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Cada vez mais ridículos
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[Filme] A Velha e o Detetive - Lições básicas de um set de filmagem
21-01-12, 09:51
#1
Então fefeios, estou acabando de filmar meu segundo curta metragem - "A Velha e o Detetive", uma comédia fantástica que também escrevi junto a minha co-diretora. Seguem umas fotinhas abaixo.
Mas o que dá título ao tópico são umas liçõezinhas básicas (a maioria é bem "óbvia", mas você só aprende mesmo tomando na cabeça) que eu aprendi nesse curta e o quanto eu aprendi do meu primeiro curta para o segundo. - As vezes tudo o que se precisa é sorte. Houve um dia crucial de filmagem (uma segunda feira) que o climatempo apontava como caindo uma tempestade. O pessoal da equipe me ligou as 5h30 da manhã (a gente se reunia na locação - uma praia, as 7h) com o tempo todo nublado e prometendo cair o mundo. Foi aquele momento ou vai, ou racha. Sendo que se rachasse seria pelo menos 40% do dinheiro do curta jogado por água abaixo. Resultado - abriu um sol filho da puta. - Nunca, nunca despreze o som. Cinema é AUDIOvisual. No meu primeiro curta tivemos apenas um operador de boom e nenhum técnico de som e isso afetou MUITO a qualidade final do curta. - Escolha os atores através de casting. Evite ao máximo indicações de terceiros (a não ser que seja para fazer parte das audições). O passo número 1 de ter uma boa direção, é ter bons atores. - Você não ensina ninguém atuar. Tem diretores que acham que dirigir é ensinar aos atores como fazer um personagem. Não - o papel do diretor é muito menor (e mais crucial) do que isso. É definir o personagem ao lado do ator. Quem estudou a vida inteira como entrar na pele de um personagem não foi o diretor, afinal. - Houve um dia crucial em que um dos integrantes da equipe - o único que destoava do status quo de felicidade, explodiu. Tive que resolver uma DR de 20 minutos no telefone, com a equipe já se preparando no set. Eu poderia ter largado um foda-se e colocado alguém para fazer seu trabalho. Mas consegui demonstrar que o melhor para mim, para a pessoa e para o curta, era resolver as diferenças de forma amadurecida. Resultado - o trabalho da pessoa foi crucial para a qualidade final do curta. - Planeje sempre o pior. Eu aproveitando para economizar o orçamento limitadíssimo - não coloquei almoço no set no dia. Resultado - tudo atrasou muito e a fome bateu no set inteiro. E sanduiches e biscoitos não foram o suficiente. Já nos dias seguintes de filmagem não cometi mais esse erro. - Sempre há imprevistos. Em uma locação apareceu um piano para tocar música ambiente. Na outra, o pessoal da comlurb fazia obras de tirar entulho com uma britadeira. E na outra, 3 mendigos bêbados não paravam de falar. Mas conversando com o cara do piano e o pessoal da comlurb a equipe conseguiu com que eles parassem 5 minutinhos em cada momento que fossemos rodar - dando tudo certo. Os mendigos só precisaram de 10 reais para ficarem quietos. - Amigos existem em todos os lugares. Como eu poderia esperar que o maluco que vende coco na praia me salvaria um dia, me emprestando uma tenda? - Direção é tomar decisões. Muitas idéias (talvez até as melhores) não vão vir dos diretores, mas da equipe. Cabe aos diretores saberem o que é melhor pro curta e acatá-las quando ver que isso vai refletir na qualidade final. Mas também é preciso saber quando dizer não e seguir com o estipulado. - Não se apegue muito ao storyboard e ao roteiro. Eles são portos seguros, mas não podem de forma alguma congelar o seu trabalho no set. É preciso equilibrar isso com a logística e com as surpresas (positivas ou não) que aparecerem. - Cada um tem sua própria tática de concentração. Respeite as diferenças. - Não espere a oportunidade perfeita para lançar um projeto. Planeje o melhor momento possível e vá com tudo. - Diretor (fazendo teste de maquiagem) sofre. Ps. Quando o curta ficar pronto (daqui a alguns meses) eu dou o feedback. |
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Trooper
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21-01-12, 11:05
#2
- Mesmo uma idéia simples pode render um bom curta metragem.
-Na hora dos créditos não faça um final escatológico. http://forum.darkside.com.br/vb/showthread.php?t=51284 |
tony
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21-01-12, 11:18
#3
noice!!
maior lição de sets pra mim: fita crepe é vida! s2 |
Trooper
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21-01-12, 11:22
#4
Testemunho legal.
Como vai distribuir o vídeo? Aqui no paraná, a Globo do estado(RPC) tem um programa regional que passa depois do Fantástico/BBB com algumas notícias daqui e produções independentes, geralmente são comédias, causos e de época, não sei se existe uma restrição para que seja só produções paranaenses mas deve ser interessante pra divulgar o trabalho. |
Cada vez mais ridículos
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21-01-12, 12:13
#5
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Trooper
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21-01-12, 17:09
#6
vi o primeiro curta agora, nao gostei. As lições foram boas
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The real (1)
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22-01-12, 23:15
#7
mais fotos!
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Trooper
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22-01-12, 23:52
#8
e sem camisa!
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Trooper
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23-01-12, 01:54
#9
comia facil a menina de tenis na praia
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Trooper
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23-01-12, 02:15
#10
cadê o primeiro curta?
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Cada vez mais ridículos
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23-01-12, 08:27
#11
@ MdKBooM:
Eu não tenho ele upado completo ainda (o katsumoto deve ter visto um exercício de direção que eu fiz pra New York Film Academy, que era cheio de limitações e com uma equipe de DUAS pessoas hahaha - mas que ficou excelente, na minha opinião, no que era proposto e pelas restrições). Aqui seguem os 5 primeiros minutos então. Já dá pra ver uns problemas de som (nas falas do protagonista), a falta que uma diretora de arte fez (basta comparar os cenários com os das fotos do "A Velha e o Detetive") e outras coisinhas mais. Não era meu roteiro também e eu percebi que existem remendos na narrativa que como diretor eu deveria ter feito, pois não ficavam muito claras quando transpostas para tela. Além da questão dos atores que eu já falei nas lições acima. ---- @ Many: ---- A história, resumidamente, é: Uma velha perdeu algo que ela não sabe o que é e procura um detetitve que tem déficit de atenção. Para descobrir qual foi objeto perdido, ele procura um mágico de rua, a neta "gold digger" na praia, um árabe mal humorado (aonde ele cheira temperos que o deixam "louco") e um ateliê de estátuas onde ele jura encontrar David, Vênus e Michelângelo. ---- @Zig: Você não está no Rio? E a todos que estiverem. Devo filmar a última cena sexta (a do mágico) - eu confirmo aqui - de tarde, quem estiver livre e quiser ver EEEE servir de figuração será bem vindo. Local ainda confirmar, no entorno da Lagoa. |
Trooper
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23-01-12, 08:54
#12
legal, tira uma duvida plis
Sempre tive a curiosidade de saber como se ganha dinheiro com esse tipo de trabalho Tipo, eu sou consumidor de filme que passa em cinema ou o que passa nos principais canais de TV |
fagmin
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23-01-12, 09:05
#13
pics em close do making off da venus
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Chief Rocka
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23-01-12, 09:16
#14
second that ^
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Cada vez mais ridículos
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23-01-12, 10:19
#15
Quote:
1) Se inscrever em festivais e esperar ser visto. (Por algum produtor que se interesse no seu trabalho) 1.5) Ter um portfolio considerável - para poder chegar a produtores e etc, e mostrar o que já foi feito (na raça). 2) Entrar por alguma "área adjunta" e ir crescendo. Ex. Ator, Roteirista (meu caso), Assistente de Produção, Assistente de Fotografia, Assistente de Direção de Arte, Assistente de Som, etc. Sendo que no Brasil - o refúgio, início de muitas carreiras se dá por comerciais. No fim, o que importa é estar fazendo, publicar seu trabalho e ir batendo cabeça até conseguir um espacinho no mundo do cinema. Ai a partir daí é não fazer cagada e ir em frente. O que acontece é que muita gente que faz cinema hoje é da leva do "cinema autoral anti-capitalismo etc etc, arte RLZ" - que por mais "inspirador" que seja, é muito limitador. Afinal, se você é um produtor, você não quer alguém na equipe quem não tá nem aí pra questão de bilheteria e público. Afinal, são eles que vão pagar o filme. Na minha concepção, a arte mesmo está em se equilibrar o "Hollywood" e o "Autoral". Afinal - sendo arte você tem que fazer algo que signifique alguma coisa pra você e sendo um produto consumido pela massa (ao contrário de TODAS as outras 6 artes - sendo uma peculiaridade das novas e ainda polêmicas artes, como as HQs e os VGs) você precisa agradar (entreter) um grande público (e em pouco tempo - muitas vezes em uma janela de 2-3 semanas). Um exemplo de agora é um filme como Sherlock Holmes II (que muita gente vai virar a cara de se chamar de arte), que tem a pegada autoral de Guy Ritchie (vc vê os mesmo traços que ele usou desde seu primeiro filme - Lock, Stock...) e coisas que Hollywood tem como fórmulas consagradas de bilheteria: 1) É uma sequência; 2) Tem um interesse romântico (Irene Adler, que não é nem de perto o que acontece no livro); 3) Punch Lines; 4) [SPOILER]Final Feliz; 5) Vilão com motivações caricatas; etc E essa é a minha cabeça de fazer cinema. O que me torna um ser marginalizado por 80% de tudo que existe em uma faculdade/curso de cinema, mas, espero eu, me possibilite entrar com mais facilidade na indústria. Afinal... quero produzir coisas boas para entreter vocês e me entreter, caralho. |
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Trooper
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23-01-12, 10:36
#16
legal, vc passou um cenario atual da situacao
mas alem disso tenho curiosidade com outros fatos mais pontuais vc com esse filme vai ganhar dinheiro fazendo o que com ele? ou vc arrumou um patrocinio e vai usar uma parte dele p/ fazer o filme e a outra p/ embolsar? ou esta usando esse trabalho apenas para aumentar seu curriculo e sem nenhum objetivo de lucro ou vc investiu e torce p/ ganhar algo em algum festival? |
Cada vez mais ridículos
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23-01-12, 10:56
#17
Quote:
Mas o objetivo é inscrever em festivais (quem sabe ganhar alguma coisa) e ter portfolio. --- Geralmente os curtas mais "bem produzidos" seguem um esquema de se inscrever em editais do governo, e sendo escolhidos - ganham 80.000 para bancar a produção e pagar todo mundo. O problema que isso significa - esperar de 6 meses a 1 ano e ser aceito. Sendo que parece meio randômico, uma vez que é muito comum projetos não serem aceitos durante anos e anos e, sem mudar uma linha, serem aceitos e ainda prestigiados. Ai cai naquela lição "- Não espere a oportunidade perfeita para lançar um projeto. Planeje o melhor momento possível e vá com tudo.". Eu vejo muito cineasta com 28-30 anos e hiper dependente de editais. Com um portfolio resumidíssimo. |
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Trooper
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23-01-12, 11:03
#18
valeu
e seguindo essa linha de raciocinio de que primeiro vc tem que mostrar serviço e esperar alguem gostar do seu trabalho p/ te contratar não há a possibilidade de vc arrumar um estagio em algo grande? pq ai seu trabalho é visto direto por quem é grande, vc não aprenderá só pela tentativa e erro mas tb aprenderá pela experiencia de caras mais renomados e a parte financeira continua igual a que você tem hoje |
Banned
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23-01-12, 11:11
#19
Na época que estava na Globo cheguei a fazer alguns curtas...
Quem tiver interesse... Conseguimos tudo 0800... Conversinha Mineira - Flavio Bauraqui - Stenio Garcia Boa sorte parecero... essa vida de curta é dura e ingrata.. mas prazerosa ao extremo! Qualquer coisa que precisar call me. Hoje em dia não produzo mais ... but... se precisar de Pós Produção.. Audio e Video... fale comigo... farei por prazer e de graça. |
Trooper
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23-01-12, 14:01
#20
sou de sp =[
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Trooper
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23-01-12, 16:28
#21
"holywood" + "autoral" = Christopher Nolan.. ehhehe
Belo trabalho cara, qdo tiver mais pra divulgar avisa! |
Trooper
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25-01-12, 16:32
#23
Tópico interessante, também vou dar meus palpites:
Palpites genéricos: - Ao meu ver todo trabalho que leva seu nome é autoral. É preciso entender que seus trabalhos constroem sua reputação, então antes de começar qualquer trabalho a pergunta mais importante que você deve fazer a si mesmo como artista é: Porque estou fazendo este trabalho? Tudo o que você pensa (ou não pensa) acaba aparecendo no filme quando ele fica pronto. - Fazer um filme é um trabalho de longo prazo. As vezes você vai fazer um curta e leva um ano ou mais entre um pré-roteiro e o corte final. Nem todo mundo consegue controlar a ansiedade e lidar com todas as etapas de uma produção, e aí é que mora o perigo de trabalhar com isso. Tem que ter paciência, um pouco mais de paciência, e aí coloca um pouco mais de paciência ainda. Ter paciência é a maior virtude de um cineasta. - Fazer um filme é um trabalho que envolve pessoas. Você precisa gostar de pessoas e saber motivá-las para conseguir um resultado decente. Quando você é um cineasta independente, trabalhar com poucas pessoas é uma forma de controlar essa variável e ganhar experiência. - Fazer um filme é um trabalho que envolve todas as artes. Você tem que saber um pouco de fotografia, roteiro, atuação, iluminação, som, música, etc. Não existe nada mais complicado que cinema em termos de artes, sem sombra de dúvida. Palpites práticos: - Mais importante que fita crepe e tesoura, hoje em dia, é saber pelo menos o mínimo de pós-produção. O público hoje é muito exigente quanto ao acabamento da imagem e do som, então é bom não ficar dependendo dos outros para fazer pelo menos o básico numa ilha de edição: correção de cor, montagem, edição de áudio, etc. - Se você tem um roteiro bom, metade do seu trabalho no set está poupado. - Faça storyboards. Eles te ajudam a visualizar o storytelling e ajudam os atores a entender o que você quer. - Faça auditions para todos os papéis principais e grave em vídeo o resultado. Peça para os atores interpretarem todos os personagens e veja em quais eles se encaixam melhor, não tenha idéias pré-concebidas sobre o que um ator é ou não capaz de fazer porque ele pode te surpreender. - Use iluminação natural sempre que possível. - Use microfones de lapela sempre que puder, se você não pretende dublar o áudio na pós mais tarde. - Use o audio direto apenas como referência e refaça tudo em estúdio na pós. Inclusive diálogos. Atores interpretam melhor quando eles podem se concentrar separadamente na interpretação da voz e isso eleva a atuação a outra categoria no final das contas. - Use atores com vozes bacanas. As vezes o cara é visualmente expressivo mas a voz é horrível. A principal ferramenta do ator é SEMPRE a voz. - Use sempre música originalmente composta, a não ser que você seja o Stanley Kubrick ou o Terrence Malick. - Não chame seu amigo músico para fazer a trilha. Chame um COMPOSITOR para fazer a trilha. Quote:
Normalmente quem estabelece os cachês é o produtor do filme. O produtor é o cara que faz uma planilha e planeja todas as etapas da produção, confrontando prazos, valores, etc. O filme tem uma verba, e para cada etapa é prevista uma parte da verba. Simples assim. De onde vem a verba? Hoje em dia basicamente de dois lugares: prêmios de estímulo e renúncia fiscal. Você NÃO ganha dinheiro participando de festivais. Você NÃO ganha dinheiro aparecendo na mídia. Cineasta é uma profissão que requer muita qualificação e tem muito menos glamour do que a maioria das pessoas imagina... |
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Trooper
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25-01-12, 16:43
#24
Quote:
Obviamente por se tratar de uma premiação, o julgamento deve ser por pessoas que entende e é bem mais rígido. Isso dae me lembrou uns curtas que tinha em algum canal de tv aberta, entre um programa e outro, algo relacionado a escritório e tal, bem mais interessante que os programas de grande porte em si. IMO, se tivesse uns curtas como esse na programação, com certeza ia fazer sucesso. |
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