Trooper
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RIP José Saramago
18-06-10, 09:27
#1
Morreu nesta sexta-feira (18) o escritor português e prêmio Nobel de literatura José Saramago, 87 anos, em Tías, Lanzarote, Espanha.
José de Sousa Saramago nasceu na aldeia portuguesa de Azinhaga, província de Ribatejo, no dia 16 de novembro de 1922, embora no registro oficial conste o dia 18. Filho dos camponeses sem terra José de Sousa e Maria da Piedade, mudou-se para Lisboa aos 2 anos, onde viveu grande parte de sua vida. O escritor deveria ter sido registrado com o mesmo nome do pai, mas o tabelião acrescentou o apelido pelo qual o chefe da família era conhecido na aldeia, Saramago, que também dá nome a uma planta que serve de alimento para os pobres em tempos difíceis. Saramago concluiu os estudos secundários em uma escola técnica, mas não pode cursar a universidade por dificuldades financeiras. Sua primeira experiência profissional foi como mecânico. Fascinado pela literatura desde jovem, visitava com grande freqüência a Biblioteca Municipal Central Palácio Galveias, na capital portuguesa. Foi só aos 19 anos, com dinheiro emprestado de um amigo, que conseguiu comprar pela primeira vez um livro. Além de mecânico, o escritor português trabalhou como desenhista, funcionário público, editor, tradutor e jornalista. Durante doze anos, foi funcionário de uma editora, onde ocupou os cargos de diretor literário e de produção. Publicou o seu primeiro romance, Terra do Pecado, em 1947. Em 1955, começou a fazer traduções de autores como Hegel, Tolstói e Baudelaire para aumentar os rendimentos. Seu próximo livro, Clarabóia, foi rejeitado pela editora e permanece inédito até hoje. O escritor só publicaria um novo livro, Os Poemas Possíveis, (1966), dezenove anos depois do primeiro. Entre 1972 e 1973, foi comentarista político do Diário de Lisboa, coordenando durante alguns meses o suplemento cultural do jornal. Em um espaço de cinco anos, publicou sem grande repercussão mais dois livros de poesia, Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). O escritor fez parte da primeira diretoria da Associação Portuguesa de Escritores. Entre abril e novembro de 1975 foi diretor-adjunto do Diário de Notícias, quando os militares portugueses, reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos, demitiram diversos funcionários. A partir de 1976, o escritor português passou a viver exclusivamente de seu trabalho literário. No ano seguinte, o autor voltou a escrever romances, gênero que o tornou mundialmente conhecido. A partir desta época, sua produção literária cresce consideravelmente, mas é em 1980 que Saramago dá uma grande guinada em sua produção literária, com a publicação de Levantado do Chão. Segundo diversos críticos, a obra marca o início do estilo que o consagrou, destacado por frases e períodos extensos, que as vezes ocupam mais de uma página e são pontuados de maneira anti-convencional. Os diálogos entre os personagens costumam aparecer inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma a extinguir o uso de travessões em seus livros. Com a censura do governo português à apresentação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) para o Prêmio Literário Europeu sob alegação de que a obra ofendia os católicos, o escritor mudou-se para a ilha de Lanzarte, nas Canárias. Em 1993, Saramago começou a escrever um diário, Cadernos de Lanzarote, em cinco volumes. Dois anos depois, publicou o romance O Ensaio Sobre a Cegueira, que será transformado em filme em 2008, com direção assinada por Fernando Meirelles. No mesmo ano em que publicou Ensaio Sobre a Cegueira, recebeu o prêmio Camões e em 1998, foi laureado com o prêmio Nobel de literatura, o primeiro dado a um escritor de língua portuguesa. "Estava no aeroporto prestes a embarcar quando chegou a notícia de que tinha ganho o Prêmio Nobel. Houve um momento de alegria, os meus editores de Madrid, que estavam comigo, abraçaram-me. Depois encaminhei-me na direção da saída e, por mais estranho que pareça, era um corredor muito comprido e deserto. Eu com a minha malinha de mão, com a minha gabardina no braço, passei de repente da alegria enormíssima da notícia que tinha recebido, para a solidão mais completa. Naquele momento a sensação que tive, claro que eu dava por mim numa grande alegria, era uma espécie de serenidade: pronto aconteceu¿, afirmou o escritor sobre o prêmio. Considerado por especialistas um mestre no tratamento da língua portuguesa, em 2003 o escritor português foi considerado pelo crítico norte-americano Harold Bloom como o mais talentoso romancista vivo. Seus livros foram traduzidos para mais de vinte línguas, como sueco, romeno e húngaro. Comunista ferrenho, Saramago teve sua carreira pontuada por polêmicas causadas por suas opiniões sobre religião, terrorismo e conflitos. Em entrevista ao jornal O Globo, Saramago criticou a posição de Israel no conflito contra os palestinos, afirmando que ¿os judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto¿. A Anti-Defamation League (ADL), um grupo judaico que defende direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas. O ano de 2004 destaca-se pela publicação de Ensaio Sobre a Lucidez. No ano seguinte, Saramago escreveu As Intermitências da Morte, em que divaga sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência, fazendo uma crítica a socidedade moderna. Em 2007, o Nobel de literatura anunciou que pretendia criar uma fundação com o seu nome cujo objetivo é preservar e estudar sua obra literária e espólio e ainda tomar partido em grandes e pequenas causas. Família Saramago casou-se pela primeira vez em 1944 com Ilda Reis, com quem teve uma filha, Violante, que nasceu em 1947. O escritor permaneceu casado com Ilda por 26 anos. Após se divorciar, em 1970, iniciou um relacionamento com a escritora portuguesa Isabel da Nóbrega, que duraria até 1986. Em 1988, o prêmio Nobel de Literatura casou-se novamente com a jornalista e tradutora espanhola María Del Pilar Del Río Sánchez, com quem permaneceu até a sua morte. Obras publicadas Poesia Os Poemas Possíveis, 1966 Provavelmente Alegria, 1970 O Ano de 1993, 1975 Crônica Deste Mundo e do Outro, 1971 A Bagagem do Viajante, 1973 As Opiniões que o DL Teve, 1974 Os Apontamentos, 1976 Viagens a Portugal, 1981 Diários Cadernos de Lanzarote I, 1994 Cadernos de Lanzarote II, 1995 Cadernos de Lanzarote III, 1996 Cadernos de Lanzarote IV Cadernos de Lanzarote V Teatro A Noite, 1979 Que Farei Com Este Livro?, 1980 A Segunda Vida de Francisco de Assis, 1987 In Nomine Dei, 1993 Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido, 2005 Conto Objeto Quase, 1978 Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979 O Conto da Ilha Desconhecida, 1997 Romance Terra do Pecado, 1947 Manual de Pintura e Caligrafia, 1977 Levantado do Chão, 1980 Memorial do Convento, 1982 O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984 A Jangada de Pedra, 1986 História do Cerco de Lisboa, 1989 O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991 Ensaio sobre a Cegueira, 1995 A Bagagem do Viajante, 1996 Todos os Nomes, 1997 A Caverna, 2001 O Homem Duplicado, 2002 Ensaio Sobre a Lucidez, 2004 As Intermitências da Morte, 2005 As Pequenas Memórias, 2006 Prêmios Portugal Prêmio da Associação de Críticos Portugueses por A Noite, 1979 Prêmio Cidade de Lisboa por Levantado do Chão, 1980 Prêmio PEN Clube Português por Memorial do Convento, 1982 e O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984 Prêmio Literário Município de Lisboa por Memorial do Convento, 1982 Prêmio da Crítica (Associação Portuguesa de Críticos) por O Ano da Morte de Ricardo Reis Prêmio Dom Dinis por O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1986 Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1992 Prêmio Consagração SPA (Sociedade Portuguesa de Autores), 1995 Prêmio Camões, 1995 Itália Prêmio Grinzane-Cavour por O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1987 Prêmio Internacional Ennio Flaiano por Levantado do Chão, 1992 Inglaterra Prêmio do jornal The Independent por O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1993 Internacionais Prêmio Internacional Literário Mondello (Palermo), pelo conjunto da obra, 1992 Prêmio Literário Brancatti (Zafferana/Sicília), pelo conjunto da obra, 1992 Prêmio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (APE), 1993 Prêmio Consagração SPA (Sociedade Portuguesa de Autores), 1995 Prêmio Nobel da Literatura, 1998 ----- RIP. Ensaio sobre a cegueira foi um dos melhores livros que li. |
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Trooper
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18-06-10, 09:29
#2
rip
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Trooper
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18-06-10, 09:36
#3
Foda..
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Trooper
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18-06-10, 10:29
#4
thanks for the info
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The real (1)
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18-06-10, 10:36
#6
Another one bites the dust
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Trooper
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18-06-10, 11:17
#7
porra,
fiquei muito triste :/ |
Trooper
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18-06-10, 12:02
#8
RIPzasso
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Trooper
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18-06-10, 14:09
#9
RIP :/
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Trooper
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18-06-10, 14:38
#10
Grande perda... Pra mim da literatura contemporânea é o melhor representante da língua português no cenário internacional...
RIP |
Trooper
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18-06-10, 14:58
#11
RIP...
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Trooper
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18-06-10, 14:58
#12
RIP
Não era de graça que era reconhecido |
The real (1)
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18-06-10, 18:47
#13
Aff.. olha a foto que ta no G1
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Trooper
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18-06-10, 22:50
#14
Judiação, fiquei sabendo agora de noite. Acho que li apenas cinco romances dele: Ensaio Sobre a Cegueira, Evangelho Segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Lucidez, Homem Duplicado, As Intremitências da Morte. Todos muito bons, tinha um jeito gostoso de escrever e recomendo qualquer um desses. Se me morre o velho do Ferreira Gullar esse ano também pode declarar o resto de 2010 feriado fúnebre para língua portuguesa.
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Trooper
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19-06-10, 00:40
#15
Nunca li nd dele :/
Mas respeito pq pelo q falam o cara era foda |
Trooper
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19-06-10, 01:08
#16
Estaremos estranhamente conectados à bondade do mundo.
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