Trooper
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Free - o Futuro dos Preços
06-11-09, 12:28
#1
O que Youtube, a banda Calypso e The Wall Street Journal tem em comum?
Todos exploram o poder do grátis para ganhar dinheiro. Em seu novo livro, Free - Grátis: o Futuro dos Preços, que será lançado este mês no Brasil, Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, afirma que o mundo dos negócios deve parar de lutar contra o inevitável e escolher a melhor forma de lucrar com modelos gratuitos. Segue trecho do livro: Em uma agitada esquina em São Paulo, Brasil, camelôs vendem os últimos lançamentos do “tecnobrega”, incluindo uma banda de sucesso chamada Banda Calypso. A música “brega”, originada no Pará, um estado pobre do Norte do país, é um som de festa turbulento, que mistura música tradicional brasileira com batida tecno. Como os CDs vendidos pela maioria dos camelôs, não se trata de produtos oficiais de uma grande gravadora. Mas também não são ilícitos. Os CDs são criados por estúdios de gravação locais, que tendem a ser de propriedade de DJs locais. Eles, por sua vez, obtêm os originais da própria banda, além da arte da capa. Os DJs locais trabalham com promotores de festas, camelôs e estações de rádio locais para promover os shows. Algumas vezes, os DJs locais atuam em todas essas áreas, produzindo, vendendo e promovendo os CDs para os shows que eles mesmos organizam. A Banda Calypso não se importa de deixar de ganhar dinheiro com isso, porque a venda de discos não é sua principal fonte de renda. Na verdade, a banda está no negócio de shows — e é um bom negócio. Viajando de uma cidade à outra, sempre precedida por uma onda de CDs superbaratos, a Banda Calypso é capaz de lotar centenas de shows por ano. Em geral, a banda se apresenta duas ou três vezes a cada final de semana, viajando pelo país de micro-ônibus ou barco. Mas as viagens não são só por estradas ou rios. Hermano Vianna, antropólogo e estudioso da música brasileira, conta uma história sobre a Banda Calypso para ilustrar seu sucesso. Enquanto planejava um perfil da banda para um programa da TV Globo, Vianna ofereceu um avião da Globo para transportar a banda para um show em uma região remota do país. A resposta da Banda Calypso: não precisa, nós temos nosso próprio avião. Em certo sentido, os camelôs se tornaram a equipe de reconhecimento em cada cidade que a Banda Calypso visita. Eles podem ganhar dinheiro com os CDs de música, que chegam a vender por apenas U$0,75 e, por sua vez, dão grande visibilidade aos CDs. Ninguém pensa nos CDs baratos dos camelôs como pirataria. É só marketing, usando a economia das ruas para gerar credibilidade e destaque. Como resultado, quando a Banda Calypso chega à cidade, todo mundo já conhece suas músicas. A banda recebe enormes multidões em seus eventos, nos quais cobra não somente pela entrada, mas também pela comida e a bebida. O pessoal da banda também grava o show e queima CDs e DVDs no local, vendendo-os por cerca de US$2, de modo que os espectadores podem assistir ao show que acabaram de ver. Mais de 10 milhões de CDs da Banda Calypso foram vendidos, em sua maioria não pela própria banda. E eles não estão sozinhos. Agora, a indústria do tecnobrega inclui centenas de bandas e milhares de shows por ano. Um estudo realizado por Ronaldo Lemos e seus colegas do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro revelou que, entre os shows e a música, essa indústria gera Cerca de 90% das bandas não têm contrato de gravação nem gravadora. Elas não precisam disso. Deixar que os outros tenham acesso gratuito à música gera uma indústria maior do que a cobrança pela música jamais conseguiria. Isso é algo que o Brasil sabe melhor do que a maioria: seu ministro da cultura até 2008, a celebridade da música pop Gilberto Gil, lançou sua música sob uma licença gratuita da Creative Commons (inclusive em um CD que distribuímos de graça com a Wired). Como ocorre na China, a atração do Grátis no Brasil se estende além da música. Em 1996, em resposta ao alarmante índice de casos de Aids no Brasil, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso garantiu a distribuição de novos coquetéis de medicamentos a todos os portadores de HIV no país. Cinco anos mais tarde, com o número de casos de Aids caindo, ficou claro que o plano era bom, mas — aos preços sendo cobrados pelos medicamentos patenteados contidos no coquetel — absolutamente insustentável. Então, o ministro da saúde do Brasil procurou os principais detentores das patentes, a gigante farmacêutica americana Merck e a empresa suíça Roche, e pediu desconto porvolume. Quando as empresas negaram, o ministro aumentou a aposta. De acordo com a lei brasileira — ele informou às empresas —, era dele o poder, em caso de emergência nacional, de licenciar laboratórios locais para produzir medicamentos patenteados, sem a necessidade de pagar pelos direitos, e ele exerceria esse direito, caso fosse necessário. As empresas cederam e os preços caíram mais de 50%. Hoje em dia, o Brasil tem uma das maiores indústrias de medicamentos genéricos do mundo. Não grátis, mas livres de direitos autorais, uma abordagem aos direitos de propriedade intelectual que a indústria compartilha com os DJs do tecnobrega. E o Brasil também é líder global do software livre. 0 país construiu a primeira rede de caixas eletrônicos do mundo baseada no Linux. A principal diretriz do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação é promover a adoção do software livre em todo o governo e, no final, por toda a nação. Ministérios e escolas estão migrando para sistemas de código aberto. E, nos programas de “inclusão digital” do governo -voltados a levar acesso a computadores aos 80% dos brasileiros que ainda não têm sequer um aparelho —, o Linux é a regra. “Cada licença para o Office mais o Windows no Brasil — um país no qual 22 milhões de pessoas estão morrendo de fome — significa que teremos de exportar 60 sacas de soja”, Marcelo D’Elia Branco, coordenador do Projeto Software Livre do país, disse ao escritor Julian Dibbell. Desse ponto de vista, o software livre não é bom apenas para os consumidores; é bom para a nação. Retirado da Revista Info Exame. Sei lá, nunca senti tanto orgulho de ser brasileiro, nunca acreditei tanto nesse pais. Terceiro mandato já! |
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Trooper
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06-11-09, 13:06
#2
a grande pergunta eh: o dinheiro economizado com o uso de software livre, eh convertido em beneficio da populacao?
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Trooper
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06-11-09, 13:12
#3
E se MS resolver dar o Windows pro usuario caseiro e aumentar os preços para empresas?
Vai ganhar com o gratis tb. |
Trooper
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06-11-09, 14:17
#4
Não existe nada grátis. Se você não está pagando por algo, é porque alguém já pagou, ou ainda vai pagar...
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Banned
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06-11-09, 14:17
#5
Quote:
Verba economizada ----->> Investimento em tecnologia ou outros setores (tanto pessoal como equipamentos) ------> empresa fica mais rápida e eficiente --->> empresa produz mais --->> maior volume de impostos ( ipi ou iss) e mais pessoas contratadas (imposto de renda, inss, fgts). Essa é a lógica , dae cabe o governo saber alocar bem essa nova demanda de recursos. dae sua pergunta -->> Eh convertido em beneficio da população? R: Comece a pensar melhor antes de votar! (não foi pessoal, e sim pra toda populção brasileira) |
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Trooper
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06-11-09, 14:22
#6
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spkr
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06-11-09, 14:44
#7
Quote:
O que tá acontecendo é que o modelo de negócios tá mudando pra algo mais justo. O custo tá saindo da mão de quem consome e tá indo parar com quem lucra em cima. Cada vez mais as coisas tão se tornando comercializáveis apenas com publicidade. |
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Trooper
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06-11-09, 15:16
#8
Quote:
Leia de novo o exemplo do Calypso. Eles não cobram dos camelôs, a música sai quase de graça, mas eles aumentam o volume de shows e ganham a grana deles. Não é a questão do grátis por grátis, e sim forma de re-pensar o processo de venda como um todo oferecendo vantagens para aumentar sua base de consumidores e cobrando menos faturar mais... É que nem aquele pensamento que reduzir imposto, é reduzir as receitas do governo, qdo inúmeros estudos mostram que a redução do impostos, pode na verdade aumentar a arrecadação trazendo os sonegadores para dentro da legalidade. |
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Trooper
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06-11-09, 15:43
#9
SIm...
Alguem vai pagar ! |
Banned
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06-11-09, 15:45
#10
FODA-SE OS MILHOES ECONOMIZADOS COM SOFTWARE LIVRE SE O SERPRO TA DE GREVE E TÃO TENTANDO DAR O TOMBO NOS TRABALHADORES.
a empresa deu 250 milhoes de lucro e os trabalhadores não têm direito a PLR? |
Trooper
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06-11-09, 23:25
#11
Quote:
Música é um bem de experiência, altamente dependente de interação social e completamente replicável como produto digital. A quebra de direitos autorais pode ser altamente positiva para o Calypso, na medida em que ela aumenta a base de fãs e admiradores, que são consumidores de shows. Até aí tudo bem, porém a pirataria não é condição necessária para que isso aconteça. Uma banda pode lucrar igualmente usando estratégias totalmente legalizadas, por exemplo uma que não inclua sonegação fiscal, como certamente é o caso dos cds vendidos em banquinhas no Amazonas e no Amapá. Ou alguém aqui acha que eles emitem nota fiscal para cada cd vendido? Já o software livre é um substituto imperfeito do software pago. Isso significa que as pessoas tendem a adotar o software livre não na mesma medida em que abandonam o uso de software pago. De fato, estamos vendo o aumento do uso de software livre há algum tempo, mas o consumo de software pago continua mais ou menos estável. Exemplo: quantas pessoas vc conhece que já usaram linux pelo menos uma vez na vida? e quantas vc conhece que continuam usando linux como ÚNICO sistema operacional até hoje? O grande problema do software é que é um tipo de produto digital que depende de massa crítica para que possa ser adotado efetivamente. Enquanto um software tenha uma base de usuários pequena, as chances de que ele venha a dominar o mercado são pequenas, por questões de padronização, documentação e compatibilidade. Num cenário como esse as pessoas tendem a permacer dentro dos padrões mais antigos já estabelecidos, por exemplo usando windows no lugar do linux e o office em vez do open office. O Bill Gates saiu na frente, e contanto que ele não faça nenhuma cagada monumental, tenderá a permanecer lá simplesmente por ter inventado os padrões aos quais hoje todos nós estamos acostumados. Mesmo porque a Microsoft já adota a estratégia de diferenciação de preço (formalmente e informalmente) há muito tempo. A maioria dos usuários caseiros de Windows dos países subdesenvolvidos NUNCA teve uma licença original na vida, e o fabricante sabe disso. Só inventou o WGA para deixar claro que sabe disso, mas mesmo assim permite que as pessoas continuem usando. Sim, ela permite, caso contrário bloquearia todos os windows piratas do mundo da mesma forma que bloqueou os XBOX no halloween... eles só não fazem isso por uma questão de dominância. O resto é delírio do presidente Lula. Já o medicamento genérico é o problema mais sério dos três, porque a quebra de patente de um medicamento de marca o torna um substituto perfeito. Ou seja, para cada unidade de medicamento genérico vendida, uma unidade do medicamento de marca DEIXA de ser vendida. Proporção exata. O problema é que os grandes laboratórios de marca patrocinam pesquisas de novos medicamentos, enquanto os laboratórios que produzem genéricos apenas imitam as fórmulas já descobertas. Existem pilhas de estudos sobre pirataria provando que em casos como esse, a pirataria aumenta o consumo do bem pirateado no curto prazo (o que pode ser bom para os doentes agora) mas compromente o ritmo de inovação da indústria como um todo no longo prazo. Então eu tenho minhas dúvidas se o governo realmente sabe o que está fazendo com a indústria farmacêutica do pais ao incentivar laboratórios a quebrar patentes em massa, ao invés de investir pesadamente em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos 100% nacionais. Mesmo porque, caso um dia o Brasil desenvolva um medicamento realmente revolucionário, estarão abertos os precedentes para que nós também sejamos alvos de quebra de patente. Na minha modesta opinião, nenhum desses casos tem a ver com "gratuidade", mesmo porque a rigor não existe NADA no mundo gratuíto. Talvez apenas o ar que você respira, e mesmo assim tenho minhas dúvidas. O modelo do Youtube e do Google seria mais apropriado para esse tipo de análise, mas mesmo assim eu não acho um modelo muito diferente do que as rádios e tvs adotam há décadas. O entretenimento é gratuito, mas o preço é a atenção do telespectador quando chega a hora da propaganda... só mudaram os formatos da propaganda. Last edited by Eon; 06-11-09 at 23:39.. |
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Trooper
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06-11-09, 23:36
#12
Quote:
foda-se vc q se matou de trabalhar |
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Trooper
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07-11-09, 12:28
#13
Já faço isso com produtos da Microsoft, mesmo sem o consentimento expresso desta.
Next... |
Trooper
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07-11-09, 13:52
#14
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🌀 Trooper
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07-11-09, 15:09
#15
Nossa eon, vc fala como se o brasileiro fosse um grande consumidor de produto original. Atualmente, com o boom dos laptops, o consumo de windows original aumentou, mas até hoje só conheci 2 pessoas que compraram o windows original por pura expontânea vontade.
Até hoje o uso do software pago é grande, mas não necessariamente quer dizer que é legítimo. quantas são as pessoas que tem um office ou um versão posterior do windows em seus computadores de forma ilegal? Muitos! O software livre tem crescido e muito dentro das empresas, enquanto no uso caseiro ainda é muito baixo, até mesmo com os notebooks em linux tem sido pouco adotados de fato. Em algum dia, essa massa pode vir a aumentar, quando distros como ubuntu forem mais amigáveis do que elas já são. |
spkr
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07-11-09, 16:47
#16
faz quase dois anos que to com um projeto e nunca comprei uma licença
fato na comunidade de desenvolvedores é quase um absurdo pagar pra usar software, mas é tudo muito colaborativo, dá gosto de fazer parte |
Trooper
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08-11-09, 01:08
#17
Quote:
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🌀 Trooper
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08-11-09, 01:30
#18
é pq me prendi a isso:
Quote:
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