🌀 Trooper
|
Sem doutorado? Então fora!
23-04-10, 18:31
#1
http://www.ordemlivre.org/node/970
Sem doutorado? Então fora! 19 de Abril de 2010 - por Alexandre Barros A crise está produzindo alguns efeitos magníficos, que ninguém planejou. Belezas do capitalismo: milhões de pessoas fazendo escolhas independentes e produzindo efeitos que ninguém previu. Muitos profissionais que perdem empregos nos Estados Unidos estão virando professores. Isso mesmo. Contadores vão para as escolas ensinar, depois de muitos anos com a mão na massa. Projetistas vão para escolas e faculdades ensinar desenho industrial e por aí afora. Se perdessem os empregos, dois meninos maluquinhos que resolveram cair na vida, em vez de virar acadêmicos, poderiam ir dar aulas. Muitas universidades receberiam Bill Gates (Microsoft) e Steven Jobs (Apple) de braços abertos. Acredito que haveria uma enorme disputa entre as melhores universidades para ver quem conseguiria levar qual. No Brasil, como professores, bateriam com o nariz na porta. Como nenhum dos dois tem mestrado ou doutorado, não valem nada para qualquer universidade brasileira. O Ministério da Educação não os reconhece. Um profissional fantástico sem mestrado ou doutorado é proibitivo para uma universidade brasileira. Cirurgiões que foram dos bancos da escola para as salas de operação não poderiam lecionar em faculdades. Sua experiência avançadíssima vale zero. Não passaram pelos rituais de iniciação: gastar tempo escrevendo dissertações. Estão fora. Graças ao MEC, no Brasil, vigora o "quem sabe faz e quem não sabe ensina." Simon Schwartzman, especialista em educação superior e pós-graduada, disse numa entrevista (Veja 2059, 7 de maio de 2008): "O professor [brasileiro] participa de um congresso ou publica um artigo numa revista que ninguém lê." Em outras palavras, os professores brasileiros passam a vida fazendo imensos esforços para ter impacto zero no desenvolvimento da ciência, da tecnologia e das políticas públicas. Parece anedota, mas não é. Criou-se um clube de amigos que publicam em revistas nas quais, não raro, o intervalo entre o término de uma pesquisa e sua publicação pode ser de até 4 anos. Só essas revistas são reconhecidas. Outras mídias (jornais, revistas, TV) de nada valem, ainda que possam ser lidas por milhões de pessoas. Isso em tempos de Internet. Nikola Tesla (o inventor da geração de corrente alternada que move o mundo) não teria emprego em nenhuma universidade brasileira. Dificilmente conseguiriam publicar um artigo em revista Qualis (esse é o codinome das revistas que o MEC reconhece). Na Universidade de Chicago, a maior ganhadora de prêmios Nobel (79 ao todo, 27 em Física e 25 em economia), é possível entrar sem jamais ter ido para a escola, qualquer escola. Lá, o principal critério para contratação de um professor de economia é o potencial para um prêmio Nobel. A universidade sabe que cada prêmio Nobel é um pote de mel para atrair alunos, doações e outros bons professores. Recentemente, na feira de ciências de uma escola secundária na área de Boston, em Massachussets, um adolescente de 16 anos apresentou um trabalho da maior relevância para a saúde pública no Brasil: descobriu que o vírus da hepatite C e o vírus da dengue são primos próximos. Este atalho pode economizar muitos anos na descoberta da cura da dengue (sabendo que os vírus são primos próximos podem-se usar muitos conhecimentos já avançadíssimos sobre o vírus da hepatite C, para a dengue). O caminho até a cura da dengue ainda é longo, mas será muito mais curto do que sem a descoberta. No Brasil, ninguém o levaria a sério porque ele não tem idade nem para poder entrar para uma faculdade, como, de resto, não levaram o Portellinha, sobre quem comentei n’O Estadão em "Deixem o Portellinha estudar em paz," (O Estado de São Paulo, 12 de março de 2008, pág 2). Apesar de aprovado no vestibular de direito com sete anos de idade, Portellinha foi impedido, pelo lobby da OAB e pela lei, de entrar para a universidade. O interesse dos burocratecas do MEC está em formalidades e papelório. O currículo oficial do CNPq registra minúcias da vida de professores que me lembram o que meu amigo Lorenzo Meyer, historiador mexicano, chamava de ridiculum vitae. Qualquer atividade acadêmica exige um papel assinado por alguém atestando que aquilo é verdade. Vou além de Simon: o pouco tempo que sobra de tentar publicar artigos que não serão lidos por ninguém é consumido correndo atrás de papelório inútil. Tomara que Bill Gates e Steven Jobs não percam seus empregos, pois poderemos continuar a curtir nossos produtos Microsoft e nossos Macs e iPhones. No Brasil, Bill Gates e Steven Jobs não teriam tempo para inventar nada. Perderiam seu tempo correndo atrás dos certificados que os legitimaria perante a burritzia nacional. As invenções, ora, as invenções... são coisas de gringo... Aqui basta uma política industrial para dar dinheiro aos amigos do rei. Quando a lei e os oligopólios de proteção profissional impedem o progresso de alguém porque não passou pelos rituais de iniciação, fica mais fácil entender porque o Brasil não tem nenhum prêmio Nobel, em nenhum campo. ----------------------------------- A única coisa que eu tenho dizer é: A mídia e nós, por outro lado, somos preconceituosos. Quando dá uma merda, a primeira coisa a falar é que o cara não tem formação acadêmica para isso. A gente teve casos de 'médicos' e 'enfermeiros' que atendiam em clínicas e hospitais particulares sem nunca ter tido a conclusão de grau ou até mesmo feito algum curso de medicina. e ficaram 5 ou 10 anos tratando de pessoas. Em casos mais graves é falar que um presidente no Brasil não deveria ocupar tal cargo porque ele não tem formação de terceiro grau alguma. |
||||
Trooper
|
23-04-10, 18:55
#2
Artigo meio tosco. (pra nao dizer completamente tosco)
O cara pega uns casos a parte e tenta generalizar. Se um medico for me operar com certeza eu quero que o cara tenha diploma e o caralho.O sistema de educacao eh feito pra lidar com massas nao casos especificos , se o bill gates passo 30k horas programando antes de acabar o high-school bom pra ele, pode ignorar a universidade tranquilissimo. O problema do brasil eh a mediocridade das faculdades nada mais. |
Banned
|
23-04-10, 19:13
#3
o problema do brasil é o brasileiro
|
Trooper
|
23-04-10, 19:20
#4
Na verdade, não precisa de Mestrado nem de Doutorado, depende do edital do concurso. O problema é que normalmente não abre concurso só pra graduado. E mestrado e doutorado ganha ponto na prova de título.
|
Trooper
|
23-04-10, 19:23
#5
"Tomara que Bill Gates e Steven Jobs não percam seus empregos, pois poderemos continuar a curtir nossos produtos Microsoft e nossos Macs e iPhones."
consumidor mais-que-perfeito. M.Santos. |
Caldas
|
23-04-10, 19:29
#6
Problema no Brasil é o descaso com educação desde o ensino fundamental...
|
Trooper
|
23-04-10, 19:54
#7
Só meio tosco? O cara pega um exemplo dos EUA, que ele ACHA que é melhor que o nosso modelo. E vem dizer que o MEC tá errado. Afinal de contas, se OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA tão fazendo assim, quem somos nós pra discordar!
E além de tudo, nem sabe do que tá falando. Vai ler um edital antes de falar asneira! Que eu saiba a maior parte das públicas tem de bom para ótimo nível, o problema maior são essas particulares que andaram brotando em tudo que é canto nos últimos anos. Mas o maior problema do Brasil mesmo, é a educação fundamenta e média que é pra inglês ver. |
Trooper
|
23-04-10, 20:13
#8
Quote:
|
|
Trooper
|
23-04-10, 20:17
#9
no brasil para ser jornalista não precisa de diploma uahUAHuhaA
|
Banned
|
23-04-10, 20:20
#10
Não é de todo tosco. A pesquisa é banalizada em vários lugares e áreas...
|
Trooper
|
23-04-10, 20:27
#11
|
Creep
|
23-04-10, 21:42
#12
Mas o artigo tem um fundamento procedente. O exemplo daquele moleque de 7 anos ali. O Brasil nunca vai criar gênios. Nunca. Pois nega a possibilidade de haver crianças e pré-adolescentes com cérebros especiais. Pensem.
De que adianta uma criança de 12 anos estar estudando na 6ª série coisas que pra ele, são que nem andar pra frente? Ao se formar na faculdade, provavelmente com 22/23/24 anos, vai ter outras preocupações além da pura ciência acadêmica. Vai precisar de um emprego pra se sustentar. Vai camelar 8h por dia sem tempo pras atividades contributivas que poderia estar exercendo. Se tivesse o devido incentivo à essa atividade quando mais jovem, teria significativamente mais tempo pra se dedicar a um trabalho potencialmente importante para toda a humanidade. |
Back to the U.S.A.
|
23-04-10, 22:10
#13
mesmo nos EUA um doutorando nao ganha nada perto do que deveria pelos anos de estudo (mas eh provavelmente mais q no brasil). por essas e outras que terminando o phd eu vou vender a minha alma pra ganhar um salario decente
|
Cada vez mais ridículos
|
24-04-10, 09:17
#14
Quote:
Descaso com o ensino fundamental E com cientistas/pesquisadores/artistas. Precisa ser muito sadomasoquista para tentar fazer uma contribuição científica/cultural nesse país. |
|
|
|