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Default Qualidade na argumentação: Lógica & Falácias

05-10-08, 13:01 #1
Queridos amigos darknerds virgens. Há (muitos) anos que freqüentamos esse espaço privilegiado para compartilhamos nossas experiências, sabores e desabores, vídeos e piadas, notícias legais e notícias polêmicas, entre outras muitas coisas. Tem gente que já até leu um post inteiro meu! A maioria aqui se lembra de inúmeras discursões lá no início, quando éramos na maioria adolescentes rebeldes com bastante tempo livre e grande necessidade de afirmação/auto-afirmação. Fases da vida... Agora quase todo mundo aqui já é adulto, alguns até pais de família, laços de amizade foram criados e o anonimato praticamente não existe. É um espaço bem legal.

Um elemento intrínseco ao fórum, hoje menos comum mas ainda com frequência significativa, são os tópicos polêmicos. Pessoas que a princípio compartilham algo em comum tomam lados diferentes e se degladiam por páginas a fio. Normal, o Brasil é enorme, temos culturas diferentes, visões diferentes da vida, tomamos atitudes distintas e as vezes nos parece absurdo que outros não concordem com alguma idéia ou outra que para nós já é tão óbvia. Ou não.

O Jeep e seus StormTroopers, Chewbacca e cia. já fazem um trabalho para tentar minimizar atitudes que não sejam saudáveis por assim dizer, de forma a melhorar a qualidade do fórum em geral. Longe de mim querer discutir sobre isso agora. Mas ainda assim, o povo aqui há de concordar, que ainda existem argumentações de baixa qualidade, inconsistentes, inflamadas, que não seguem necessariamente uma ordem lógica. Isso frusta o argumentador, que não consegue ganhar crédito; frustra o contra-argumentador, que perdeu um bom tempo se esforçando para desenvolver seu raciocínio; frustra os que só estão lendo, que passam a dar page down ou até desistem de ler; e acho que frustra particularmente os argumentadores profissionais (DS Lawers), que até entendem que a gente seja leigo, mas ignorante espera-se que não!

Lá por volta e 2001/02 eu dei uma lida numa matéria sobre argumentação lógica e compartilhei com vocês. Tava até num site ateísta, a STR. O problema é que o texto era uma tradução, e pra ser sincero muito mal traduzido. Um assunto complexo que tinha erros graves de tradução, tradução muito literal, e muito estrangeirismo nas contruções gramaticais. Como essa é de 2001, já se espalhou pela net, tornou-se conhecida e agora ninguém mais corrige. Foi aí que eu tive a iniciativa (coragem e paciência) de revisá-la, corrigí-la, e compartilhar com vocês. É fundamental pelo menos para mim sustentar um raciocínio lógico, não só para advogados ou darkners, mas para qualquer situação na vida.

Esse texto foi originalmente escrito em 1997 por Mattew, e sua versão original encontra-se disponível aqui.


Quote:
LÓGICA & FALÁCIAS
Construindo um argumento lógico

Introdução

Existem muitos debates na net. Infelizmente, muitos deles são de baixíssima qualidade. O propósito deste documento é explicar o básico do raciocínio lógico, e com sorte melhorar a qualidade geral dos debates.

O Dicionário Oxford de Inglês Conciso define a lógica como "a ciência do raciocínio, prova, pensamento ou inferência". A lógica irá deixar você analisar um argumento ou um pedaço de raciocínio e deduzir se é provável dele estar correto ou não. Você não precisa saber lógica para argumentar, claro. Mas se você sabe pelo menos um pouco, vai achar mais fácil identificar argumentos inválidos.

Existem muitos tipos de lógica, como lógica difusa e lógica construtiva. Elas têm regras diferentes, e diferentes forças e fraquezas. Esse documento discute a lógica booleana simples, porque é comum e relativamente simples de entender. Quando pessoas falam que algo é "lógico", elas geralmente se referem ao tipo de lógica descrita aqui.

O que a lógica não é

É válido mencionar algumas coisas que a lógica não é.

Primeiramente, raciocínio lógico não é uma lei absoluta que governa o universo. Muitas vezes no passado, as pessoas concluíram que porque algo é logicamente impossível (dada a ciência da época), é impossível e ponto. Houve uma época onde acreditava-se que a geometria euclidiana era uma lei universal. Ela é realmente logicamente consistente. No entanto sabemos hoje que as regras da geometria euclidiana não são universais.

Segundo, lógica não é um grupo de regras que governam o comportamento humano. Os humanos podem ter metas logicamente conflitantes. Por exemplo:
  • John deseja falar com quem quer que esteja a cargo.
  • A pessoa a cargo é Steve
  • Portanto João deseja falar com Steve.
Infelizmente, John pode ter um objetivo conflitante de evitar Steve, querendo dizer que a resposta racional pode ser inaplicável na vida real.

Esse documento apenas explica como usar a lógica, Você deve decidir se a lógica é a ferramenta que você quer usar. Existem outros meios de se comunicar, discutir e debater.

Argumentos

Um argumento é, citando uma sketch de Monty Python, "uma série conectada de declarações para estabelecer uma tese definida".

Existem muitos tipos de argumentos. Nós iremos discutir o argumento dedutivo. Argumentos dedutivos são geralmente vistos como os mais precisos e mais persuasivos. Eles provêm provas conclusivas, que são válidas ou inválidas.

Argumentos dedutivos têm três estágios:
  1. Premissas
  2. Deduções
  3. Conclusão.

Entretanto, antes de nós podermos considerar estes estágios em detalhes, nós precisamos discutir os tijolos de um argumento dedutivo: teses.

Teses

Uma tese é uma declaração que é ou verdadeira ou falsa. A tese é o significado da declaração, não o arranjo preciso de palavras usadas para guiar esse significado.

Por exemplo, "Existe um número par primo maior que dois" é uma tese. (Uma falsa, nesse caso.) "Um número par primo maior que dois existe" é a mesma tese, refraseada.

Infelizmente, é muito fácil mudar sem querer o significado de uma declaração ao refraseá-la. É em geral mais seguro dar alguma importância às palavras usadas na tese.

É possível usar lingüisticas formais para analisar e refrasear uma declaração sem mudar seu significado, mas como fazer isso está fora do escopo desse documento.

Premissas

Um argumento dedutivo sempre requer um numero de suposições centrais. Essas são chamadas premissas, e são as suposições que suportarão o argumento. Ou ainda, as razões para aceitar o argumento. Premissas são apenas premissas no contexto de um argumento particular. Elas podem ser conclusões no contexto de outros argumentos, por exemplo.

Você deve sempre declarar as premissas de um argumento explicitamente. Esse é o princípio de audiatur et altera pars (Escute ambos os lados). Não declarar suas suposições é normalmente visto como suspeito, e irá provavelmente reduzir a credibilidade de seu argumento.

As premissas de um argumento são muitas vezes introduzidas com palavras como "Assuma", "Uma vez que", "Obviamente que..." e "Porque...". É uma boa prática fazer com que seu oponente concorde com as premissas de seu argumento antes de continuar.

A palavra "óbviamente" é muitas vezes vista com suspeita. É ocasionalmente usada para persuadir pessoas a aceitarem falsas declarações, uma vez que é preferível para elas aceitá-las do que admitirem que não entendem o porquê de algo ser "óbvio". Dessa forma, não tenha medo de questionar declarações que pessoas dizem ser "óbvias". Quando você ouvir a explicação, você pode sempre dizer algo como : "Você está certo, agora que eu pensei sobre isso desse jeito, isso é óbvio."

Deduções

Uma vez que todos estão de acordo com as premissas, o argumento desenvolve-se por um processo passo-à-passo denominado dedução.

Na dedução, você parte de uma ou mais teses que tenham sido aceitas. Você então usa essas teses para chegar a uma nova tese. Se a dedução é válida, essa tese também deverá ser aceita. Você pode usar a nova tese para deduções posteriores.

Então inicialmente, você pode deduzir coisas apenas a partir das premissas do argumento. Mas conforme o argumento se desenvolve, o número de teses disponíveis para dedução aumenta.

Existem vários tipos de deduções válidas, e também alguns tipos inválidos, que nós iremos analisar mais tarde. Os passos da dedução são muitas vezes identificados por frases como "portanto..." ou "...implica que..."

Conclusão

Com sorte você ira chegar a uma tese que é a conclusão do argumento - o resultado que você está tentando provar. A conclusão é o resultado do passo final da dedução. É uma conclusão apenas no contexto de um argumento em particular. Poderia ser uma premissa ou suposição em outro argumento.

A conclusão, diz-se, é afirmada com base nas premissas do argumento, assim como nas deduções que partiram dessas premissas. Esse é um ponto sutil que merece mais explicações.

Implicações em detalhes

Claramente você pode construir um argumento válido de premissas verdadeiras, e chegar a uma conclusão verdadeira. Você também pode construir um argumento válido de premissas falsas, e chegar a uma conclusão falsa.

A parte complicada é que você pode começar com premissas falsas, desenvolver deduções válidas, e alcançar uma conclusão verdadeira. Por exemplo:
  • Premissa: Todos os peixes vivem no oceano. (falso)
  • Premissa: Lontras marinhas são peixes. (falso)
  • Conclusão: Portanto lontras marinhas vivem no oceano. (verdadeiro)
Mas há uma coisa que você não pode fazer: Partir de premissas verdadeiras, desenvolver deduções válidas, e chegar a uma conclusão falsa.

Nós podemos compilar essas permutações em uma "tabela verdade" para implicações. O símbolo "=>" denota implicação; "A" é a premissa, "B" a conclusão. "V" e "F" representam respectivamente verdadeiro e falso.

Tabela Verdade para Implicações
 
  • Se as premissas são falsas e a dedução é válida, a conclusão pode ser verdadeira ou falsa. (Linhas 1 e 2.)
  • Se as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, a dedução foi inválida. (Linha 3.)
  • Se as premissas são verdadeiras e a dedução é válida, a conclusão será verdadeira. (Linha 4.)
Dessa forma, o fato de um argumento ser válido não significa necessariamente que sua conclusão também seja, uma vez que pode ter partido de falsas premissas.

Se um argumento é válido, e além disso partiu de premissas verdadeiras, então é dito que o argumento é sólido. Um argumento sólido deve chegar a uma conclusão verdadeira.

Exemplo de Argumento

Segue o exemplo de um argumento que é válido, e que pode ou não ser sólido:
  1. Premissa: Todo o evento tem uma causa
  2. Premissa: O universo teve um começo
  3. Premissa: Todos os começos envolvem um evento
  4. Dedução: Isso implica que o começo do universo envolveu um evento
  5. Dedução: Portanto o começo do universo teve uma causa
  6. Conclusão: O universo teve uma causa
A tese na linha 4 é deduzida das linhas 2 e 3. A linha 1 é então usada, com a tese deduzida na linha 4, para deduzir uma nova tese na linha 5. O resultado da dedução na linha 5 é então reafirmado (de forma ligeiramente simplificada) como a conclusão.

Reconhecendo Argumentos

Reconhecer um argumento é mais difícil que reconhecer premissas ou a conclusão. Muitas pessoas banham seus textos com declarações, sem nunca produzir alguma coisa que você possa racionalmente chamar de um argumento.

Algumas vezes argumentos não seguem o padrão descrito acima. Por exemplo, pessoas podem afirmar suas conclusões primeiro, e então justificá-las depois. Isso é válido, mas pode ser um pouco confuso.

Para tornar a coisa ainda pior, algumas afirmações parecem-se com argumentos mas não são. Por exemplo:
"Se a bíblia é precisa, então Jesus deve ter sido um louco, um mentiroso, ou o filho de Deus."
Isso não é um argumento, isso é uma declaração condicional. Ele não declara as premissas necessárias para suportar sua conclusão, e mesmo que você as inclua, ainda há outras falhas que são descritas em mais detalhes em outro documento.

Um argumento também não é o mesmo que uma explicação. Suponha que você está tentando argumentar que Albert Einstein acreditava em deus, e diga:
"Einstein fez sua famosa afirmação ‘Deus não joga dados.’ por causa de sua crença em deus."
Isso pode parecer um argumento relevante, mas não é. É uma explicação da declaração de Einstein. Para entender, lembre-se que uma declaração do tipo "X por causa de Y" pode ser refraseada como uma declaração equivalente, do tipo "Y portanto X". Fazendo isso nós temos:
"Einstein acreditou em deus, portanto ele fez sua famosa declaração ‘Deus não joga dados.’"
Agora está claro que a declaração, que parecia um argumento, está na verdade assumindo o resultado que deveria estar tentando provar, a fim de explicar a citação de Einstein.

Além disso, Einstein não acreditava em um deus pessoal preocupado com questões humanas – o que, de novo, é explicado em mais detalhes em outro documento.

Nós traçamos o contorno da estrutura de um argumento dedutivo sólido, das premissas à conclusão. Mas no final, a conclusão de um argumento lógico válido é apenas tão convincente quanto as premissas de onde você partiu. A lógica em si não resolve o problema de verificar as declarações que suportam os argumentos. Para isso, nós precisamos de alguma outra ferramenta. A forma mais usada de verificar declarações é o questionamento científico. Entretanto, a filosofia da ciência e o método científico são tópicos imensos que estão um pouco além do escopo deste documento.


Falácias

Existem inúmeras armadilhas a serem evitadas quando se está construindo um argumento dedutivo. Elas são conhecidas como falácias. No inglês coloquial, nos referimos aos muitos tipos de crenças erradas como falácias. Mas em lógica, o termo têm um significado mais específico: Uma falácia é uma falha técnica que faz um argumento ser insólidos ou inválido.

(Perceba que você pode criticar mais do que apenas a solidez de um argumento. Argumentos são quase sempre apresentados com algum propósito específico em mente - e a intenção de um argumento também pode ser criticada.)

Argumentos que contém falácias são descritos como inconsistentes. Eles freqüentemente parecem válidos e convincentes. Algumas vezes apenas uma inspeção mais criteriosa revela a falha na lógica.

Abaixo está uma lista de algumas falácias comuns, e também alguns dispositivos retóricos comumente usados em debate. A lista não tem o intuito de ser massante. O que se espera é que se você aprender a reconhecer algumas das falácias mais comuns, você será capaz de evitar ser enganado por elas.

O projeto Nizkor tem outra excelente lista de falácias. A wikipedia também tem uma boa lista em inglês e em português.

Infelizmente, muitos dos exemplos abaixo foram tirados diretamente da Usenet, apesar de alguns terem sido refraseados em prol da clareza.

Lista de Falácias


Acento
Acento é uma forma de falácia através da alternação de significados. Nesse caso, o significado é alternado ao se alterar a parte de uma afirmação que é enfatizadas. Por exemplo:
"Nós não devemos falar mal de nossos amigos."
e
"Nós não vamos falar mal de nossos amigos."
Fique atento a este tipo de falácia particularmente na net, onde é fácil de interpretar a ênfase do que é escrito.


Ad Hoc (somente para este caso)
Como mencionado antes, há uma diferença entre argumento e explicação. Se nós estamos interessados em estabelecer A, e B é oferecido como evidência, a afirmação "A por causa de B" é um argumento. Se nós estamos tentando estabelecer a verdade de B, então "A por causa de B" não é um argumento, é uma explicação.

A falácia Ad Hoc é dar uma explicação pós-fato que não se aplica a outras situações. Freqüentemente essa explicação ad hoc estará camuflada para se parecer com um argumento. Por exemplo, se nós assumimos que deus trata as pessoas igualmente, então o que segue é uma explicação ad hoc:
"Eu fui curado do câncer."
"Então dê graças ao Senhor. Ele é seu curador."
"Então, Ele irá curar os outros que têm câncer?"
"Er... Misteriosos são os meios de Deus."
Afirmação do Conseqüente
Essa falácia é um argumento da forma "A implica B, B é verdade, portanto A é verdade". Para entender porque isso é uma falácia, examine a tabela verdade para implicações acima. Aqui está um exemplo:
"Se o universo tivesse sido criado por um ser sobrenatural, nós iríamos ver ordem e organização em todo lugar. E nós realmente vemos ordem, não cáos - então está claro que o universo teve um criador."
Isso é o contrário de Negação do Antecedente.


Anfibolia
Anfibolia ocorre quando as premissas usadas em um argumento são ambíguas por causa de um fraseamento descuidado ou não gramatical. Por exemplo:
"Premissa: Crer em Deus preenche um vazio muito necessário."

Evidência Anedota
Uma das falácias mais simples é se basear em uma evidência anedota. Por exemplo:
"Há provas abundantes de que Deus existe e que continua realizando milagres hoje em dia. Semana passada mesmo eu li sobre uma garota que estava morrendo de câncer. Sua família inteira foi para a igreja e rezou por ela, e ela foi curada."
É válido usar experiência pessoal para ilustrar um ponto. Mas tais anedotas não provam realmente nada a ninguém. Seus amigos podem dizer que se encontraram com Elvis no supermercado, mas os que não tiveram a mesma experiência irão precisar de mais do que a evidência anedota do seu amigo para convencê-los.

Evidências anedotas podem ser muito convincentes, especialmente se sua audiência deseja acreditar nelas. Essa é parte da explicação para as lendas urbanas: Estórias que não foram verificadas, mas ainda assim circulam por anos.


Argumentum ad Antiquitatem
Essa é a falácia que afirma que algo é certo ou bom simplesmente porque é velho, ou porque "sempre foi desse jeito". É o oposto de Argumentum Ad Novitatem.
"Por milhares de anos cristãos acreditam em Jesus Cristo. O cristianismo deve ser verdadeiro, para ter persistido tanto tempo mesmo sob perseguição."

Argumentum Ad Baculum / Apelo Para Força
Um Apelo para Força acontece quando alguém recorre à força (ou à ameaça de força) para tentar forçar outros a aceitar uma conclusão. A ameaça não precisa vir diretamente da pessoa argumentando. Por exemplo:
"Então há muitas provas das verdades das Bíblia. Todos os que rejeitam a aceitá-las irão queimar no inferno."
"Em todo caso, eu sei seu número de telefone e eu sei onde você mora. Eu mencionei que eu sou licenciado para portar armas ocultas?"

Argumentum Ad Crumenam
A falácia de acreditar que dinheiro é um critério de estar correto, que os que têm mais dinheiro são mais suscetíveis a estarem certos. O oposto de Argumentum Ad Lazarum. Por exemplo:
"Softwares da Microsoft são sem dúvida melhores. Por que mais Bill Gates teria ficado tão rico?"

Argumentum Ad Hominem (Abusivo/Atacar a pessoa)
Argumentum ad hominem literalmente significa "argumento dirigido ao homem"; existem duas variedades.

A primeira é a forma abusiva. Se você recusa a aceitar uma afirmação, e justifica sua recusa criticando a pessoa que fez a afirmação, então você é culpado de argumentum ad hominem abusivo. Por exemplo:
"Você clama que ateus podem ser morais - porém eu descobri que você abandonou esposa e filhos."
Isso é uma falácia porque a verdade de uma declaração não depende das virtudes de quem a declara. Um argumentum ad hominem menos descarado é rejeitar a tese baseada no fato que isso também foi afirmado por outra pessoa facilmente criticável. Por exemplo:
"Então nós devemos fechar a igreja? Hitler e Stalin teriam concordado com você!"
Uma segunda forma de Argumentum ad hominem é tentar persuadir alguém a aceitar uma afirmação que você faz, referindo-se às circunstâncias particulares dessa pessoa. Por exemplo:
"Então é perfeitamente aceitável matar animais para comer. Eu espero que você concorde comigo, dado que você usa sapatos de couro."
Isso é conhecido como Argumentum ad hominem circunstancial. A falácia pode também ser usada como uma desculpa para rejeitar uma conclusão particular. Por exemplo:
"Claro que você acha que cota para negros é ruim. Você é branco!"
Essa forma de Argumentum ad Hominem em particular, quando você alega que alguém está racionalizando a conclusão por razões egoístas, é conhecida também como "envenenando o poço".

Não é sempre inválido referir-se às circunstâncias de um indivíduo que está fazendo uma declaração. Se alguém é um conhecido perjurador ou mentiroso, o fato irá reduzir sua credibilidade como testemunha. Isso não irá, no entando, provar que seu testemunho é falso nesse caso. Isso também não irá alterar a solidez de nenhum argumento lógico que ele possa fazer.


Argumentum Ad Ignorantiam (Argumento da Ignorância)
Argumentum ad ignorantiam significa "argumento da ignorância". A falácia ocorre quando é argumentado que algo deve ser verdade, simplesmente porque não se foi provado que é falso. Ou, da mesma forma, quando é argumentado que algo deve ser falso porque não se foi provado ser verdade.

(Note que isso não é o mesmo que assumir que algo é falso até que seja provado verdade. Na lei, por exemplo, você é geralmente assumido como inocente até que se prove o contrário.)
Aqui estão alguns exemplos:
"Claro que a bíblia é verdadeira. Ninguém pode provar de outra maneira."
"Claro que telepatia e outros fenômenos psíquicos não existem. Ninguém mostrou nenhuma prova de que eles são reais."
Em investigação científica, se é sabido que um evento iria produzir determinada evidência se tivesse ocorrido, a ausência de tal evidência pode validamente ser usada para inferir que esse evento não ocorreu. Isso não prova com certeza, entretanto.
Por exemplo:
"Um dilúvio como o descrito na bíblia iria requerer que um enorme volume de água estivesse presente na terra. A terra não têm um décimo de tanta água, mesmo se nós contarmos a congelada nos pólos. Portanto tal dilúvio não ocorreu."
É claro que ainda é possível que algum processo desconhecido tenha ocorrido para remover a água. A boa ciência iria então demandar uma teoria plausível e testável para explicar como ela desapareceu.

Claro, a história da ciência está cheia de predições erradas apesar de logicamente válidas. Em 1893, a Academia Real de Ciências foi convencida por Sir Robert Ball que comunicação com o planeta Marte era fisicamente impossível, porque iria requerer uma bandeira tão grande quanto a Irlanda, que seria impossível de balançar. [Fortean Times, Número 82.]

Veja também Trocando o Ônus da Prova.


Argumentum Ad Lazarum
A falácia de assumir que alguém pobre é mais sensato ou mais virtuoso que alguém que é mais rico. Essa falácia é o oposto da Argumentum Ad Crumenam. Por exemplo:
"Monges são mais prováveis de possuirem uma revelação sobre o sentido da vida, já que eles abriram mão das distrações da riqueza."

Argumentum Ad Logicam
Essa é a "falácia falácia" de argumentar que uma tese é falsa porque foi apresentada como a conclusão de um argumento falacioso. Sempre se lembre que argumentos falaciosos podem chegar a conclusões verdadeiras.
"Pegue a fração 16/64. Agora, cortando um seis no topo e um seis na base, nós temos que 16/64 = 1/4."
"Espere um segundo! Você não pode simplesmente cortar os seis!"
"Oh, então você está nos dizendo que 16/64 não é igual a 1/4, está?"

Argumentum Ad Misericordiam
Esse é o Apelo à Piedade, também conhecido como Súplica Especial. A falácia é cometida quando alguém apela à piedade pelo bem de ter a conclusão aceita. Por exemplo:
"Eu não assassinei minha mãe e pai com um machado! Por favor não considere culpado, eu já estou sofrendo o suficiente sendo um órfão."

Argumentum Ad Nauseam
Essa é a crença incorreta que uma declaração é mais provável de ser verdade, ou mais provável de ser aceita como verdade, quanto mais for ouvida. Então um Argumentum ad Nauseam é um que implica constante repetição em afirmar alguma coisa, dizendo a mesma coisa várias vezes até você ficar enjoado de ouvir.


Argumentum Ad Novitatem
Esse é oposto de Argumentum Ad Antiquitatem. É a falácia de afirmar que algo é melhor ou mais correto simplesmente porque é novo, ou mais novo que outra coisa.
"BeOS é uma escolha muito melhor de sistema operacional do que OpenStep, já que têm um design muito mais novo."

Argumentum Ad Numerum
Essa falácia é parecida com o Argumentum Ad Populum. Consiste em afirmar que quanto mais pessoas suportam ou acreditam em uma proposição, mais provável é que essa proposição seja correta. Por exemplo:
"A vasta maioria das pessoas nesse país acreditam que punição capital têm um perceptível efeito dissuasivo. Dizer o contrário face a tanta evidência é ridículo."
"Tudo o que eu estou dizendo é que milhares de pessoas acreditam no poder da pirâmide, então deve haver algo nisso."

Argumentum Ad Populum
Esse é conhecido como Apelando para a Galeria, ou Apelando para as Pessoas. Você comete essa falácia se você tentar ganhar aceitação de uma afirmação ao apelar a um grande número de pessoas. Essa forma de falácia é normalmente caracterizada por linguagem emotiva. Por exemplo:
"Pornografia deve ser banida. É violência contra mulher."
"Por milhares de anos pessoas acreditaram em Jesus e na Bíblia. Essa crença tem tido um grande impacto em suas vidas. O que mais evidente você precisa para que Jesus seja o Filho de Deus? Você está tentando dizer a todas essas pessoas que elas são tolas enganadas?"

Argumentum Ad Verecundiam (Apelo à Autoridade)
O Apelo à Autoridade usa a admiração de uma pessoa famosa para tentar ganhar suporte para uma afirmação. Por exemplo:
"Issac Newton era um gênio e acreditava em Deus."
Essa linha de argumento não é sempre completamente falha quando usada num argumento indutivo. Por exemplo, pode ser relevante referir-se a uma autoridade vastamente respeitada em um campo particular, se você está discutindo esse assunto. Por exemplo, nós podemos distinguir claramente entre:
"Hawking concluiu que os buracos negros emitem radiação"
e
"Penrose concluiu que é impossível construir um computador inteligente"
Hawking é um físico e então nós podemos racionalmente esperar suas opiniões sobre radiação de buracos negros como sendo informadas. Penrose é um matemático, então é questionável até onde ele é bem qualificado para falar no assunto de inteligência de máquinas.


Audiatur Et Altera Pars
Muitas vezes, pessoas irão argumentar de suposições que elas não se incomodam em declarar. O princípio de audiatur et altera pars (também conhecido como audi alteram partem) é que todas as premissas de um argumento devem ser declaradas explicitamente. Isso não é estritamente uma falácia não declarar todas as suas suposições, porém, é freqüentemente visto como suspeito.


Bifurcação
Também referida como a falácia do "preto e branco", ou falsa dicotomia, a bifurcação ocorre se alguém apresenta uma situação como tendo apenas duas alternativas, onde de fato outras alternativas existem ou podem existir. Por exemplo:
"Ou o homem foi criado, como a Bíblia nos diz, ou ele evoluiu de elementos químicos inanimados por pura chance aleatória, como os cientistas nos dizem. O último é incrivelmente improvável, então..."

Circulus In Demonstrando
Essa falácia ocorre se você assume como premissa a conclusão que você quer provar. Muitas vezes, a tese é refraseada de forma que a falácia parece ser um argumento válido. Por exemplo:
"Homossexuais não devem ter permissão para ocupar cargos no governo. Aí qualquer oficial do governo que for descoberto como homossexual irá perder seu emprego. Então homossexuais irão fazer qualquer coisa para esconder seu segredo, e estarão vulneráveis a chantagem. Por isso que homossexuais não podem ter permissão para ocupar cargos no governo."
Note que o argumento é inteiramente circular, pois a premissa é a mesma que a conclusão. Um argumento como o acima foi de fato citado como a razão para o serviço secreto britânico oficialmente banir empregados homossexuais.

Argumentos circulares são surpreendentemente comuns, infelizmente. Se você já alcançou uma conclusão em particular uma vez, é fácil acidentalmente declará-la ao explicar seu raciocínio para alguém.

Pergunta Complexa / Falácia de Interrogação / Falácia de Pressuposição
Essa é a forma interrogativa de Implorar a Pergunta. Um exemplo é a clássica pergunta capiciosa:
"Você parou de bater na sua esposa?"
A pergunta pressupõe a resposta para uma outra pergunta que nem mesmo foi perguntada. Esse truque é freqüentemente usado por advogados em examinação cruzada, quando eles perguntam questões como:
"Onde você escondeu o dinheiro que você roubou?"
Similarmente, políticos muitas vezes fazem perguntas capiciosa como:
"Por mais quanto tempo será permitida essa interferência da UE em nossas questões?"
Ou
"O Chanceler planeja mais dois anos de privatização falida?"
Outra forma dessa falácia é pedir por uma explicação de algo que é falso ou ainda não estabelecido.


Falácias de Composição
A Falácia de Composição é concluir que uma propriedade compartilhada por um número de itens individuais, é também compartilhada por uma coleção desses itens. Ou que a propriedade de partes de um objeto, deve também ser uma propriedade do objeto inteiro. Exemplos:
"A bicicleta é inteiramente feita de componentes leves, portanto é muito leve."
"Um carro usa menos gasolina e causa menos poluição que um ônibus. Portanto carros são menos danosos ao ambiente do que os ônibus."
Uma forma similar de falácia de composição é a falácia do "só", ou falácia da mediocridade. É a falácia que assume que qualquer membro de um conjunto deve ser limitado aos atributos que mantém em comum com todos os outros membros do conjunto. Exemplo :
"Humanos são só animais, então não deveríamos nos preocupar com justiça. Deveríamos apenas obedecer a lei da selva."
Aqui essa falácia defende que, por sermos animais, podemos apenas ter propriedades que animais têm. Que nada nos distingue como um caso em especial.


Acidente Converso / Generalização Apressada
Essa falácia é o inverso da Falácia de Acidente. Ocorre quando você forma uma idéia geralizada ao examinar apenas poucos casos específicos que não são representativos de todos os causos possíveis. Por exemplo:
"Jim Bakker foi um cristão insincero. Portanto todos os cristãos são insinceros."

Convertendo Uma Condicional
Essa falácia é um argumento da forma "se A então B, portanto se B então A".
"Se os padrões educacionais são rebaixados, a qualidade do argumento visto na internet piora. Então se nós vermos o nível de debate na net piorar nos próximos anos, nós iremos saber que nossos padrões educacionais ainda estão caindo."
Essa falácia é similar à Afirmação do Conseqüente, mas fraseada como uma afirmação condicional.


Cum Hoc Ergo Propter Hoc
Essa falácia é similar a Post Hoc Ergo Propter Hoc. A falácia é afirmar que por causa de dois eventos ocorrerem juntos, eles devem estar relacionados. É uma falácia porque ignora outros fatores que podem ser a(s) causa(s) dos eventos.
"Os níveis de literatura caíram constantemente desde o advento da televisão. Claramente ver televisão impede o aprendizado."
Essa falácia é um caso especial da falácia mais comum Non Causa Pro Causa.


Negação do Antecedente
Essa falácia é um argumento da forma "A implica B, A é falso, portanto B é falso". A tabela verdade para implicações mostra claramente porque isso é uma falácia.

Note que essa falácia é diferente da Non Causa Pro Causa. Que também tem a forma "A implica B, A é falso, portanto B é falso", onde A não implica de fato B. Aqui, o problema não é que a implicação é inválida, mas que a falsidade de A não permite deduzir nada sobre B.
"Se o Deus da Bíblia aparecesse pra mim, pessoalmente, isso iria certamente provar que o cristianismo é verdade. Mas Deus nunca apareceu pra mim, então a Bíblia deve ser um trabalho de ficção."
Esse é o contrário da falácia de Afirmação do Conseqüente.


A Falácia de Acidente / Generalização Arrasadora / Dicto Simpliciter
Uma generalização arrasadora ocorre quando uma regra geral é aplicada a uma situação em particular, mas as características dessa situação em particular significam que a regra é inaplicável. É o erro feito quando você vai do geral ao específico. Por exemplo:
"Cristãos geralmente não gostam de ateus. Você é um cristão, então você não deve gostar de Ateus."
Essa falácia é muitas vezes cometida por pessoas que tentam decidir questões morais ou legais ao aplicar mecanicamente regras gerais.


Falácia de Divisão
A falácia da divisão é o oposto da Falácia de Composição. Consiste em assumir que uma propriedade de alguma coisa deve se aplicar às suas partes, ou que uma propriedade de uma coleção de itens é compartilhada por cada item.
"Você está estudando em um colégio rico. Portanto você deve ser rico."
"Formigas podem destruir uma árvore. Portanto essa formiga pode destruir uma árvore."

Equívoco / Falácia de Quatro Termos
Equívoco ocorre quando uma palavra chave é usada com dois ou mais significados diferentes no mesmo argumento. Por exemplo:
"O que poderia ser mais acessível do que software livre? Mas para ter certeza de que continuará grátis, que usuários podem fazer o que eles quiserem com ele, nós devemos por uma licença nele para ter certeza de que sempre será livremente distribuído."
Aqui, software livre não significa necessariamente software grátis. Uma maneira de evitar essa falácia é escolher sua terminologia cuidadosamente antes de começar o argumento, e evitar palavras como "livre/grátis" que têm muitos significados.


A Analogia Estendida
A falácia da analogia estendida ocorre quando alguma regra geral sugerida está sendo argumentada. A falácia é assumir que mencionando duas situações diferentes, em um argumento sobre uma mesma regra geral, constitui uma exigência que essas situações são análogas entre si.

Aqui está um exemplo real de um debate on-line sobre legislação anti-criptografia:
"Eu acredito que é sempre errado se opor à lei violando-a."
"Tal posição é odiosa: implica que você não iria ter apoiado Martin Luther King."
"Você está insinuando que a legislação de criptografia é tão importante quanto a luta pela liberdade dos negros? Como se atreve ?!"

Ignoratio Elenchi / Conclusão Irrelevante
A falácia de Conclusão Irrelevante consiste em exigir que um argumento suporte uma conclusão em particular, quando na verdade não tem logicamente nada a ver com a conclusão.

Por exemplo, um cristão pode começar dizendo que ele irá argumentar que os ensinamentos do cristianismo são indubitavelmente verdadeiros. Se ele então argumentar no percurso que o cristianismo é de grande ajuda a muitas pessoas, não interessa quão bem ele argumente, ele não irá ter mostrado que os ensinamentos do cristianismo são verdadeiros.

Tristemente, esse tipo de argumentos irrelevantes são freqüentemente bem sucedidos, porque eles fazem muitas pessoas verem a suposta conclusão de uma perspectiva mais favorável.


A Falácia da Lei da Natureza / Apelo à Natureza
O Apelo à Natureza é uma falácia comum em argumentos políticos. Uma versão consiste em desenhar uma analogia entre uma conclusão em particular, e alguns aspectos do mundo natural, e então afirmar que a conclusão é irrefutável, porque o mundo natural é similar:
"O mundo natural é caracterizado pela competição. Animais lutam uns contra os outros por posse de recursos naturais limitados. O capitalismo, a luta competitiva por posse de capital, é simplesmente uma parte inevitável da natureza humana. É como o mundo natural funciona."
Outra forma de apelar à natureza é argumentar que por causa dos humanos serem produtos do mundo natural, nós devemos imitar o comportamento observado nesse mundo natural, e que fazer diferente é uma aberração.
"Claro que a homossexualidade não é natural. Quando foi a última vez que você viu dois animais do mesmo sexo acasalando?"
Um exemplo de apelo à natureza é o Unabomber Manifesto.


A Falácia "Nenhum Escocês de Verdade..."
Suponha que eu afirme que nenhum escocês põe açúcar no mingau. Você retruca dizendo que seu amigo Angus gosta de açúcar no seu mingau. Eu então digo "Ah, sim, mas nenhum escocês de verdade põe açúcar no mingau."

Esse é um exemplo de um Ad Hoc modificado sendo usado para reforçar uma afirmação, combinado com uma tentativa de mudar o sentido das palavras usadas na afirmação original. Você pode chamar isso de combinação de falácias.


Non Causa Pro Causa
A falácia Non Causa Pro Causa ocorre quando alguma coisa é identificada como a causa de um evento, mas não foi realmente demonstrada ser a causa. Por exemplo:
"Eu tomei uma aspirina e rezei pra Deus, e minha dor de cabeça desapareceu. Então Deus me curou da dor de cabeça."
Isso é conhecido como uma falácia da falsa causa. Duas formas específicas de falácia non causa pro causa são as falácias cum hoc ergo propter hoc e post hoc ergo propter hoc.


Non Sequitur
Um non sequitur é um argumento onde a conclusão parte de premissas que não estão logicamente conectadas com ela. Por exemplo:
"Já que Egípcios fizeram tantas escavações para construir as pirâmides, eles foram especialistas em paleontologia."
(Non sequiturs são um ingrediente muito importante no humor. Elas continuam a ser falácias, entretanto.)


Petitio principii (Implorando pela pergunta)
Essa falácia ocorre quando as premissas são pelo menos tão questionáveis quanto a conclusão alcançada. Tipicamente as premissas do argumento implicitamente assumem o resultado que o argumento tenta provar. Por exemplo:
"A Bíblia é a palavra de Deus. A palavra de Deus não pode ser duvidada, e a Bíblia diz que a Bíblia é a verdade. Portanto, a Bíblia deve ser verdade"
Implorar pela pergunta é similar ao circulus in demonstrando, onde a conclusão é exatamente a mesma da premissa.


Plurium Interrogationum / Muitas Perguntas
Essa falácia ocorre quando alguém exige uma resposta simples (ou simplística) para uma pergunta complexa.
"Mais impostos são ou não são um obstáculo para os negócios? Sim ou não?

Post hoc ergo propter hoc
A falácia do post hoc ergo propter hoc ocorre quando assume-se alguma coisa como sendo a causa de um evento meramente porque aconteceu antes desse evento. Por exemplo:
"A União Soviética colapsou após instituir o ateísmo estadual. Portanto nós devemos evitar o ateísmo pelas mesmas razões."
Esse é outro tipo de falácia de falsa causa.

Isca
Essa falácia é cometida quando alguém introduz material irrelevante ao assunto sendo discutido, e então a atenção de todos é divergida dos pontos feitos, para uma conclusão diferente.
"Você pode dizer que a pena de morte seja um dissuasivo ineficaz contra o crime - mas quanto as vítimas do crime? Como você acha que a família das vítimas se sentem quando vêem o homem que matou seu filho mantido na prisão às suas custas? É certo que eles devam pagar para que o assassino de se filho seja acolhido e alimentado?"

Reificação / Hipoestatização
Reificação ocorre quando um conceito abstrato é tratado como uma coisa concreta.
"Eu percebi que você descreveu ele como ‘mal’. Onde esse ‘mal’ existe no cérebro? Você não pode mostrar isso para mim, então eu digo que isso não existe, e nenhum homem é ‘mal.’"

Inverter o ônus da prova
O ônus da prova está sempre na pessoa afirmando algo. Invertendo o ônus da prova, um caso especial de Argumentum Ad Ignorantiam, é a falácia de pôr o ônus da prova na pessoa que nega ou questiona a declaração. A fonte da falácia é a suposição de que algo é verdade até que se prove o contrário.
"OK, então se você não pensa que alienígenas cinzas tomaram o controle do governo dos EUA, você pode provar isso?"

O argumento da descida escorregadia
Esse argumento afirma que se um evento ocorrer, da mesma forma iraão outros eventos prejudiciais. Não há prova que os eventos prejudiciais são causados pelo primeiro evento. Por exemplo:
"Se nós legalizarmos a maconha, então mais pessoas iriam começar a tomar crack e heroína, e nós teríamos que legalizar eles também. Antigamente nós tínhamos uma nação cheia de viciados na assistência social. Portanto nós não podemos legalizar a maconha."
Espantalho
A falácia do espantalho ocorre quando você deturpa a posição de alguém de forma que ela possa ser atacada mais facilmente, derrube essa posição deturpada, e então concluir que a posição original foi vencida. Isso é uma falácia porque evita lidar o real argumento feito originalmente.
"Para ser um ateu, você têm que acreditar com absoluta certeza que não há um Deus. Para se convencer com absoluta certeza, você deve examinar todo o universo e todos os lugares onde Deus poderia estar. Já que você obviamente você o fez, sua posição é indefensável."

Tu Quoque
Essa é a famosa falácia "você também". Ocorre quando você argumentar que uma ação é aceitável porque seu oponente também a fez. Por exemplo:
"Você está sendo abusivo a esmo."
"E daí? Você vem sendo abusivo também."
Isso é um ataque pessoal, e é portanto um caso especial de Argumentum Ad Hominem.


Falácia do meio Não distribuído / Falácias "A é baseado em B" / Falácias "...é um tipo de..."
Essas falácias ocorrem se você tentar argumentar que coisas são similares de alguma maneira, mas você não especifica de fato como elas são similares. Exemplos:
"A história não é baseada na fé? Se é, então a bíblia não é também uma forma de história?"
"O Islã é baseado na fé, o cristianismo é baseado na fé, então o Islã não é uma forma de cristianismo?"
"Gatos são animais com base carbono. Cães são animais com base carbono. Então os cães não são um tipo de gato?"
[EoF]
Se você leu até aqui, parabéns! Espero que sirva pra alguma coisa. Se houvesse o Troféu Darkside de Paciência, eu ganharia nesse post





Locutus is offline   Reply With Quote
marconds
PHD em Dota 2
 

05-10-08, 13:05 #2
opa
tive isso na faculdade, em aula de redação e expressão oral
muito bom rever até porque eu não lembro direito
valeu

marconds is offline   Reply With Quote
NeckrO
Trooper
 

05-10-08, 13:14 #3
otima iniciativa, vou ter que sair agora mas ja copiei pro pc aqui e lerei com calma depois!
teinquis!

NeckrO is offline   Reply With Quote
Gerson
Trooper
 

05-10-08, 14:14 #4
Eu vou ler assim que passar a ressaca.

Gerson is offline   Reply With Quote
XtremE
death and taxes
 

05-10-08, 14:49 #5
leio depois pq tenho q ir votar agora, mas parece bom...

recomendo tbm a leitura deste livrinho "'COMO VENCER UM DEBATE SEM PRECISAR TER RAZAO - EM 38 ESTRATAGEMAS (DIALETICA ERISTICA)" é uma tradução (e desenvolvimento) do Olavo de Carvalho para a Erística do Schopenhauer... o título é meramente sugestivo pois a verdadeira proposta do livro é identificar as técnicas da Erística (vs. Dialética) no discurso de quem se utiliza delas...

XtremE is offline   Reply With Quote
krusty
Trooper
 

Steam ID: krystu86
05-10-08, 15:14 #6
Vou ler assim que sair o resultado das eleições.

krusty is offline   Reply With Quote
didz
#NPNÃO
 

Gamertag: Stefan Prestes PSN ID: stefanprestes XFIRE ID: exxhail Steam ID: didz
05-10-08, 15:39 #7
hehe
vc lê tudo isso, estuda, argumenta, escreve, aplica aqui no ds

daí vem o many e posta " (1) "
:<

didz is offline   Reply With Quote
ZeroCarontE
Trooper
 

05-10-08, 15:54 #8
e se vcs perceberem, qualquer discussao em qq lugar tem pelo menos 1 falacia

ZeroCarontE is offline   Reply With Quote
Erika
Trooper
 

05-10-08, 20:45 #9
Fiz uma prova sobre as falácias e silogismos, as regras, as falácias todas ai aohaohao maior das decorebas, me descabelei, tive que achar 10 falácias diferentes no filme 12 homens e uma sentença....

E esse das premissas com V ou F eu aprendi no cursinho pra concurso na parte lógica tb

Pensa numa pessoa que n gosta disso... sou eu ahoahoahoaho

Mas tomara q eu tenha ido bem na prova ehhhee

Erika is offline   Reply With Quote
Alexandre
Trooper
 

05-10-08, 20:51 #10
falem sobre logicas para-consistentes agora

Alexandre is offline   Reply With Quote
Tannark
Trooper
 

05-10-08, 21:18 #11
Falemos agora de como a lógica é terrivelmente ineficiente quando o objetivo é convencer pessoas.

Tannark is offline   Reply With Quote
vegetous
Trooper
 

XFIRE ID: carniceiru
05-10-08, 22:42 #12
Alguém faz um resumo de no máximo 10 linhas e grava um mp3 pra mim por favor!

vegetous is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

06-10-08, 00:21 #13
Quote:
Postado por Tannark Mostrar Post
Falemos agora de como a lógica é terrivelmente ineficiente quando o objetivo é convencer pessoas.
Isso depende terrivelmente das pessoas com você está conversando

como diria schopenhauer: tente usar a lógica com quem é racional. Se o cara só entende na porrada, então você tem que usar porrada.

Por isso ele fez o livro "a arte de ter razão". É justamente para os casos em que você tem que "ganhar a discussão" de um boçal. E ele deixa isso bem claro no prefácio.

Baron is offline   Reply With Quote
Tweek
Trooper
 

Gamertag: diogorighi
06-10-08, 08:11 #14
interessante. onde eu compro?

Tweek is offline   Reply With Quote
serjaum
Master Chief
 

Gamertag: serjaum
06-10-08, 08:36 #15
Quote:
Postado por vegetous Mostrar Post
Alguém faz um resumo de no máximo 10 linhas e grava um mp3 pra mim por favor!
huiheuiaheia eu nao li.....e nem ia comentar nada...mas esse reply foi engraçado eauheua

serjaum is offline   Reply With Quote
RedTrap
Trooper
 

06-10-08, 08:42 #16
parece ser interessante... vlw pelo topico
mas .. mt grande...
um dia qm sabe ^^

RedTrap is offline   Reply With Quote
u3663
Trooper
 

06-10-08, 08:45 #17
Baron,

Infelizmente existem pessoas racionais que acreditam em falacias.

Quantas pessoas inteligentes que se dedicam e se especializam em argumentos bobos sem qualquer explicação exata ou lógica?

Btw, ótimo topico Locutus. Meu sincero +zin pra você.

u3663 is offline   Reply With Quote
Marcelo
Trooper
 

Steam ID: cabelo
06-10-08, 08:55 #18
Quote:
Postado por didz Mostrar Post
hehe
vc lê tudo isso, estuda, argumenta, escreve, aplica aqui no ds

daí vem o many e posta " (1) "
:<
(1)












Marcelo is offline   Reply With Quote
marcelob23
Trooper
 

06-10-08, 08:56 #19
+

marcelob23 is offline   Reply With Quote
Tweek
Trooper
 

Gamertag: diogorighi
06-10-08, 09:48 #20
Imprimi aqui no trabalho e comecei a ler. Muito bom!
Pena que acabou a tinta na página 8
Depois imprimo o resto e termino de ler.
+zin

Tweek is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

06-10-08, 14:09 #21
Quote:
Postado por Saico Mostrar Post
Baron,

Infelizmente existem pessoas racionais que acreditam em falacias.

Quantas pessoas inteligentes que se dedicam e se especializam em argumentos bobos sem qualquer explicação exata ou lógica?

Btw, ótimo topico Locutus. Meu sincero +zin pra você.
eheheh

mas essas pessoas se enquadram no grupo de "pessoas racionais"?

De acordo com a própria significação de "racional", essas pessoas não se enquadram.

E racional não é a mesma coisa que inteligente. Mas nem um pouco. São duas coisas COMPLETAMENTE diferentes.

Tem um monte de gente inteligente que não é racional. Logo, elas não são racionais! heuehu

Baron is offline   Reply With Quote
OrGg
Trooper
 

Gamertag: Orggbr29
06-10-08, 14:57 #22
Quote:
Postado por Baron Mostrar Post
eheheh

mas essas pessoas se enquadram no grupo de "pessoas racionais"?

De acordo com a própria significação de "racional", essas pessoas não se enquadram.

E racional não é a mesma coisa que inteligente. Mas nem um pouco. São duas coisas COMPLETAMENTE diferentes.

Tem um monte de gente inteligente que não é racional. Logo, elas não são racionais! heuehu
RÁ!!!! detecto falacias no seu reply!!!!

<master_of_obvious.jpeg>

e pro many: (1)

OrGg is offline   Reply With Quote
Baron
Trooper
 

06-10-08, 14:59 #23
oloco, não diz isso.

Baron is offline   Reply With Quote
denial
Banned
 

06-10-08, 15:02 #24
tl;dr



Brincadeira. Show de bola! Deve ter dado uma trabalheira....

denial is offline   Reply With Quote
CroNicaL
Trooper
 

Steam ID: cron1cal
06-10-08, 15:24 #25
É um ótimo material para qualquer um, mas sinceramente eu não estou com disposição nesse momento para ler o material.

Mas você tocou num ponto importante e que tem ocorrido bastante aqui na DS, a presença de "falastrões". Não foram poucas vezes que entrei em um TOPIC e desisti de participar devido ao baixo nível de participação de alguns membros.
Não acho que essas famosas figurinhas carimbadas sejam pessoas ignorantes, talvez até saibam toda a lógica de argumentação, tenham total domínio no assunto discutido e sejam excelentes no "Português". Nesses famosos casos, talvez fosse mais útil indicar um manual sobre educação, respeito e cidadania.
Todos tem seu papel na sociedade e todos podem cumpri-lo.

CroNicaL is offline   Reply With Quote
seuboi
manboipig
 

Steam ID: seuboi
06-10-08, 17:58 #26
Simplesmente excelente!

btw, ri nesse finalzinho:
"Gatos são animais com base carbono. Cães são animais com base carbono. Então os cães não são um tipo de gato?"

aiuheaiuehaieae, pensar q isso é mais comum do q se imagina :b

seuboi is offline   Reply With Quote
Acid
Trooper
 

Steam ID: acid06
06-10-08, 19:47 #27
legal, depois quando tiver tempo leio tudo...

infelizmente, é mais fácil convencer a maioria das pessoas usando falácias do que a razão... e as pessoas que entendem a razão normalmente, já têm uma opinião correta e não precisam de ser convencidas... =/

Acid is offline   Reply With Quote
gusto
Trooper
 

06-10-08, 19:59 #28
"discursões" foi de doer.

gusto is offline   Reply With Quote
Bombastic
The Alpha Male
 

06-10-08, 21:48 #29
opa li tudo locutus
ja tinha lido o texto original e a traducao
sua traducao ficou bem melhor que aquela primeira que esta nos 4 cantos da interwebs

parabens velho
temo q toma uma cerveja pra comemorar ehurahru(tudo eh motivo de cerveja)

Bombastic is offline   Reply With Quote
Locutus
Trooper
 

06-10-08, 22:03 #30
Gusto, so sorry :$ Falha nossa.

Bomba, fui alocado na GM de São Caetano! Agora os horários terão q ser um pouco mas tarde, mas tá de pé!!! Que tal amanhã? :P Abre um tópico aew

Locutus is offline   Reply With Quote
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