividia a sociedade capitalista do seu tempo – a burguesia e o proletariado – encarnava um daqueles elementos produtivos. Na qualidade de guardiã das relações de produção, a burguesia era a classe “reacionária”. O proletariado, ao contrário, ao encarnar o dinamismo das forças produtivas, era a classe “progressista”. Em dado estágio do desenvolvimento histórico, as relações de produção convertem-se em grilhões das forças produtivas. Como, no sistema capitalista, os bens produzidos são distribuídos em função do lucro e da propriedade privada, eles só atendem aos interesses da classe dirigente, detentora dos meios de produção. E, na medida em que o ciclo produtivo só responde às exigências daquela, as forças produtivas não podem se desenvolver plena e livremente, levando o sistema à estagnação e, finalmente, ao colapso.
Em O Capital, encontramos a conhecida teoria marxiana do valor (mais tarde reduzida a pó por Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von Mises). De acordo com ela, apenas o “trabalho vivo” – o esforço físico do proletário – era capaz de criar valor. Já o “trabalho morto” – o capital constante (instrumentos de produção, investimento na fábrica, custos de aluguel, ativos fixos em geral) – seria incapaz de fazê-lo. Do valor gerado pelo trabalho vivo, uma parte é empregada como capital variável, ou seja, a remuneração mínima necessária à subsistência do trabalhador e à consequente manutenção de sua força de trabalho. O valor que sobra após o pagamento dos salários e os gastos com meios de produção é o que Marx chamou celebremente de “mais-valia” – o lucro do capitalista. Chegamos aqui ao ponto que realmente nos interessa. Na medida em que se altera a “composição orgânica do capital” (a relação entre capital variável e capital constante), diz Marx, há uma queda correspondente da taxa de lucro (a relação entre a mais-valia e a soma dos capitais constante e variável). E, quando a taxa de lucro se aproxima de zero, todo o sistema começa necessariamente a ruir.
Aquela é a “lei” do materialismo histórico, tão imperativa e necessária para os marxistas quanto a da gravidade ou a da seleção natural. Segundo essa lei, o modo capitalista de produção é inerentemente disfuncional e, em termos de posição na marcha inevitável da história, reacionário. Apenas uma revolução proletária “progressista” poderia redimir o futuro, instaurando uma “sociedade sem classes” na qual o lucro e a propriedade privada seriam extintos, bem como, junto a eles, as guerras, as privações e as injustiças. Como numa espécie de retorno ao Jardim do Éden de antes da Queda, a humanidade trocaria o reino da necessidade pelo da liberdade, onde o homem poderá “caçar de manhã, pescar na parte da tarde, cuidar do gado ao anoitecer, fazer crítica após as refeições” (segundo a célebre profecia de A Ideologia Alemã). Eis a escatologia trajada de “ciência” que por tanto tempo encantou a intelligentsia do Ocidente, parte da qual jamais abandonou a utopia.
Ao tempo da Segunda Internacional, e sobretudo depois da morte de Engels (1896), aquela crença secular no “milênio” da sociedade sem classes entranhou-se no espírito dos herdeiros de Marx, inspirando as primeiras interpretações do fascismo por toda a Europa. Poucos dias após a Marcha sobre Roma de 1922, por exemplo, o marxista austríaco Julius Braunthal já publicava no jornal do partido social-democrata um artigo intitulado “O golpe dos fascistas”, em que, empregando o jargão doutrinário ortodoxo, com todas as suas evocações moralistas, classificava o fascismo como “reacionário”, uma “brutal expressão do desejo de dominação por parte das classes proprietárias”. Sem qualquer fundamentação na realidade concreta, o autor ainda descrevia o movimento como sendo “uma contrarrevolução em estilo moderno, violenta e militarista”. Pouco importava que a revolução bolchevique houvesse sido ainda mais “violenta e militarista”. Que os bolcheviques tivessem feito mais vítimas na Rússia do que os fascistas em qualquer parte. Uma vez que surgira na Itália como oposição à “revolução proletária”, o fascismo só poderia ser contrarrevolucionário, ou seja, contrário ao necessário progresso histórico. E embora houvesse, à época da Marcha sobre Roma, mais trabalhadores nas fileiras do fascismo que nas do bolchevismo ao tempo da revolução de Lênin, ainda assim o movimento foi tido por reacionário, e os trabalhadores que o endossavam, por vítimas de sua própria “falsa consciência”.
Depois de Braunthal, outro marxista austríaco, de nome Julius Deutsch, deu continuidade àquela linha interpretativa, sugerindo, também a partir de juízos morais apriorísticos, que o fascismo era uma força “a serviço da reação dos capitalistas sedentos por lucro”. Mais tarde, ele enriqueceu sua tese, afirmando que o movimento também atraíra para suas fileiras uma pequena burguesia “fanatizada” e uma parcela de adolescentes seduzidos pelo “misticismo obscuro” da retórica fascista. Além de ferramenta do capitalismo, o fascismo passava a ser visto também como essencialmente irracional – uma interpretação que entraria em voga desde então. Para Deutsch, a conclusão pela irracionalidade do fascismo decorria do seguinte parti pris marxista: em termos puramente racionais (ou seja, conformes ao materialismo histórico), os trabalhadores do mundo deveriam ser fatalmente atraídos pela revolução proletária que os libertaria da exploração. Não fazia sentido que pusessem paixões nacionalistas acima de seus interesses de classe. Se o faziam, era porque não agiam racionalmente.
Logo após a chegada de Mussolini ao poder, o quarto congresso mundial da Terceira Internacional Socialista consagrou definitivamente aquela moldura interpretativa, cujos detalhes variavam e se adaptavam na medida em que a realidade contraditava a teoria. A princípio, por exemplo, o fascismo foi declarado como “instrumento” da “reação contrarrevolucionária” dos “capitalistas agrários” da planície padana contra as massas trabalhadoras. Em seguida, não apenas dos capitalistas agrários, mas de toda a burguesia. Depois, com o marxista húngaro Gjula Sas (que usava o pseudônimo Giulio Aquila), era a “burguesia industrial”, ou os “magnatas da indústria pesada”, que passavam a manejar o instrumento. Já para o Partido Comunista Italiano, o fascismo não servia propriamente à burguesia industrial, mas a uma “oligarquia agrária e industrial”. E assim sucessivamente, cada teórico marxista identificava um novo elemento das “classes dirigentes” como o “verdadeiro mestre” do fascismo. Em 1923, a marxista alemã Clara Zetkin reforçava a tese, no relatório que enviou ao Comintern em junho daquele ano. Intitulado “A luta contra o fascismo”, o documento sacramentou a versão oficial de que o fascismo era produto de uma reação da direita contrarrevolucionária. Mas, como veremos no próximo artigo, a rigidez dessa moldura interpretativa começou a incomodar até mesmo alguns membros da Terceira Internacional, para os quais havia muitos fatos que simplesmente não se acomodavam a ela."

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troy
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20-10-18, 12:55 #78
"Afinal, o nazismo foi de direita ou de esquerda? – Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 3)"

Flávio Gordon – Gazeta do Povo – 10/10/2018



“Dinheiro é a mansão em Sarasota, que começa a desmoronar depois de dez anos. Poder é o velho castelo de pedras que resiste à passagem dos séculos. Eu não posso respeitar alguém que não vê a diferença” (Frank Underwood)



Como vimos no último artigo da série, o fascismo italiano nasce de uma rixa no seio do marxismo-leninismo local. E é também do campo marxista-leninista que surgem as primeiras tentativas de interpretar o fenômeno à luz do materialismo histórico, moldura teórica na qual os fatos eram, frequentemente, muito mal acomodados. Tendo nascido no contexto de uma luta política fratricida, essas interpretações iniciais consistiam numa mistura inseparável entre análise e condenação moral.



Vimos também que, enxergando os acontecimentos segundo o modelo ortodoxo da luta de classes, os comunistas europeus passaram a caracterizar o fascismo como um “instrumento” das classes dominantes – primeiro, identificadas com a “elite agrária”; em seguida, com a “burguesia industrial”; depois, com uma “oligarquia industrial e agrária”; e, por último, simplesmente com o “grande capital”.



É claro que não havia como acomodar todas aquelas teses: o fascismo não poderia servir a tantos senhores, com interesses frequentemente antagônicos. Para ficarmos apenas num exemplo, é uma espécie de senso comum econômico que as elites agrárias tendem a valorizar políticas de livre comércio, enquanto que os representantes de indústrias nacionais emergentes preferem políticas protecionistas. Logo, fosse apenas um “lacaio” dessa miríade de interesses conflitantes, dificilmente o fascismo teria tido uma vida muito longa.



Em face dessa instabilidade teórica, no começo dos anos 1930, as lideranças da Terceira Internacional decidiram por uma única interpretação “cientificamente” correta. Impondo-se sobre as partes divergentes, Stálin e seus correligionários estabeleceram a linha partidária oficial: a partir dali, o fascismo (tanto o italiano quanto o genérico) seria definido como a “ditadura terrorista dos elementos mais reacionários, chauvinistas e imperialistas do capital financeiro” (conforme resolução do 7.º Congresso da Terceira Internacional).



Em 1934, o comunista indo-britânico R. Palme Dutt publicou o livro Fascismo e Revolução Social, que consagrou academicamente a versão stalinista no universo anglófono. Dutt pretendia não apenas oferecer uma análise particular do fascismo italiano, como também explicar, em suas próprias palavras, “o verdadeiro caráter do fascismo” em seu sentido genérico. Com isso, ele nada mais fez do que referendar os argumentos centrais da interpretação marxista-leninista, segundo os quais o fascismo era um corolário necessário e inevitável do próprio desenvolvimento do sistema capitalista, sistema que, por suas próprias contradições (e tinha início aí a sempiterna teoria esquerdista da “crise terminal do capitalismo”), não tinha como sobreviver nos quadros da política europeia tradicional (leia-se liberal e democrática), carecendo de uma guinada ditatorial e reacionária, a fim de conservar as relações de produção então vigentes em face do avanço das forças produtivas. Segundo esse ponto de vista, portanto, o fascismo era um desdobramento inescapável do capitalismo, que só poderia ser vencido pela revolução proletária que extinguiria de uma vez por todas a sociedade de classes.



Em certo trecho da obra, Dutt sintetiza com maestria a interpretação marxista-leninista canônica, que até hoje é repetida pela esquerda, sempre ávida por encontrar novos “fascistas” entre seus opositores políticos. Escreve o autor: “Portanto, apenas dois caminhos se abrem para a sociedade contemporânea: a alternativa é entre o fascismo e o comunismo. O sonho de uma terceira via é, de fato, ilusório. A sociedade atual está madura para a revolução social. Mas, se esta for protelada, então o fascismo será inevitável, porque ele não passa de uma forma, um meio pelo qual a classe capitalista pode reinar em condições de extrema decadência”.



A tese do fascismo como mero “instrumento” dos capitalistas está, evidentemente, errada. As elites econômicas (quer industriais, quer agrárias) jamais conseguiram controlar e direcionar Mussolini e seu exército de seguidores (ou, na Alemanha, Hitler e os seus). Antes pelo contrário: nos momentos decisivos, as prioridades políticas dos fascistas sempre prevaleciam sobre os interesses dos capitalistas. Houve, decerto, um casamento de conveniência entre o fascismo e aquilo que os marxistas identificam frouxamente como “o grande capital” (como, de resto, em outras ocasiões, entre este mesmo grande capital e o comunismo). No entanto, tratava-se de um relacionamento assimétrico, em que as coisas se passavam exatamente ao contrário do que descreviam os marxistas: a “burguesia” era forçada a se submeter ao poder político de Mussolini. O economicismo inerente à ortodoxia teórica marxista não permitia àqueles intelectuais enxergar o óbvio, a saber: que, no confronto final entre o poder econômico (o poder de comprar) e o poder político-militar (o poder de prender ou matar), este último costuma se sagrar vencedor.



Na Europa do entreguerras, já havia um punhado considerável de intelectuais marxistas não completamente convencidos pela interpretação soviética oficial sobre o fascismo. Nos anos 1930, por exemplo, August Thalheimer, membro do KPD, o Partido Comunista Alemão, afirmava que o fascismo deveria ser compreendido como um fenômeno político novo e autônomo, um movimento de massa surgido em condições econômicas e sociais que escapavam ao controle da burguesia. Outro membro do KPD, Arthur Rosenberg, aceitava basicamente a tese padrão, mas com um importante diferencial: antes que reacionário, o fascismo tivera o papel de fazer avançar as forças produtivas na Itália, promovendo notadamente o desenvolvimento da indústria pesada – química, automotiva, naval etc. Em vez de esgotar o potencial criativo do capitalismo (como previa a interpretação marxista original), o fascismo criara as condições para a sua aceleração. Em 1936, o austromarxista Otto Bauer (um dos primeiros intelectuais comunistas a denunciar o surgimento de uma nova classe dominante na URSS, formada pela cúpula do partido bolchevique) reforçava a opinião de que o fascismo era uma força política demasiado selvagem para ser contida pelas elites estabelecidas. O fascismo “cresceu por sobre as cabeças das classes capitalistas”, escreveu Bauer. Para ele, a relação entre o fascismo e o grande capital era, no mínimo, muito mais complexa do que afirmara a interpretação marxista padrão. Franz Borkenau – escritor austríaco que, como Arthur Koestler, viria a se desiludir com o KPD – também negava o caráter “reacionário” do fascismo, insistindo que, nos anos 1920, a Itália não estava “madura” para uma revolução socialista (como insistira R. Palme Dutt). Segundo o autor, o fascismo era uma força política, cultural e economicamente modernizadora (como, aliás, atestava a grande presença de artistas futuristas em suas fileiras). Nunca fora um instrumento do capital industrial e financeiro, mas o oposto. Foi o movimento fascista que criou as condições para o desenvolvimento da indústria. Antes que criadores, os capitalistas industriais e financistas foram criaturas do fascismo.



Depois da Segunda Guerra, a fragilidade da versão soviética oficial passou a ser quase que universalmente reconhecida. Discretamente, muitos marxistas passaram a descartar elementos da ortodoxia, bem como a modificar o que dela sobrou. Entre o fim da década de 1960 e o início da de 1970, já havia então uma interpretação marxista do fascismo bastante alterada. Autores como Alexander Galkin, Paolo Alatri, Reinhard Kuehnl e Mihaly Vajda, entre outros, subscreveram essencialmente as interpretações de Thalheimer, Rosenberg, Bauer e Borkenau. Nos escritos desses intelectuais, o fascismo já não era visto como o rebento reacionário de uma “crise terminal do capitalismo”, ou como mero lacaio do grande capital. Ao contrário, enfatizava-se o seu caráter autônomo e modernizador (ou, se preferirem, “progressista”). Em alguma medida, o fascismo passava a ser visto por esses intérpretes como um movimento político revolucionário. Começamos aí a passar do problema das interpretações para a questão correlata das definições conceituais, tema do nosso próximo artigo, no qual também daremos início ao exame das interpretações não marxistas do fascismo."

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troy
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20-10-18, 12:56 #79
"Afinal, o nazismo foi de direita ou de esquerda? – Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 4)"


Gazeta do Povo - Flávio Gordon - 17/10/2018


"A partir do fim dos anos 1950, os dois maiores regimes políticos marxistas-leninistas do planeta, o da URSS e o da República Popular da China, entraram em rota de colisão, dando início a uma escalada de hostilidade mútua que, em 1969, culminaria num confronto armado na fronteira sino-soviética. Pretendendo-se cada qual a encarnação da verdade comunista, lançaram sobre o rival a pecha de “traidor da revolução”. Como não poderia deixar de ser, intelectuais orgânicos de ambos os lados não tardaram a fornecer uma aparência de “ciência marxista” à guerra de propaganda contra o adversário, que passou a ser alcunhado com a ofensa comunista predileta – sim, exatamente essa que o leitor está imaginando.

Enquanto os soviéticos caracterizavam o maoísmo como um “nacionalismo antiproletário e pequeno-burguês” (e, portanto, fascista), o outro lado do front de batalha fazia o mesmo, acusando a URSS pós-Stalin de haver se transformado num regime imperialista conduzido por uma “nova burguesia” interessada em restaurar o capitalismo mediante uma “ditadura fascista”. Passado quase meio século desde seu surgimento histórico, e a despeito do intenso debate que suscitou no período do entreguerras, o fascismo reaparecia no vocabulário político de maneira elástica e imprecisa, como mera categoria de acusação. E, por ironia da história, tendo agora por alvo justo aqueles regimes que se apresentavam ao mundo como representantes prototípicos do antifascismo.

Aquele abuso do conceito beneficiara-se do clima de opinião pós-Segunda Guerra, em que, de maneira consensual e ex post facto, as duas metades do campo aliado (o Ocidente democrático e a “Cortina de Ferro”) passaram a descrever a sua participação no conflito como uma vitória sobre o fascismo (conceito que abarcava o regime de Mussolini, o nacional-socialismo de Hitler e até mesmo o império de Hirohito no Japão). Desde então, a palavra fascismo passou a significar uma patologia política, sinônimo de barbárie e desumanidade, um juízo que muito beneficiou o campo comunista, cuja expertise no manejo acusatório do termo, e no consequente antifascismo autopromocional, vinha de longa data.

Com efeito, a despeito do regime de terror que vinha impondo desde o início de sua fundação, a URSS saiu da guerra com a imagem imaculada de vítima heroica do nacional-socialismo (o mesmo que, hoje sabemos, ela havia ajudado a se armar antes da guerra). Por muitos intelectuais no Ocidente, o Exército Vermelho passou a ser descrito como a força antifascista que se sacrificara pela humanidade. Não tardou, aliás, para que, graças ao seu anticomunismo, nomes como Winston Churchill e Charles de Gaulle passassem a ser descritos como “criptofascistas”. No imaginário do pós-guerra, tão automática se tornou a identificação entre o fascismo e o mal (e, complementarmente, entre o comunismo e o bem) que, como escreve Alan Besançon em A Infelicidade do Século: “Até a queda do comunismo na Rússia, era frequente que as vítimas dos maus tratos praticados pelos guardas soviéticos os tratassem de ‘fascistas’. Não passava pela cabeça chamá-los por seu verdadeiro nome – comunistas”.

No domínio da retórica política, portanto, o fascismo seguiu sendo um termo vago o bastante para ser manipulado contra adversários. Mas não se pode dizer que tenha tido sorte muito melhor na seara acadêmica. Ao contrário da autoconfiante classe falante brasileira (que, sem sequer ter demonstrado alguma vez a preocupação em defini-lo, não obstante já o situou inequivocamente à direita no espectro político), os maiores estudiosos do fascismo não se cansam de alertar quanto ao persistente problema da definição. Stanley G. Paine observa que a dificuldade advém do fato de que, ao contrário de democracia, liberalismo ou socialismo, o termo fascismo não contém nenhuma referência política explícita, ainda que abstrata. Saber que a palavra italiana fascio significa “feixe” ou “união” não nos diz muita coisa. Ademais, a palavra foi sempre usada muito mais por oponentes do que por adeptos do movimento.

Como escreveu o historiador Richard A. H. Robinson em seu livro Fascismo na Europa (1919-1945), publicado em 1981: “Por maiores tenham sido a quantidade de pesquisas e os esforços intelectuais dedicados ao seu estudo, o fato é que o fascismo permanece sendo o grande enigma para os estudiosos do século 20”. Uma opinião que levou Roger Griffin a gracejar em seu consagrado estudo A Natureza do Fascismo (1991): “Tamanho é o emaranhado de opiniões divergentes acerca do termo que virou quase uma regra de etiqueta abrir as contribuições ao debate sobre o fascismo com uma tal observação”. Logo, se é verdade que “parecemos não ter ainda uma ideia clara sobre o que é o fascismo” (como afirma outro grande especialista no tema, A. James Gregor), muito menos teríamos como classificá-lo seguramente à direita ou à esquerda (Nem Direita, Nem Esquerda é, aliás, o título de uma das obras do consagrado historiador israelense Zeev Sternhell, grande especialista em fascismo). Até o presente momento, a verdade é que pouco se avançou teoricamente na definição de fascismo (que continua sendo usado como referência vaga a qualquer coisa politicamente reprovável). Que dirá, então, na sua compreensão.

No Parlamento Europeu, discussões acerca do recrudescimento do “neonazismo” têm sido frequentes. Em tal contexto, os relatórios de comitês contra o racismo e a xenofobia descrevem o fascismo mediante fórmulas tais como “violência anti-judaica” ou “vandalismo racista”. Em compêndios sobre o tema, fala-se frequentemente em “brutalidade”, “desumanidade”, “desprezo pelo indivíduo”, “glorificação da violência”, “antissemitismo” e “ultranacionalismo xenófobo” como características comuns aos movimentos fascistas. Mas nada disso é particularmente útil para compreendermos o fenômeno, evidentemente. Não há hoje qualquer dúvida, por exemplo, de que Lenin e Stalin foram antissemitas viscerais (ver, por exemplo, os estudos de Richard Pipes e Gennadi Kostyrchenko); ou de que os regimes comunistas foram brutais; que glorificavam a violência; que desprezavam o indivíduo; e que, em muitos casos (como na URSS de Stalin, na China de Mao, na Iugoslávia de Tito, na Cuba de Fidel Castro), esposaram aquilo que poderíamos perfeitamente chamar de “ultranacionalismo xenófobo”. Portanto, não há nada de particularmente fascista naquelas características. A bem da verdade, em termos de violência e desumanidade, não seria exato agrupar o regime de Mussolini junto com o de Hitler. Com base nesse critério, o nazismo deveria ser posto na mesma prateleira do stalinismo e do maoísmo como os mais violentos e desumanos da história, comparado aos quais o fascismo italiano foi até brando (não por acaso, aliás, Hannah Arendt exclui o regime de Mussolini de sua lista de “sistemas totalitários”, devido à sua letalidade relativamente baixa).

Entre os anos 1960 e 1990, vários autores arriscaram definições abrangentes do assim chamado fascismo genérico. Comum a todos esses autores era uma nova perspectiva interpretativa, que recusava explicações mono causais (como a marxista) em favor de abordagens mais ecléticas. Dentre as obras que se destacam nesse contexto, temos, por exemplo, A Natureza do Fascismo, do já citado Roger Griffin, onde aparece uma definição de fascismo que acabou se celebrizando. Para Griffin, tanto o regime de Mussolini quanto o de Hitler podem ser concebidos como espécies de “um gênero de ideologia política cujo núcleo mítico, em suas variadas permutações, consiste numa forma palingenética de ultranacionalismo populista”. Com a expressão “palingenética”, o autor referia-se particularmente a um ideal de regeneração ou renascimento da pátria (e/ou da sociedade) após um período de alegado declínio ou disfuncionalidade.

Mas, por mais meritório tenha sido o esforço de Griffin, o fato é que, por demasiado esquemática e abstrata (como ele mesmo admite), sua definição não serviu para desfazer a névoa conceitual. Em primeiro lugar, porque, mais uma vez, nenhum dos traços definidores elencados por Griffin são exclusivos dos movimentos historicamente reconhecidos como fascistas. Toda iniciativa revolucionária (da França do Iluminismo até a Venezuela de Hugo Chávez) pode ser compreendida como palingenética. O mesmo se diga do populismo, característica comum a diversos movimentos e sistemas políticos, fascistas ou não fascistas. Sobre o ultranacionalismo, Griffin define-o como “uma forma de nacionalismo incompatível com as noções liberais e democráticas de igualdade básica de direitos civis e de respeito à autonomia política de outras nações e nacionalidades”. E, então, fica difícil entender a sua utilidade para a compreensão do fascismo genérico.

O pressuposto de que os movimentos fascistas são todos igualmente “ultranacionalistas” é difícil de sustentar. Como sugere A. James Gregor, o nazismo, por exemplo, era muito menos nacionalista que racista. “Hitler rejeitava o nacionalismo como uma armadilha e uma decepção”, explica. Os horrores nazistas foram resultado de mitos raciais, não propriamente de um apego às cores nacionais. Em contrapartida, o fascismo mussoliniano, esse sim de algum modo “ultranacionalista”, jamais teve o racismo como característica marcante.

Por outro lado, se estamos predispostos a reunir o nacional-socialismo alemão e o fascismo italiano com base em seu alegado “ultranacionalismo”, o que fazer com a China de Mao Tsé-tung? Se é verdade, como afirmou o cientista político americano Chalmers Johnson, que “o comunismo popular sem uma base no nacionalismo não existe”, teria sido a China ultranacionalista? E, em caso afirmativo, teria sido também “fascista”? Alguma vez a República Popular da China exibiu qualquer sinal respeito às “noções liberais e democráticas de igualdade básica de direitos civis” e à “autonomia política de outras nações e nacionalidades”? Respeitou a soberania do Tibete, por exemplo? O mesmo se diga da URSS. Em 1987, Mikhail Agursky demonstrou que o bolchevismo tivera sempre uma inspiração nacionalista, uma afirmação referendada por Walter Laqueur e outros sovietólogos. A URSS teria sido ultranacionalista, portanto? Por acaso respeitou “autonomia política” de nações como Polônia, Estônia, Moldávia, Romênia, Checoslováquia etc.? Se Stalin foi ultranacionalista e antissemita, foi também “fascista”?

Outro problema da análise de Griffin – bastante representativa sob esse aspecto – é o de ter permanecido contaminada com o teor moral das interpretações prévias (fossem marxistas, fossem liberais), herança intelectual das paixões pós-Segunda Guerra, levando o autor a incorrer no mesmo velho erro (tão bem apontado por Gregor, Payne, Sternhell, entre outros) de encarar o fascismo não como parte da dinâmica política do Ocidente moderno (digna, portanto, de uma atenção verdadeiramente científica), mas como mera patologia ideológica, espécie de elemento aberrante e reacionário na inexorável marcha humana rumo ao progresso civilizacional. No livro de Griffin, o fascismo aparece invariavelmente adjetivado como “narcisista”, “megalomaníaco”, “sádico”, “necrófilo” e “desumano”, como se essas fossem as suas características distintivas e definidoras. É como se, para ele e muitos outros estudiosos do fenômeno, compreender o fascismo fosse o mesmo que revelar o seu caráter inerentemente patológico e irracional, que o distinguiria de outros sistemas políticos contemporâneos. No entanto, num estudo da bestialidade política no século 20, fica difícil compreender por que razões eminentemente teóricas excluir a Rússia de Stalin, a China de Mao, o Camboja de Pol Pot. Voltaremos ao ponto no próximo artigo da série."

troy is offline   Reply With Quote
Yakov
Trooper
 

Steam ID: kovyakov
20-10-18, 13:08 #80
acho que um tldr nunca foi tão util hein

Yakov is offline   Reply With Quote
Zedd
Trooper
 

20-10-18, 19:36 #81
tl;dr extrema direita
e n eh tl;dr de agora. É do tópico inteiro

Zedd is offline   Reply With Quote
marconds
PHD em Dota 2
 

20-10-18, 20:36 #82
Pessoal, não cai no erro da atual esquerda. Isso não quer dizer nada na conjuntura atual. Nazismo foi de direita. Havia áreas de encontro com a esquerda, mas em sua grande maioria era de direita. Atualmente há ditaduras de esquerda. PRÓXIMO ASSUNTO.

marconds is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

21-10-18, 00:13 #83
Leia o que definia direita e esquerda na época e hj.
Leia o q foi o nazismo.
Tire sua conclusão.
Fim.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
troy
Trooper
 

21-10-18, 08:04 #84
Não leia nada. Relembre o que a professora da 5ª série dizia.
Veja um vídeo no youtube.
Não pense.
Fim.

troy is offline   Reply With Quote
troy
Trooper
 

26-10-18, 22:41 #85
"Afinal, o nazismo foi de direita ou de esquerda? – Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 5)"

Flávio Gordon - Gazeta do Povo - 24/10/2018


"“Se alguém, depois de ter reconhecido publicamente os dogmas da religião civil, se conduz como se não acreditasse neles, que seja punido com a morte”

(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social, 1762)

Como vimos no último artigo da série, a Segunda Guerra Mundial exerceu forte impacto na interpretação do fascismo, tanto para leigos quanto para especialistas. Ao fim da guerra, a circunstância empírica de que as potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) houvessem se aliado militarmente acabou influenciando a linguagem da teoria política, dando origem à tendência (péssima para fins científicos) de agrupar indistintamente, sob o rótulo genérico fascismo, três regimes tão distintos quanto os de Mussolini, Hitler e Hirohito. No lado vitorioso, como corolário, democracias paradigmáticas como a dos EUA e a da Inglaterra acabaram abrigadas junto com a ditadura soviética sob o guarda-chuva virtuoso do antifascismo. Como se vê, a ideia de adotar alianças militares contingenciais como critério de classificação política só poderia ter gerado, como de fato gerou, uma confusão conceitual dos diabos.

Depois da Segunda Guerra, portanto, e obviamente por conta dos horrores do Holocausto nazista, o fascismo genérico passou a ser caracterizado como uma patologia política, objeto de um repúdio generalizado sem precedentes na história. A barbárie e a desumanidade pareciam ser a sua essência mesma, e simplesmente apontá-las passou a ser quase sinônimo de compreender o fenômeno. O governo de Mussolini (violento, sim, mas decerto não genocida) recebeu o mesmo tratamento do nacional-socialismo de Hitler, ao passo que o regime de Stalin (esse sim, mais genocida que o próprio nacional-socialismo) não recebeu condenação moral equivalente. Muito pelo contrário, para grande parte da intelligentsia progressista do Ocidente, a URSS continuava sendo “um santuário moral, onde a luz nunca para de brilhar” – como a descreveu certa vez o escritor americano Edmund Wilson.

Como mostrei no artigo anterior, o livro A Natureza do Fascismo (1991) – no qual o autor, Roger Griffin, define o fascismo como “um gênero de ideologia política cujo núcleo mítico, em suas variadas permutações, consiste numa forma palingenética de ultranacionalismo populista” – é um caso representativo, e relativamente tardio, de patologização teórica do fascismo genérico, que outros estudiosos contemporâneos consideram uma falha metodológica grave, sobretudo pela tendência de tratá-lo de maneira excepcional e à parte de outros regimes políticos tão ou mais bárbaros, notadamente os comunistas. Como bem nota Alain Besançon em A Infelicidade do Século (1998), enquanto os crimes contra a humanidade cometidos pelo fascismo (e ele se referia particularmente ao nacional-socialismo) têm sido objeto de uma hipermnésia histórica, o comunismo, ao contrário, tem se beneficiado de uma confortável amnésia. Escreve o autor:

“O nazismo, apesar de completamente extinto há mais de meio século, segue sendo, com razão, objeto de uma execração que não diminui com o tempo. A reflexão horrorizada sobre ele parece até aumentar a cada ano em profundidade e extensão. O comunismo, em compensação, apesar de sua memória mais recente, e apesar inclusive de sua dissolução, beneficiou-se de uma amnésia e de uma anistia que colhem o consentimento quase unânime, não apenas de seus partidários, pois eles ainda existem, como também de seus mais determinados inimigos e até mesmo de suas vítimas. Nem uns nem outros se sentem confortáveis para tirá-lo do esquecimento”.

Problemática o quanto seja, o fato é que a obra de Griffin tem papel de destaque numa longa tradição intelectual de controvérsia acerca da definição de fascismo, considerada por dez entre dez especialistas como pré-requisito inescapável a qualquer esforço de compreensão e classificação. Há, nessa controvérsia, espaço para todo tipo de abordagem, que varia num gradiente entre concepções particularistas como as de um Renzo De Felice – que, em Le Interpretazioni del Fascismo (1982), rejeita a noção de fascismo genérico, preferindo reservar o termo única e exclusivamente para o regime de Mussolini – e posições generalistas como as de Stanley Payne, Robert O. Paxton e, claro, do próprio Griffin.

Muitas tentativas de definir e tipificar o fascismo genérico tanto antecederam quanto sucederam a de Griffin. Em 1968, o historiador alemão Ernst Nolte estabelecera uma espécie de mínimo denominador do fascismo. Esse “mínimo” consistia em seis pontos definidores: antimarxismo, antiliberalismo, anticonservadorismo, valorização da autoridade, uma milícia partidária e o totalitarismo como meta (o famoso “Tudo no Estado. Nada contra o Estado. Nada fora do Estado”). Em 1992, o historiador italiano Emilio Gentile escreveu um consagrado verbete sobre o fascismo na Enciclopédia Italiana, no qual se complexificava os “seis pontos” de Nolte, e se propunha uma densa e sofisticada lista de dez pontos. Na definição de Gentile, o fascismo é:

Um movimento de massa cujos membros provêm das mais variadas classes sociais.
Uma ideologia “anti-ideológica” e pragmática, que se proclama antimaterialista, anti-individualista, antiliberal, antidemocrática, antimarxista e anticapitalista, e que se manifesta mais estética do que teoricamente, mediante um novo estilo político que cria mitos, ritos e símbolos, como uma espécie de religião secular voltada à criação de um “novo homem”.
Uma cultura fundada num pensamento místico, que valoriza a vontade de poder e a juventude como o motor da história, e no ideal de militarização da política e da sociedade.
Uma concepção totalitária do primado da política sobre todas as demais esferas da vida social.
Uma ética civil fundada na devoção à unidade nacional, na disciplina, na virilidade e no companheirismo.
Um partido único responsável por defender o regime, organizar as massas e mantê-las num permanente estado e emoção e fé política.
Um aparato policial voltado à repressão da dissidência.
Um sistema político organizado numa hierarquia funcional coroada pela figura de um “líder máximo” carismático e cultuado.
Uma organização corporativista da economia que suprime a espontaneidade da organização sindical, amplia a esfera de intervenção estatal e busca manter os setores produtivos sob o controle do regime, submetendo-os às necessidades da Realpolitik, mas mantendo em alguma medida a propriedade privada e as distinções de classe.
Uma política externa inspirada pelo mito da grandeza nacional, com objetivos de expansão imperialista.
Em 1995, dando continuidade a essa tradição tipológica, o historiador Stanley Payne inspirou-se em modelo tripartite proposto pelo grande cientista político espanhol Juan J. Linz para chegar a uma definição criterial aplicável a todos os movimentos fascistas do entreguerras, definição que consiste na identificação de a) pontos comuns em ideologia e metas; b) um conjunto de negações; e c) traços compartilhados de estilo e organização. Payne organizou essa tipologia descritiva numa tabela:

1. Ideologia e metas:

Defesa de uma filosofia idealista, vitalista e voluntarista, envolvendo a tentativa de criar uma nova cultura moderna, autoconfiante e secular.

2. Negações:

Antiliberalismo;

Anticomunismo;

Anticonservadorismo.

3. Estilo e organização:

Mobilização das massas mediante a militarização das relações sociais, tendo em vista a organização de uma milícia partidária.

Ênfase na estética das manifestações públicas, por meio de símbolos e de uma liturgia política que reforcem as paixões populares.

Ênfase numa ética da masculinidade e numa visão orgânica da sociedade.

Exaltação da juventude, com estímulo ao conflito de gerações como gatilho para grandes transformações políticas.

Valorização de uma liderança autoritária, carismática e personalista, quer tenha sido conduzida ao poder mediante eleição, quer mediante golpe de estado.



Nessas e em outras tipologias, percebe-se que o fascismo genérico apresenta elementos capazes de situá-lo tanto na direita quanto na esquerda, conforme o entendimento usual desses termos. Os estudiosos citados são praticamente unânimes em apontar, por exemplo, o caráter eminentemente revolucionário, anticonservador e anticapitalista do fascismo. Sendo que, numa tradição que começa com Edmund Burke e passa por líderes políticos como Churchill, Thatcher e Reagan, a direita tem sido associada, entre outras coisas, ao conservadorismo, à contrarrevolução e à defesa do capitalismo liberal, fica difícil compreender a sua identificação imediata e inequívoca com o fascismo. Ela só faria algum sentido sob o critério único e restrito do anticomunismo.

Se, de outra parte, e como de hábito, se opte por caracterizar o pensamento de direita como uma defesa da tradição religiosa cristã contra os avanços do secularismo iluminista, sua relação com o fascismo genérico torna-se ainda menos nítida. Como explica Payne: “A ideologia fascista, diferentemente da ideologia de direita, é na maior parte dos casos secular”. Antes que contrárias ao Iluminismo, as ideias fascistas são “produto de aspectos do Iluminismo derivado especificamente dos conceitos modernos, seculares e prometeicos típicos do século 18”. O autor nota ainda que “o esforço para criar uma nova religião civil era fundamental ao fascismo”. E a proposta de uma “religião civil”, convém lembrar, foi inaugurada por ninguém menos que Jean-Jacques Rousseau, patriarca espiritual da esquerda contemporânea.

Em seu Interpretações do Fascismo (1974), A. James Gregor demonstra o quanto a dicotomia direita-esquerda foi prejudicial para a compreensão do fascismo, e do quão ideologicamente contaminada é essa chave interpretativa. Em suas palavras: “Durante grande parte do século 20, analistas dos eventos políticos mundiais têm lidado com os sistemas revolucionários modernos em termos de uma dicotomia esquerda-direita na qual a ‘esquerda’ permanece de algum modo ligada à tradição do Iluminismo, e a ‘direita’ é identificada com uma bestialidade primordial. Quase sempre, o fascismo é descrito como ‘irracional’ e ‘psicopatológico’. Essas caracterizações raramente são empregadas na análise dos regimes marxistas-leninistas, não importa o quão bestiais tenham sido”.

Foi para escapar desse problema que, na segunda metade do século 20, muitos intelectuais (com destaque, evidentemente, para a filósofa Hannah Arendt) começaram a insistir no emprego do termo totalitarismo, entendido como um tipo ideal, para se referir aos movimentos políticos de massa do período. Mas este é tema para o nosso próximo artigo."

troy is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
26-10-18, 23:12 #86
Eaí, Troy?! É esquerda ou direita?

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clash
Trooper
 

01-06-20, 08:20 #87
as bandeiras nazistas tavam de que lado nos protestos de ontem, hein?

clash is offline   Reply With Quote
Something
Trooper
 

01-06-20, 09:47 #88
Cringe content


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Yakov
Trooper
 

Steam ID: kovyakov
01-06-20, 09:50 #89
Quote:
Postado por clash Mostrar Post
as bandeiras nazistas tavam de que lado nos protestos de ontem, hein?
tinha quantas?

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David
Robson
 

01-06-20, 13:32 #90
Quote:
Postado por clash Mostrar Post
as bandeiras nazistas tavam de que lado nos protestos de ontem, hein?
era bandeiras de movimento fascista da Ukrania

David is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
01-06-20, 14:50 #91
a opiniao da embaixada da ucrania vale como prova ou so a da embaixada da alemanha?

https://brazil.mfa.gov.ua/pt/news/ca...edacao-da-veja

so pra saber quando que um argumento vale e quando deixa de valer e talz.

no mais, 2 grupos de imbecis fazendo imbecilidades.

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EviLBraiN
Trooper
 

01-06-20, 17:25 #92
Temos de lutar pela democracia!!!!

 

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marceloisoppo
Trooper
 

02-06-20, 13:07 #93
Ontem eu ouvi por ai sobre comunismo libertário

marceloisoppo is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

02-06-20, 13:11 #94
Quote:
Postado por marceloisoppo Mostrar Post
Ontem eu ouvi por ai sobre comunismo libertário
Pior que nos EUA o termo "libertário" foi coaptado pela esquerda igual o termo "liberal".

Tem muito "libertarian" commie, vai ver que o mesmo está acontecendo no Brasil. Esses commies reclamam mas adoram uma modinha americana.

Baron is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

02-06-20, 16:54 #95
É a bosta nas traduções. Galera traduz a reportagem americana e aí colocam o termo liberal que se escreve igual em inglês e português.

E aí muita gente q não sabe não entende e confunde. Liberal no Americano é esquerda. Liberal no Brasil até o momento não é esquerda. É mais aquela direita libertária.

Uma merda essa confusão.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
clash
Trooper
 

02-06-20, 19:57 #96
Quote:
Postado por Jeep Mostrar Post
a opiniao da embaixada da ucrania vale como prova ou so a da embaixada da alemanha?

https://brazil.mfa.gov.ua/pt/news/ca...edacao-da-veja

so pra saber quando que um argumento vale e quando deixa de valer e talz.

no mais, 2 grupos de imbecis fazendo imbecilidades.


só pra saber, então, o que as bandeiras da Ucrânia estariam representando nesses protestos de apoio ao governo?

clash is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

02-06-20, 20:13 #97
Quote:
Postado por clash Mostrar Post
só pra saber, então, o que as bandeiras da Ucrânia estariam representando nesses protestos de apoio ao governo?
Leia sobre holodomor que vc vai entender.

Nesses protestos de direita seria um símbolo de combate contra a esquerda.

Nem é tão difícil assim de entender. Faz uma força aí.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
02-06-20, 20:17 #98
Chutaria a admiracao pelo pais q proibiu partidos comunistas e afins, equiparando ate onde sei com nazismo. Esse pessoal ai adora essa vibe.

Mas pra saber certinho, so se vc perguntar pro cara que se deu ao trabalho de imprimir uma bandeira da ucrania e perder o fds arrumando treta na paulista.

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David
Robson
 

02-06-20, 21:30 #99
Boa Jeep. Expulsaram o Socialismo e o Nazismo para fazer a mesma bosta.

David is offline   Reply With Quote
clash
Trooper
 

07-06-20, 11:39 #100
HAHAHAHAHAHAHAHHA
eu sei o que representa, perguntei só pra deixar a passada de pano de vocês arquivada pro futuro


Aqui vemos um pessoal protestando com essas bandeiras, deve ser contra HOLOMODOR, né, essa mão pra cima aí deve ser isso, nada de nazistas
 


aqui vemos esse garoto que nem é nazista, esse símbolo do peito dele não quer dizer nada disso, imagina, carregando estas mesmas bandeiras.
 



aí como vemos aí emcima, chegamos neste cabrinha aqui
 


um ídolo nacional que enfrentou as ameaças inimigas, como diz o Jeep, enfrentou poloneses, enfrentou comunistas
 


SÓ QUE, pequeno detalhe,
pena que era colaborador NAZISTA, né
aqui o Zozulya, jogador declaradamente nazista, com as cores da bandeira e a foto do BANDEIRA
 

 

88 pros nazistas é o HEIL HITLER, pra que não sabe


AÍ, DENTRO DE TANTO HEROIS UCRANIANOS, PUXA, ESSE PESSOAL ESCOLHEU O BANDEIRA NAZISTA PRA ÍDOLO, Né, que coencidência


mas não paramos aqui
pra quem ainda não está convencido da ESTETICA nazista junto com a direita temos mais COENCIDENCIAS

aqui temos os nazis marchando com os confederados
 

e os confederados são o q hein? direita? esquerda? amigos do Trump? amigos do OBAMA?





e tem mais
a Sara Winter, apoiadora do Bozo, embarracada na Esplanada com as barracas doadas pela HAVAN, fez uma passeata com uma estética legal hein
não remete a nada não?
 



e tem mais ainda
pra continuar nessa estética
tivemos o ministro da Cultura emulando Goebbels
 




e SEMANA PASSADA o ALLAN DOS SANTOS, blogueiro bolsonarista, amiguinho de DUDU BOLSONARO bebendo leite em LIVE

pra ajudar os ENTENDEDORES ENTEDERÂO vai uma fotinha ai
 

até o Tarantino manja essa
 


e vários diretores famosos tb
 





MAS IMAGINA, esse NAMORO da Direita com NAZISMO é tudo coincidência, não quer dizer nada
o NAZISMO era mesmo de esquerda

e pra quem acha que é um movimento só orgânico, a bandeira estar junto de um carro de som num protesto pró governo não representar nada, tem essa leiturinha aqui:
https://www.mintpressnews.com/us-bac...acists/251951/

 

clash is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
07-06-20, 14:10 #101
Quote:
Postado por clash Mostrar Post
HAHAHAHAHAHAHAHHA
eu sei o que representa, perguntei só pra deixar a passada de pano de vocês arquivada pro futuro
mas entao a posicao de uma embaixada a respeito de um assunto nao é a palavra final a respeito do dito assunto?

embaixador da ucrania com simbolo nazista ao fundo. Nazi.
 


ministerio de educacao e ciencia da ucrania? nazi.
 


presidente da ucrania? nazi.
 


etc etc etc? nazis.


https://www.wired.com/2017/05/alt-ri...-false-symbols

depois o pocket se reelege e ninguem entende.


Last edited by Jeep; 07-06-20 at 14:35..
Jeep is offline   Reply With Quote
clash
Trooper
 

07-06-20, 18:39 #102
o governo do Zelensky é bemmmmmm light com os neonazis pq eles fizeram o golpe né, e pra surfar na onda anti Poroshenko, anti Russia, ele tem que passar a mão nesse pessoal e consequentemente nos seus símbolos
daí a declaração do embaixador
(e isso é mais um exemplo de namoro da direita com os nazis)

eeee o símbolo que usaram não é o brasão de Armas da Ucrânia que você tá mostrando
é o brasão no fundo vermelho e preto, que é a bandeira disso aqui: https://en.wikipedia.org/wiki/Right_Sector




aííííííí, se você tem um símbolo que é mundilamente reconhecido como usado por neonazis, eu acho que não é de bom tom você andar do lado dessas pessoas ou deixar elas com vc num prostesto, certo? pq você vai ser chamado de neonazi tb
tem tanto símbolo aí pra escolher, mas jussssssssstamente o que se confunde com o neonazi?





aí vamos pra segunda parte que é seu artigo:
concordo com o artigo que os altright brincam de símbolos nazistas pra aparecer e ganhar ibope


mas temos a teoria do pato, né
se faz barulho de pato, anda igual a pato, talvez seja a PORRA DUM PATO

o fascitinha do Paul Joseph Watson aí, citado pelo artigo, se vc substituir os videozinhos sobre os mulçumanos dele, e colocar o termo "povo judeu", eu aposto que o TERCEIRO REICH inteiro iria bater palmas e choraria igual os filmes do Goebbels

e aí denovo, é a direita e o nazismo se confundindo num beijo, selando o amor de mil anos pra purificar a Europa dos invasores sujos
HEIL BOZONARO!


Last edited by clash; 07-06-20 at 18:45..
clash is offline   Reply With Quote
Jeep
fagmin
 

XFIRE ID: ds-jeep Steam ID: jeep_ds
07-06-20, 19:26 #103
 


realmente as cores sao diferentes, mas o simbolo tambem. quer ser preciso so pra um lado? mas na duvida, nazis.

devo dizer que quando vi a historia primeiro, mostravam um cara com a bandeira na versao azul e amarela, vou lhe dar o ponto que realmente essa vermelha parece ser mais "pensada", eu pelo menos nao conhecia nenhuma das 2, mt menos como "mundialmente conhecida".

- o artigo mostra 4chan criando memes e trolando geral, pra ver o povo pirando e procurando conspiracoes, no artigo falam de varias outras.

demais nazis:
Правий сектор - mundialmente conhecido como simbolo nazista
patos - caracteristicas isoladas em quantidades arbitrarias podem indicar um pato
ucrania - flerta com nazis
embaixador - same energy
paul watson - fascistinha
direita - bitocas com o nazismo, purificando invasores e talz.

ps: Entao, uma embaixada pode ter interesses baseadas nos interesses do governo e nao ser uma fonte confiavel?


Last edited by Jeep; 07-06-20 at 19:37..
Jeep is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

08-06-20, 06:14 #104
Protesto domingo na Paulista pro bolsonaro pedindo intervenção militar. Segundo reportagem da UOL q li, pouco mais de 40 pessoas.

Pqp fudeu. Direita nazista vai tomar o poder no Brasil.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
marconds
PHD em Dota 2
 

08-06-20, 09:50 #105
Paul Watson fascista é desonestidade... pelamor. Me parece sim, um cara que é indignado com muçulmanos, me aparenta estar tendo problemas com a situação no país dele. Agora, chamar ele de fascista é forçar demais.

@EvilBraiN Exatamente, nego pega uma dúzia de pessoas doentes e querem agregar aos 99,9999% pra tentar legitimar as merdas que faziam e que ainda querem fazer. Tá de brincs, né?!

marconds is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

08-06-20, 17:42 #106
Foto do "MURO ANTIFASCISTA", nome dado pela URSS ao que nós chamamos de "Muro de Berlin".

Se um commie te chama de fascista fique tranquilo que é elogio.






 

Baron is offline   Reply With Quote
David
Robson
 

08-06-20, 22:34 #107
Pessoal, vamos simplificar.

Se um movimento é classificado como fascista, mesmo que lute contra socialistas e nazistas, sendo fascista ainda é ruim né?

Pq seis tão tretando para concordar se é nazista ou não. Mas fascista está de bom tamanho pra dizer que parte de direita flerta realmente com fascismo.

David is offline   Reply With Quote
Blazed
Trooper
 

09-06-20, 11:19 #108
TIL Leon é nazista.

Blazed is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

09-06-20, 12:39 #109
Quote:
Postado por David Mostrar Post
Mas fascista está de bom tamanho pra dizer que parte de direita flerta realmente com fascismo.
Ninguém discorda disso, inclusive um bom exemplo foi o Pinochet.

Baron is offline   Reply With Quote
Bullet
Trooper
 

09-06-20, 13:30 #110
Mega malabarismo da imprensa e "especialistas" pra ligar a manifestação pro governo a UMA bandeira de um movimento da ucrania que SERIA facista !

Nas manifestações antifas rola bandeira da Palestina
que é controlada pelo HAMAS
grupo terrorista e mto simpatico ao nazismo

alguem toca no assunto ou tenta desmoralizar a manifestação deles?
imprensa esquece até de falar de aglomeração nessas horas

sem contar as bandeiras comunistas... coreia do norte.. ditadores genocidas..

DAI PODE!

Bullet is offline   Reply With Quote
David
Robson
 

09-06-20, 15:35 #111
Quote:
Postado por Bullet Mostrar Post
Mega malabarismo da imprensa e "especialistas" pra ligar a manifestação pro governo a UMA bandeira de um movimento da ucrania que SERIA facista !
...
3 min de wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/Right_...s_in_the_press

Quote:
Descriptions in the press

Right Sector has been described by BBC News as a "Ukrainian nationalist group"[19] and an "umbrella organization of far-right groups".[117] Time has described it as a "radical right-wing group ... a coalition of militant ultra-nationalists",[22] with an ideology that "borders on fascism".[9] The New York Times has described it as a "nationalist group" and a "coalition of once-fringe Ukrainian nationalist groups".[18]

The Guardian has identified it as a "nationalist Ukrainian group";[118] Reuters as a "far-right nationalist group";[119] Agence France Presse as a "far-right" group;[25] and the Wall Street Journal as an "umbrella group for far-right activists and ultranationalists".[120]

Die Welt, the New York Times, and Le Monde Diplomatique have described some of Right Sector's constituent groups as radical right-wing, neofascist, or neo-Nazi, but also that is distanced itself from antisemitism.[21][40][43]

Writing for Foreign Policy, Hannah Kozlowska stated that Russian propaganda tried to demonize the Ukraine government and build a case for the annexation of Crimea by depicting Right Sector as a powerful neo-Nazi force bent on taking over the government. During the first half of 2014, Right Sector was the second-most mentioned political group in online Russian mass media.[26]

The Associated Press has called it a "radical ultranationalist group ... demonized by Russian state propaganda as fascists".[20] The AP reported that it had found no evidence of hate crimes by the group.[20]

The Russian News & Information Agency has portrayed Right Sector as a "radical far right opposition group" and said that "Russian state media have tried to cast the demonstrations as a predominantly Fascism-inspired movement".[23]

The RT (formerly Russia Today) TV News network has portrayed it as a "Ukrainian radical neo-fascist" group.[81]

David is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
09-06-20, 16:31 #112
esse aqui é mais um tópico pra passar pano pra fascista?

cambada de arrombado

Zigfried is offline   Reply With Quote
Bullet
Trooper
 

09-06-20, 16:47 #113
Quote:
Postado por David Mostrar Post
3 min de wikipedia:
o Jeep ja explicou

mas só pra desenhar

UMA bandeira pra deslegitimizar uma manifestação toda, quando é de direita (bandeira essa que da pra ser interpretada de diferentes formas)

ANTI DEMOCRATICO toda uma manifestação quando tem meia duzia de tonto que desde o impeachment da dilma leva faixa de intervenção militar

INCONSEQUENTES quando se manifestam em plena pandemia e se aglomeram

Agora quando a bandeira é do Hugo Chavezm, venezuela, palestina, coreia do norte, urss, chê.... daí pode!

Quando torcidas organizadas se reunem e con gritos antifas depredam patrimonio público... é ato A FAVOR DA DEMOCRACIA

E quando o fazem, a pandemia sequer é citada

usa mais 5 min de google ai
seu canalha

Bullet is offline   Reply With Quote
David
Robson
 

09-06-20, 17:27 #114
Quote:
Postado por Bullet Mostrar Post
o Jeep ja explicou

mas só pra desenhar

UMA bandeira pra deslegitimizar uma manifestação toda, quando é de direita (bandeira essa que da pra ser interpretada de diferentes formas)
...
bandeiras possuem significado, até o carro de som achou legal. e claro que é melhor explicar, este desgoverno já está bem complicado e qualquer manifestação numa pandemia já é ir na contra mão

David is offline   Reply With Quote
didz
#NPNÃO
 

Gamertag: Stefan Prestes PSN ID: stefanprestes XFIRE ID: exxhail Steam ID: didz
10-06-20, 18:17 #115
Não li absolutamente nada, vim aqui dizer que quem diz que o nazismo foi um regime de esquerda:

1. Nunca pisou na Alemanha;
2. Nunca foi a um campo de concentração e/ou museu europeu relacionado;
3. Nunca conversou com um alemão qualificado sobre o tema;
4. Não tem absolutamente nenhuma noção de como o tema é tratado na Alemanha, até pelo ensino fundamental;
5. Provavelmente é refém de uma falácia lógica, sabe-se lá por quê. Possivelmente pela leitura equivocada e a tentativa de aplicar os conceitos de direita/esquerda que temos hoje na Alemanha nazista dos anos 30;
6. Pau no cu do [MENTION=104]night[/MENTION];
7. Escrevi e saí correndo, abraços.

didz is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
10-06-20, 19:22 #116
É por essas e outras que eu amo esse cavalo.

night is offline   Reply With Quote
Something
Trooper
 

10-06-20, 19:45 #117
Quem seria os alemães qualificados no tema?

Something is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
10-06-20, 20:58 #118
Something, já conversou com algum alemão, QUALQUER alemão, sobre o tema?
Acho que não. Na verdade, tenho certeza que não.
Se tivesse conversado, não faria uma pergunta como essa.

night is offline   Reply With Quote
David
Robson
 

10-06-20, 21:03 #119
A coisa é simples:

extrema direito acabou em nazismo (Alemanha) ou fascismo (Itália)

extrema esquerda acabou em USSR, China, Corea do Norte e Cuba

David is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

11-06-20, 07:43 #120
Pelo o que lembro tem tópico na Ds sobre isso com discussões bem profundas. Acho q já rolou.

Pelo o que lembro a confusão vem justamente pq direita e esquerda foi mudando naturalmente com o passar dos anos.

Então vc tem aspectos do nazismo que hoje nós encontramos na direita e outros que hoje estão na esquerda.

A interferência que o estado possuía na vida do indivíduo lá no nazismo hoje é um discurso mais presente em quem defende coletivismo do que individualismo.

Eu diria pra pegar o political compass, q Tb tem tópico aqui onde cada postou seu resultado e colocar o nazismo lá. Ver como ele achava q deveriam ser na economia e nos costumes.

Daria que ele é conservador de direita nos costumes ( que o gráfico coloca como autoritarismo em contra ponto com o libertarianismo) e de esquerda na economia ( defendendo um controle central da economia em contraponto ao liberalismo econômico).

Então se vc usar essa definição do political compass de hoje, ele cai em esquerda autoritária.

Mas é errado julgar ou classificar o passado como as ideias do presente. Fazer isso desagua nas bizarrices de reescrever a história. Ao invés de explicar o contexto da época, q seria o certo. ( tipo a polêmica com o filme e o vento levou q é um dos temas da histeria coletiva desta semana).

Então acaba q essa briga de se nazismo é direita ou esquerda nunca terá fim enquanto X defende q é direita pois analisa o contexto que ele existiu e Y defende que ele é esquerda pois classifica ele segundo o que a esquerda e a direita pregam hoje.

Isso pra não entrar nas particularidades dentro do espectro direita e esquerda. Pq pelo compasso vc pode ser de esquerda na economia e direita nos costumes ( uma China por ex) ou direita na economia e esquerda nos costumes ( partido novo).

Quando muda a régua vc muda onde cada coisa se encaixa.

Então nessa briga vc primeiro precisa perguntar pra pessoa q diz que o nazismo é X ou Y com qual régua ela está baseando o raciocínio dela.

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EviLBraiN
Trooper
 

11-06-20, 08:08 #121
Fui refazer meu political compass pra ver como anda hj em dia e no final ele tem um gráfico q coloca algumas figuras. Inclusive Hitler da Silva. Vou postar aí pra vcs verem.

 

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
Something
Trooper
 

11-06-20, 12:09 #122
[MENTION=104]night[/MENTION];
tinha lido "quem pensa que o nazismo não é de esquerda..."


por isso achei estranho e perguntei por algum alemão que fala isso

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David
Robson
 

11-06-20, 12:15 #123
outro ponto de vista:

a esquerda já tem muiota coisa no mesmo nível que o nazismo nas costas. deixem a direita com o nazismo e fascismo. isto mostra que coisa ruim não tem ideologia. temos que fazer o ceto em qualquer situação

David is offline   Reply With Quote
night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
11-06-20, 12:24 #124
Quote:
Postado por EviLBraiN Mostrar Post
Pelo o que lembro a confusão vem justamente pq direita e esquerda foi mudando naturalmente com o passar dos anos.
E isso só corrobora o que eu venho dizendo há tempos: que manter o discurso de esquerda x direita até hoje é de uma infantilidade (pra não dizer estupidez) incrível.

Esses conceitos, se é que alguma vez foram válidos, já estão há tempos bem ultrapassados. E não se aplicam à realidade atual, sobretudo brasileira.

Não existe direita ou esquerda, existe poder e pessoas que fazem de tudo para alcança-lo - inclusive transitar em direita, esquerda e "centrão" quando convém. Mas talvez essa polarização seja exatamente o que os poderosos querem que aconteça. Quanto mais briga, melhor. Na hora que o vulgo perceber que essa discussão não faz sentido, talvez muita coisa mude... talvez os personagens mudem, os poderosos sejam outros e, enfim, os representantes efetivamente representem.

Mas vocês não estão prontos para essa discussão... haha!

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night
Engineer
 

PSN ID: lcsaboia Steam ID: luzion
11-06-20, 12:26 #125
Quote:
Postado por Something Mostrar Post
[MENTION=104]night[/MENTION];
tinha lido "quem pensa que o nazismo não é de esquerda..."


por isso achei estranho e perguntei por algum alemão que fala isso
Ah, tá... eu achei mesmo que tinha algo de errado com seu questionamento.

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clash
Trooper
 

12-06-20, 10:21 #126
Quote:
Postado por marconds Mostrar Post
Paul Watson fascista é desonestidade... pelamor. Me parece sim, um cara que é indignado com muçulmanos, me aparenta estar tendo problemas com a situação no país dele. Agora, chamar ele de fascista é forçar demais.

@EvilBraiN Exatamente, nego pega uma dúzia de pessoas doentes e querem agregar aos 99,9999% pra tentar legitimar as merdas que faziam e que ainda querem fazer. Tá de brincs, né?!


pregar uso do aparelho estatal pra segregar um povo está na raiz do FASCISMO

tem post aqui nesse fórum de 2017 de fascistinha jr. falando que a Europa estaria acabada em 5 anos, com país com 20 milhões de mulçumanos terríveis destruindo a civilização ocidental
faltam 6 meses hein, tá acabando o prazo.


e
Exatamente, nego pega uma dúzia de pessoas doentes e querem agregar aos 99,9999% pra tentar legitimar as merdas que faziam e que ainda querem fazer. Tá de brincs, né?!
O PAULO JOSEPH WATSON FAZ EXATAMENTE ISSO ORAS BOLAS

clash is offline   Reply With Quote
marconds
PHD em Dota 2
 

15-06-20, 18:55 #127
Segundo Pew research, 19% dos islâmicos são radicais.
Em 2010, mais de 1,6 bilhões de pessoas era muçulmana.
Significa que 304 milhões de muçulmanos são radicais.

Realmente, não há nada a temer. Uma minoria insignificante.
E onde estão os 81% 'do bem' que nada fazem ao ver uma minoria radical? Que não lutam contra os violentos? Realmente, não há problema nenhum. Todo mundo é coitadinho (menos os brancos malvados).

Esses argumentos nem são meus, só atualizei os dados com outros que procurei, vi nesse vídeo onde ela usa 25% radicais.


marconds is offline   Reply With Quote
Yakov
Trooper
 

Steam ID: kovyakov
15-06-20, 19:13 #128
esse video é bom demais

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Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
16-06-20, 07:46 #129
Isso aí, Marcondes. Acho que 300 milhões já dá pra passar com um B52 despejando "liberdade" sobre esse povo.

Zigfried is offline   Reply With Quote
marconds
PHD em Dota 2
 

16-06-20, 09:24 #130
Ninguém falou nada disso. Vocês partem de informações pra tirar conclusões absurdas e colocar na conta dos outros. Eu só concordo que com 300 milhões de radicais dispostos a matar por sua religião, os países tem sim que ter cuidado ao liberar os vistos. Não é 0,0001%. Não é uma suposição. É informação, são fatos, é história. Só ignora quem quer manter uma narrativa ideológica já refutada.

marconds is offline   Reply With Quote
yahoo!?
Trooper
 

Steam ID: STEAM_0:0:3711915
16-06-20, 10:41 #131
Praticamente todos os países do mundo possuem leis anti-nazistas onde se voce for pego portando uma bandeira nazista, um simbolo nazista, é considerado crime e voce é preso por isso. (lembrando o tiozinho que foi pego num restaurante no sul do país com uma flamula nazista no braço e depois meteu o loco na prisão se dizendo que é psicótico e toma remédios)

Praticamente todos menos o EUA. Nos EUA você pode fazer uma passeata ou manifestação "pacífica" com seus amigos nazistas na rua com bandeiras e flamulas que a constituição deles permite a manifestação de simbolos e trajes nazistas nas manifestações, e estou dizendo de um país que lutou bravamente na WW2 contra eles.

É claro que atualmente qualquer imbecil que faça isso vai apanhar bastante da própria população, mas não existe lei igual no Brasil que impede a pessoa de sair com uma roupa fazendo alusão ao nazismo ou hastear uma bandeira nazista ou qualquer coisa que remete ao nazismo.

Vide constituição brasileira:

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

yahoo!? is offline   Reply With Quote
Yakov
Trooper
 

Steam ID: kovyakov
16-06-20, 11:38 #132
Quote:
Postado por marconds Mostrar Post
Ninguém falou nada disso. Vocês partem de informações pra tirar conclusões absurdas e colocar na conta dos outros. Eu só concordo que com 300 milhões de radicais dispostos a matar por sua religião, os países tem sim que ter cuidado ao liberar os vistos. Não é 0,0001%. Não é uma suposição. É informação, são fatos, é história. Só ignora quem quer manter uma narrativa ideológica já refutada.
Exato

Olha paises como afeganistão onde 50 anos atras era um pais de maioria BUDISTA, foi chegando muçulmano radical, constroi uma mesquitinha aqui de boa, amanha outra e daqui uns dias tao matando qualquer um que diga um piu contrario.
E o legal desse exemplo é que nao precisa interpretar, é historia.

Mesma coisa vai acontecer com qualquer um que siga essas politicas "inclusivas", alemanha em uns 30 anos vai ta na merda de tanto imigrante que foi pra la...

Muçulmano ta em paz enquanto ele achar que pode te converter, a partir do momento que ele sabe que tu nao vai virar muçulmano ele quer te matar, ou estuprar tua mulher e tuas filhas. Suecia ja começou com ondas de estupro, mas claro que não foi por causa dos muçulmanos, foi por causa dos homens.

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Baron
Trooper
 

16-06-20, 11:50 #133
Quote:
Postado por Zigfried Mostrar Post
Isso aí, Marcondes. Acho que 300 milhões já dá pra passar com um B52 despejando "liberdade" sobre esse povo.
Quem está despejando "liberdade" na Europa são os muçulmanos, não é assim?

A invasão já começou exatamente da mesma maneira que na idade média. E a resposta provavelmente vai ser igual: será tardia, como sempre, e no futuro vão ter que fazer uma cruzada para tirar os caras na porrada.

Aí podiam aproveitar e dessa vez retomar Constantinopla.

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clash
Trooper
 

09-01-21, 12:59 #134
UP

 

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clash
Trooper
 

24-03-21, 19:51 #135
Up 2

Nazistinha dentro dum governo de direita.

https://twitter.com/eixopolitico/sta...296207872?s=19

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tdf
 

Steam ID: tdf
27-03-21, 07:22 #136
O cara é judeu... Ele claramente tá ajeitando o vinco do blazer ali.
Essa babaquice generalizada só dá força pra narrativa de perseguição do Bolsonaro pela mídia. Não precisa desse tipo de bullshit pra criticar governo que só faz cagada.

Único caso bizarro foi daquele secretário da cultura lá. Aquele era doencinha.
O lance do leite foi mais ridículo ainda, era pedido dos produtores, dia internacional do leitinho quente..

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troy
Trooper
 

27-03-21, 17:32 #137
Quote:
Postado por troy Mostrar Post
Afinal o nazismo foi de direita ou de esquerda?
Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 2)

Flávio Gordon 03/10/2018 - Gazeta do Povo



“O grande romancista Arthur Koestler, conhecido ex-militante do KPD, o partido comunista alemão (Kommunistische Partei Deutschlands), explicou certa vez a estratégia traçada por Stálin e Willi Münzeberg (o gênio do agitprop comunista) para tornar o bolchevismo mais palatável internacionalmente: “A noção de que alguma vez pregáramos a revolução e a violência deveria ser ridicularizada como um espantalho, refutada como uma calúnia espalhada por reacionários maliciosos. Já não nos referíamos a nós mesmos como ‘bolcheviques’, nem mesmo como comunistas – e o uso público da palavra era agora reprovado dentro do partido. Éramos apenas honestos, humildes e pacíficos antifascistas,*defensores da democracia”.
A estratégia difundiu-se e consagrou-se na cultura política de esquerda de todo o mundo, sendo amplamente utilizada até os dias de hoje, como mostra a atuação dos movimentos sociais autoproclamados Antifa (“antifascistas”). Ela consiste em ocultar o próprio projeto de poder (quase sempre totalitário) sob a fachada de uma bandeira virtuosa qualquer, usualmente a do o antifascismo e a da defesa da democracia.
No último sábado, vimos a estratégia ser posta em prática aqui no Brasil, quando militantes do movimento “Ele Não” foram às ruas mascarar o seu apoio irrestrito ao projeto ditatorial lulopetista de retomada do poder sob o pretexto de combater o alegado machismo do candidato Jair Bolsonaro, líder das pesquisas de intenção de voto.
Para se compreender aquela estratégia de propaganda política, e o porquê de ela ter sido tão bem-sucedida ao longo das últimas décadas, é preciso voltar ao ponto em que paramos no artigo da semana passada. Como vimos ali, as primeiras interpretações sobre o fascismo surgiram de dentro do marxismo-leninismo, quando nada porque o próprio fenômeno em si tem essa mesma origem. E, muito embora a rixa entre eles houvesse sido motivada menos por grandes divergências doutrinárias do que por uma discordância pontual sobre a participação da Itália na guerra, os comunistas procuraram desde o início negar a origem revolucionária (e marxista) comum que partilhavam com os fascistas, empurrando conceitualmente esses últimos para a “direita” e o “reacionarismo”. Portanto, nota-se que as primeiras tentativas de compreensão do fascismo surgiram inextrincavelmente misturadas com um juízo moral acerca do fenômeno que se pretendia compreender.
Com efeito, diante daquele novo e impactante movimento político, os comunistas italianos e de toda a Europa recorreram ao cânon literário marxista, acreditando poder encontrar nas teses altamente especulativas do neo-hegelianismo de Marx e Engels a fundamentação teórica ex post facto para o juízo moral que, no calor da luta política, já haviam formado sobre o fascismo. Como não poderia deixar de ser, todavia, a realidade complexa não se deixava acomodar facilmente à cama de Procusto marxista, tendo de ser retalhada à medida da teoria. E que teoria era essa? Dedicarei este segundo artigo da série a recordá-la, pois só assim teremos um entendimento mais claro de como foi possível aos marxistas retratar o fascismo como um movimento “reacionário”, concepção que, em larga medida, continua influindo na linguagem política contemporânea.
Uma das “sagradas escrituras” consultadas pelos marxistas do pós-guerra foi Contribuição à Crítica da Economia Política (1859), texto em que, pela primeira vez, e de maneira concisa, Marx apresentava os fundamentos do materialismo histórico. Para o filósofo de Trier, como se sabe, a história consistia basicamente na interação entre “forças produtivas” (os meios materiais de produção de bens necessários à subsistência do homem) e “relações de produção” (as relações sociais que presidem a distribuição daqueles bens). Enquanto as primeiras se mantêm compatíveis com as segundas, há estabilidade social. Quando, ao contrário, as forças produtivas começam a se desenvolver para além dos limites das relações de produção vigentes, a mudança social torna-se inevitável.
Para Marx, cada uma das classes antagônicas em que se dividia a sociedade capitalista do seu tempo – a burguesia e o proletariado – encarnava um daqueles elementos produtivos. Na qualidade de guardiã das relações de produção, a burguesia era a classe “reacionária”. O proletariado, ao contrário, ao encarnar o dinamismo das forças produtivas, era a classe “progressista”. Em dado estágio do desenvolvimento histórico, as relações de produção convertem-se em grilhões das forças produtivas. Como, no sistema capitalista, os bens produzidos são distribuídos em função do lucro e da propriedade privada, eles só atendem aos interesses da classe dirigente, detentora dos meios de produção. E, na medida em que o ciclo produtivo só responde às exigências daquela, as forças produtivas não podem se desenvolver plena e livremente, levando o sistema à estagnação e, finalmente, ao colapso.
Em O Capital, encontramos a conhecida teoria marxiana do valor (mais tarde reduzida a pó por Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von Mises). De acordo com ela, apenas o “trabalho vivo” – o esforço físico do proletário – era capaz de criar valor. Já o “trabalho morto” – o capital constante (instrumentos de produção, investimento na fábrica, custos de aluguel, ativos fixos em geral) – seria incapaz de fazê-lo. Do valor gerado pelo trabalho vivo, uma parte é empregada como capital variável, ou seja, a remuneração mínima necessária à subsistência do trabalhador e à consequente manutenção de sua força de trabalho. O valor que sobra após o pagamento dos salários e os gastos com meios de produção é o que Marx chamou celebremente de “mais-valia” – o lucro do capitalista. Chegamos aqui ao ponto que realmente nos interessa. Na medida em que se altera a “composição orgânica do capital” (a relação entre capital variável e capital constante), diz Marx, há uma queda correspondente da taxa de lucro (a relação entre a mais-valia e a soma dos capitais constante e variável). E, quando a taxa de lucro se aproxima de zero, todo o sistema começa necessariamente a ruir.
Aquela é a “lei” do materialismo histórico, tão imperativa e necessária para os marxistas quanto a da gravidade ou a da seleção natural. Segundo essa lei, o modo capitalista de produção é inerentemente disfuncional e, em termos de posição na marcha inevitável da história, reacionário. Apenas uma revolução proletária “progressista” poderia redimir o futuro, instaurando uma “sociedade sem classes” na qual o lucro e a propriedade privada seriam extintos, bem como, junto a eles, as guerras, as privações e as injustiças. Como numa espécie de retorno ao Jardim do Éden de antes da Queda, a humanidade trocaria o reino da necessidade pelo da liberdade, onde o homem poderá “caçar de manhã, pescar na parte da tarde, cuidar do gado ao anoitecer, fazer crítica após as refeições” (segundo a célebre profecia de A Ideologia Alemã). Eis a escatologia trajada de “ciência” que por tanto tempo encantou a intelligentsia do Ocidente, parte da qual jamais abandonou a utopia.
Ao tempo da Segunda Internacional, e sobretudo depois da morte de Engels (1896), aquela crença secular no “milênio” da sociedade sem classes entranhou-se no espírito dos herdeiros de Marx, inspirando as primeiras interpretações do fascismo por toda a Europa. Poucos dias após a Marcha sobre Roma de 1922, por exemplo, o marxista austríaco Julius Braunthal já publicava no jornal do partido social-democrata um artigo intitulado “O golpe dos fascistas”, em que, empregando o jargão doutrinário ortodoxo, com todas as suas evocações moralistas, classificava o fascismo como “reacionário”, uma “brutal expressão do desejo de dominação por parte das classes proprietárias”. Sem qualquer fundamentação na realidade concreta, o autor ainda descrevia o movimento como sendo “uma contrarrevolução em estilo moderno, violenta e militarista”. Pouco importava que a revolução bolchevique houvesse sido ainda mais “violenta e militarista”. Que os bolcheviques tivessem feito mais vítimas na Rússia do que os fascistas em qualquer parte. Uma vez que surgira na Itália como oposição à “revolução proletária”, o fascismo só poderia ser contrarrevolucionário, ou seja, contrário ao necessário progresso histórico. E embora houvesse, à época da Marcha sobre Roma, mais trabalhadores nas fileiras do fascismo que nas do bolchevismo ao tempo da revolução de Lênin, ainda assim o movimento foi tido por reacionário, e os trabalhadores que o endossavam, por vítimas de sua própria “falsa consciência”.
Depois de Braunthal, outro marxista austríaco, de nome Julius Deutsch, deu continuidade àquela linha interpretativa, sugerindo, também a partir de juízos morais apriorísticos, que o fascismo era uma força “a serviço da reação dos capitalistas sedentos por lucro”. Mais tarde, ele enriqueceu sua tese, afirmando que o movimento também atraíra para suas fileiras uma pequena burguesia “fanatizada” e uma parcela de adolescentes seduzidos pelo “misticismo obscuro” da retórica fascista. Além de ferramenta do capitalismo, o fascismo passava a ser visto também como essencialmente irracional – uma interpretação que entraria em voga desde então. Para Deutsch, a conclusão pela irracionalidade do fascismo decorria do seguinte parti pris marxista: em termos puramente racionais (ou seja, conformes ao materialismo histórico), os trabalhadores do mundo deveriam ser fatalmente atraídos pela revolução proletária que os libertaria da exploração. Não fazia sentido que pusessem paixões nacionalistas acima de seus interesses de classe. Se o faziam, era porque não agiam racionalmente.
Logo após a chegada de Mussolini ao poder, o quarto congresso mundial da Terceira Internacional Socialista consagrou definitivamente aquela moldura interpretativa, cujos detalhes variavam e se adaptavam na medida em que a realidade contraditava a teoria. A princípio, por exemplo, o fascismo foi declarado como “instrumento” da “reação contrarrevolucionária” dos “capitalistas agrários” da planície padana contra as massas trabalhadoras. Em seguida, não apenas dos capitalistas agrários, mas de toda a burguesia. Depois, com o marxista húngaro Gjula Sas (que usava o pseudônimo Giulio Aquila), era a “burguesia industrial”, ou os “magnatas da indústria pesada”, que passavam a manejar o instrumento. Já para o Partido Comunista Italiano, o fascismo não servia propriamente à burguesia industrial, mas a uma “oligarquia agrária e industrial”. E assim sucessivamente, cada teórico marxista identificava um novo elemento das “classes dirigentes” como o “verdadeiro mestre” do fascismo. Em 1923, a marxista alemã Clara Zetkin reforçava a tese, no relatório que enviou ao Comintern em junho daquele ano. Intitulado “A luta contra o fascismo”, o documento sacramentou a versão oficial de que o fascismo era produto de uma reação da direita contrarrevolucionária. Mas, como veremos no próximo artigo, a rigidez dessa moldura interpretativa começou a incomodar até mesmo alguns membros da Terceira Internacional, para os quais havia muitos fatos que simplesmente não se acomodavam a ela."
.

troy is offline   Reply With Quote
troy
Trooper
 

27-03-21, 17:48 #138
Fascistas são esses esquerdistas, que aprontaram o maior escândalo pra abrir a discussão se o cara lá atrás estava arrumando o terno ou fazendo um ok deformado olhando pro nada. Senadores da república, cheio de coisas importantes para decidirem e inventam picuinha pra tumultuar. Sempre atrapalhando o governo, em busca de uma brecha para o impeachment e voltarmos a ter um governo estatizante, com vasta distribuição de cargos aos partidos.

troy is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
28-03-21, 09:22 #139
Olha os caras passando pano pra nazistinha. Vtnc...

Zigfried is offline   Reply With Quote
Kensha
Trooper
 

Gamertag: ksnrodrigoms PSN ID: rodrigo_machado
28-03-21, 17:41 #140
Quote:
Postado por tdf Mostrar Post
Ele claramente tá ajeitando o vinco do blazer ali.

AEHUIOIAEUAUHIAEUAEHUIAEUHOIAEUOHIEUHIOHIUAE
PUTA
MERDA
IRMAO

A GALERA FALA ISSO MEMO!!! ACHEI QUE ERA ZOEIRA

Kensha is offline   Reply With Quote
Never Ping
🌀 Trooper
 

Gamertag: Willian Braga PSN ID: Never_Ping XFIRE ID: neverping Steam ID: neverping
29-03-21, 09:00 #141
Se nazismo é de esquerda, porque temos mais pessoas ligadas à direita conservadora admiradoras do nazismo?

Alias, porque muitos neo-nazistas são apoiadores do Bolsonaro?

Aliás, porque o Bolsonaro sempre tem pessoas ligadas ao nazismo?

Never Ping is offline   Reply With Quote
EviLBraiN
Trooper
 

29-03-21, 11:51 #142
Quote:
Postado por Kensha Mostrar Post
AEHUIOIAEUAUHIAEUAEHUIAEUHOIAEUOHIEUHIOHIUAE

PUTA

MERDA

IRMAO



A GALERA FALA ISSO MEMO!!! ACHEI QUE ERA ZOEIRA
https://noticias.r7.com/brasil/comun...o-26032021?amp

O cara é judeu.



Np, só subir uns posts e ver o q falei. Depende da régua q vc usa. Esq dir hoje ou lá no passado.

EviLBraiN is offline   Reply With Quote
zorba
Trooper
 

Steam ID: luizkowalski
29-03-21, 12:13 #143
Quote:
Postado por troy Mostrar Post
Fascistas são esses esquerdistas, que aprontaram o maior escândalo pra abrir a discussão se o cara lá atrás estava arrumando o terno ou fazendo um ok deformado olhando pro nada. Senadores da república, cheio de coisas importantes para decidirem e inventam picuinha pra tumultuar. Sempre atrapalhando o governo, em busca de uma brecha para o impeachment e voltarmos a ter um governo estatizante, com vasta distribuição de cargos aos partidos.
 

zorba is offline   Reply With Quote
diferent
Trooper
 

29-03-21, 12:54 #144
Picuinha pura! Se o cara fosse supremacista ia ter vários rastros dele na net.
A minoria precisa fazer barulho se quiser aparecer e se até agora ninguém achou nada é pq não existe algo que o condene.

diferent is offline   Reply With Quote
Zigfried
Trooper
 

XFIRE ID: k00patroopa Steam ID: koopatroopa_
29-03-21, 15:57 #145

Zigfried is offline   Reply With Quote
clash
Trooper
 

30-03-21, 09:22 #146
 



HAEUHAUHAEU judeu pra caraio


e gosta muito desse sinal tão EFICIENTE pra ajeitar a lapela

 

clash is offline   Reply With Quote
clash
Trooper
 

30-03-21, 09:25 #147
Quote:
Postado por diferent Mostrar Post
Picuinha pura! Se o cara fosse supremacista ia ter vários rastros dele na net.
A minoria precisa fazer barulho se quiser aparecer e se até agora ninguém achou nada é pq não existe algo que o condene.
tem quase nada, imagina


 


 

clash is offline   Reply With Quote
diferent
Trooper
 

30-03-21, 12:55 #148
Então... se ele se queimou que se foda!
Mas cuidado com as montagens, pq nenhum dos lados é justo.

diferent is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

30-03-21, 13:43 #149
O país todo cagado, cheio de problemas, gente morrendo, a economia indo pro buraco e ainda estão perdendo tempo com essa punhetação?

auhuahauhauh ai ai...

Baron is offline   Reply With Quote
troy
Trooper
 

30-03-21, 21:23 #150
Quote:
Postado por Never Ping Mostrar Post
Se nazismo é de esquerda, porque temos mais pessoas ligadas à direita conservadora admiradoras do nazismo?

Alias, porque muitos neo-nazistas são apoiadores do Bolsonaro?

Aliás, porque o Bolsonaro sempre tem pessoas ligadas ao nazismo?
Quote:
Postado por troy Mostrar Post
Afinal o nazismo foi de direita ou de esquerda?
Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 2)

Flávio Gordon 03/10/2018 - Gazeta do Povo



“O grande romancista Arthur Koestler, conhecido ex-militante do KPD, o partido comunista alemão (Kommunistische Partei Deutschlands), explicou certa vez a estratégia traçada por Stálin e Willi Münzeberg (o gênio do agitprop comunista) para tornar o bolchevismo mais palatável internacionalmente: “A noção de que alguma vez pregáramos a revolução e a violência deveria ser ridicularizada como um espantalho, refutada como uma calúnia espalhada por reacionários maliciosos. Já não nos referíamos a nós mesmos como ‘bolcheviques’, nem mesmo como comunistas – e o uso público da palavra era agora reprovado dentro do partido. Éramos apenas honestos, humildes e pacíficos antifascistas,*defensores da democracia”.
A estratégia difundiu-se e consagrou-se na cultura política de esquerda de todo o mundo, sendo amplamente utilizada até os dias de hoje, como mostra a atuação dos movimentos sociais autoproclamados Antifa (“antifascistas”). Ela consiste em ocultar o próprio projeto de poder (quase sempre totalitário) sob a fachada de uma bandeira virtuosa qualquer, usualmente a do o antifascismo e a da defesa da democracia.
No último sábado, vimos a estratégia ser posta em prática aqui no Brasil, quando militantes do movimento “Ele Não” foram às ruas mascarar o seu apoio irrestrito ao projeto ditatorial lulopetista de retomada do poder sob o pretexto de combater o alegado machismo do candidato Jair Bolsonaro, líder das pesquisas de intenção de voto.
Para se compreender aquela estratégia de propaganda política, e o porquê de ela ter sido tão bem-sucedida ao longo das últimas décadas, é preciso voltar ao ponto em que paramos no artigo da semana passada. Como vimos ali, as primeiras interpretações sobre o fascismo surgiram de dentro do marxismo-leninismo, quando nada porque o próprio fenômeno em si tem essa mesma origem. E, muito embora a rixa entre eles houvesse sido motivada menos por grandes divergências doutrinárias do que por uma discordância pontual sobre a participação da Itália na guerra, os comunistas procuraram desde o início negar a origem revolucionária (e marxista) comum que partilhavam com os fascistas, empurrando conceitualmente esses últimos para a “direita” e o “reacionarismo”. Portanto, nota-se que as primeiras tentativas de compreensão do fascismo surgiram inextrincavelmente misturadas com um juízo moral acerca do fenômeno que se pretendia compreender.
Com efeito, diante daquele novo e impactante movimento político, os comunistas italianos e de toda a Europa recorreram ao cânon literário marxista, acreditando poder encontrar nas teses altamente especulativas do neo-hegelianismo de Marx e Engels a fundamentação teórica ex post facto para o juízo moral que, no calor da luta política, já haviam formado sobre o fascismo. Como não poderia deixar de ser, todavia, a realidade complexa não se deixava acomodar facilmente à cama de Procusto marxista, tendo de ser retalhada à medida da teoria. E que teoria era essa? Dedicarei este segundo artigo da série a recordá-la, pois só assim teremos um entendimento mais claro de como foi possível aos marxistas retratar o fascismo como um movimento “reacionário”, concepção que, em larga medida, continua influindo na linguagem política contemporânea.
Uma das “sagradas escrituras” consultadas pelos marxistas do pós-guerra foi Contribuição à Crítica da Economia Política (1859), texto em que, pela primeira vez, e de maneira concisa, Marx apresentava os fundamentos do materialismo histórico. Para o filósofo de Trier, como se sabe, a história consistia basicamente na interação entre “forças produtivas” (os meios materiais de produção de bens necessários à subsistência do homem) e “relações de produção” (as relações sociais que presidem a distribuição daqueles bens). Enquanto as primeiras se mantêm compatíveis com as segundas, há estabilidade social. Quando, ao contrário, as forças produtivas começam a se desenvolver para além dos limites das relações de produção vigentes, a mudança social torna-se inevitável.
Para Marx, cada uma das classes antagônicas em que se dividia a sociedade capitalista do seu tempo – a burguesia e o proletariado – encarnava um daqueles elementos produtivos. Na qualidade de guardiã das relações de produção, a burguesia era a classe “reacionária”. O proletariado, ao contrário, ao encarnar o dinamismo das forças produtivas, era a classe “progressista”. Em dado estágio do desenvolvimento histórico, as relações de produção convertem-se em grilhões das forças produtivas. Como, no sistema capitalista, os bens produzidos são distribuídos em função do lucro e da propriedade privada, eles só atendem aos interesses da classe dirigente, detentora dos meios de produção. E, na medida em que o ciclo produtivo só responde às exigências daquela, as forças produtivas não podem se desenvolver plena e livremente, levando o sistema à estagnação e, finalmente, ao colapso.
Em O Capital, encontramos a conhecida teoria marxiana do valor (mais tarde reduzida a pó por Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von Mises). De acordo com ela, apenas o “trabalho vivo” – o esforço físico do proletário – era capaz de criar valor. Já o “trabalho morto” – o capital constante (instrumentos de produção, investimento na fábrica, custos de aluguel, ativos fixos em geral) – seria incapaz de fazê-lo. Do valor gerado pelo trabalho vivo, uma parte é empregada como capital variável, ou seja, a remuneração mínima necessária à subsistência do trabalhador e à consequente manutenção de sua força de trabalho. O valor que sobra após o pagamento dos salários e os gastos com meios de produção é o que Marx chamou celebremente de “mais-valia” – o lucro do capitalista. Chegamos aqui ao ponto que realmente nos interessa. Na medida em que se altera a “composição orgânica do capital” (a relação entre capital variável e capital constante), diz Marx, há uma queda correspondente da taxa de lucro (a relação entre a mais-valia e a soma dos capitais constante e variável). E, quando a taxa de lucro se aproxima de zero, todo o sistema começa necessariamente a ruir.
Aquela é a “lei” do materialismo histórico, tão imperativa e necessária para os marxistas quanto a da gravidade ou a da seleção natural. Segundo essa lei, o modo capitalista de produção é inerentemente disfuncional e, em termos de posição na marcha inevitável da história, reacionário. Apenas uma revolução proletária “progressista” poderia redimir o futuro, instaurando uma “sociedade sem classes” na qual o lucro e a propriedade privada seriam extintos, bem como, junto a eles, as guerras, as privações e as injustiças. Como numa espécie de retorno ao Jardim do Éden de antes da Queda, a humanidade trocaria o reino da necessidade pelo da liberdade, onde o homem poderá “caçar de manhã, pescar na parte da tarde, cuidar do gado ao anoitecer, fazer crítica após as refeições” (segundo a célebre profecia de A Ideologia Alemã). Eis a escatologia trajada de “ciência” que por tanto tempo encantou a intelligentsia do Ocidente, parte da qual jamais abandonou a utopia.
Ao tempo da Segunda Internacional, e sobretudo depois da morte de Engels (1896), aquela crença secular no “milênio” da sociedade sem classes entranhou-se no espírito dos herdeiros de Marx, inspirando as primeiras interpretações do fascismo por toda a Europa. Poucos dias após a Marcha sobre Roma de 1922, por exemplo, o marxista austríaco Julius Braunthal já publicava no jornal do partido social-democrata um artigo intitulado “O golpe dos fascistas”, em que, empregando o jargão doutrinário ortodoxo, com todas as suas evocações moralistas, classificava o fascismo como “reacionário”, uma “brutal expressão do desejo de dominação por parte das classes proprietárias”. Sem qualquer fundamentação na realidade concreta, o autor ainda descrevia o movimento como sendo “uma contrarrevolução em estilo moderno, violenta e militarista”. Pouco importava que a revolução bolchevique houvesse sido ainda mais “violenta e militarista”. Que os bolcheviques tivessem feito mais vítimas na Rússia do que os fascistas em qualquer parte. Uma vez que surgira na Itália como oposição à “revolução proletária”, o fascismo só poderia ser contrarrevolucionário, ou seja, contrário ao necessário progresso histórico. E embora houvesse, à época da Marcha sobre Roma, mais trabalhadores nas fileiras do fascismo que nas do bolchevismo ao tempo da revolução de Lênin, ainda assim o movimento foi tido por reacionário, e os trabalhadores que o endossavam, por vítimas de sua própria “falsa consciência”.
Depois de Braunthal, outro marxista austríaco, de nome Julius Deutsch, deu continuidade àquela linha interpretativa, sugerindo, também a partir de juízos morais apriorísticos, que o fascismo era uma força “a serviço da reação dos capitalistas sedentos por lucro”. Mais tarde, ele enriqueceu sua tese, afirmando que o movimento também atraíra para suas fileiras uma pequena burguesia “fanatizada” e uma parcela de adolescentes seduzidos pelo “misticismo obscuro” da retórica fascista. Além de ferramenta do capitalismo, o fascismo passava a ser visto também como essencialmente irracional – uma interpretação que entraria em voga desde então. Para Deutsch, a conclusão pela irracionalidade do fascismo decorria do seguinte parti pris marxista: em termos puramente racionais (ou seja, conformes ao materialismo histórico), os trabalhadores do mundo deveriam ser fatalmente atraídos pela revolução proletária que os libertaria da exploração. Não fazia sentido que pusessem paixões nacionalistas acima de seus interesses de classe. Se o faziam, era porque não agiam racionalmente.
Logo após a chegada de Mussolini ao poder, o quarto congresso mundial da Terceira Internacional Socialista consagrou definitivamente aquela moldura interpretativa, cujos detalhes variavam e se adaptavam na medida em que a realidade contraditava a teoria. A princípio, por exemplo, o fascismo foi declarado como “instrumento” da “reação contrarrevolucionária” dos “capitalistas agrários” da planície padana contra as massas trabalhadoras. Em seguida, não apenas dos capitalistas agrários, mas de toda a burguesia. Depois, com o marxista húngaro Gjula Sas (que usava o pseudônimo Giulio Aquila), era a “burguesia industrial”, ou os “magnatas da indústria pesada”, que passavam a manejar o instrumento. Já para o Partido Comunista Italiano, o fascismo não servia propriamente à burguesia industrial, mas a uma “oligarquia agrária e industrial”. E assim sucessivamente, cada teórico marxista identificava um novo elemento das “classes dirigentes” como o “verdadeiro mestre” do fascismo. Em 1923, a marxista alemã Clara Zetkin reforçava a tese, no relatório que enviou ao Comintern em junho daquele ano. Intitulado “A luta contra o fascismo”, o documento sacramentou a versão oficial de que o fascismo era produto de uma reação da direita contrarrevolucionária. Mas, como veremos no próximo artigo, a rigidez dessa moldura interpretativa começou a incomodar até mesmo alguns membros da Terceira Internacional, para os quais havia muitos fatos que simplesmente não se acomodavam a ela."
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